Resultado primário ficou negativo em R$ 45,223 bilhões no mês passado
Por Wellton Máximo|Agência Brasil
Em junho de 2023, o Governo Central (que inclui Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou o maior déficit primário para meses de junho em dois anos. O resultado foi negativo em R$ 45,223 bilhões, em comparação ao superávit de R$ 14,588 bilhões obtido no mesmo mês de 2022. O déficit também foi pior do que o esperado pelas instituições financeiras, que previam um resultado negativo de R$ 34,1 bilhões em junho.
Sem considerar as receitas da concessão da Eletrobras e os dividendos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as receitas do governo despencaram em junho. As receitas líquidas caíram 23,8% em relação ao mesmo mês do ano passado em valores nominais, com uma queda de 26,1% quando descontada a inflação. Enquanto isso, as despesas totais aumentaram 8,2% em valores nominais e 4,9% após o desconto da inflação.
A explicação para a queda nas receitas foi a ausência de recursos extraordinários que entraram no caixa no ano anterior, mas não se repetiram em 2023. Por exemplo, no ano passado, foram pagos R$ 27,5 bilhões da concessão de usinas hidrelétricas pertencentes à Eletrobras, que foram privatizadas em junho de 2022. Além disso, o BNDES pagou R$ 19,5 bilhões em dividendos à União no mesmo mês, enquanto em junho de 2023, nenhum dividendo foi pago.
As receitas administradas, relativas ao pagamento de tributos, também tiveram uma redução de 4,9% em junho em comparação ao mesmo mês do ano anterior, já descontada a inflação. As maiores quedas ocorreram no Imposto de Renda Pessoa Jurídica e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, devido ao pagamento extraordinário de tributos sobre o lucro de empresas em 2022 que não se repetiu em 2023.
Por outro lado, os gastos com programas sociais aumentaram, impulsionados pelo novo Bolsa Família, com um aumento de R$ 8,2 bilhões acima da inflação em junho em relação ao mesmo mês do ano anterior. Os gastos com a Previdência Social também subiram em R$ 11,57 bilhões devido ao pagamento do décimo terceiro a aposentados e pensionistas que voltou ao calendário tradicional em 2023.
O governo federal investiu R$ 22,3 bilhões nos primeiros seis meses de 2023, um aumento de 9,4% acima da inflação em relação ao mesmo período de 2022.
O déficit primário representa a diferença entre as receitas e os gastos, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. As previsões para o déficit primário deste ano foram revisadas pelo governo, que informou que a previsão oficial está em R$ 145,4 bilhões, sendo que a meta estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias era de R$ 231,5 bilhões para o Governo Central.