redacao@jornaldosudoeste.com

PRUDENTE DE MORAES PRESIDENTE DA REPÚBLICA  1894-1898

Publicado em

Currículo: Deputado Provincial de São Paulo por três mandatos: 1868-1869; 1878-1879 e 1881-1882;  membro da Junta Governativa Paulista 1889; Presidente [governador] de São Paulo 1889- 1890; Presidente da Assembleia Nacional Constituinte  de  1890 – 1891;  Senador por São Paulo  1890 – 1894;  presidente do Senado Federal:  1891 – 1894; Terceiro presidente do Brasil  1894-1898; Vice-presidente Manuel Vitorino ; Antecessor Floriano Peixoto.  Floriano Peixoto assumiu a presidência  da República, na qualidade de vice, após a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca em 23/11/1891.

Na 1ª eleição direta para Presidente da República em 1894, os analfabetos e as mulheres não  tinham permissão para votarem. A  Lista com o resultado final da votação trouxe 205 nomes, dentre eles Afonso Pena, Cesário Alvim, Ruy Barbosa, Almeida Couto,  Lauro Sodré, Silveira Martins e outros. O resultado da votação  dessa eleição,  consta que dos 351 mil votos totais, Prudente de Moraes, recebeu 291 mil e se elegeu presidente.

Prudente de Moraes  foi o primeiro civil eleito em 1894,  para ser o 3º  presidente do Brasil,  sendo  o primeiro a ser  escolhido pelo voto direto.  Os dois anteriores eram militares.

O deputado Flavio Araújo (BA), contestou a lisura da eleição, uma surpresa para os demais parlamentares, porquanto a sessão do Congresso transcorria com tranquilidade e  em paz.  Estavam, portanto,  habilitados  para oficializar a vitória do Presidente Prudente de Moraes que recebeu 83% dos votos na primeira eleição direta para presidente. A sessão foi realizada no Palácio Conde dos Arcos, a sede do Senado,  causou   um tumulto generalizado,  de reação contra  do deputado Flavio Araújo. Enquanto ele  discursava, os demais parlamentares exaltados e  contrariados,  o rechaçavam aos gritos.   O senador Ubaldino do Amaral (PR), presidente da sessão, por várias vezes, tentou restaurar a ordem.

O deputado Flavio Araujo argumentou que a eleição deveria ser anulada por três motivos:

Relatou: Em primeiro lugar  o Sul do país não votou, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, foram impedidos de votar, por causa do Estado de Sítio imposto em reação à Revolução Federalista (1893-1895).  Declarou: o  presidente apesar de eleito, e de suas qualidades intelectuais,  não tinha o prestígio popular  necessário para afrontar a crise que atravessava o país.

Em segundo lugar ressaltou: os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraíba e o Distrito Federal (cidade do RJ),  por causa da Revolução Armada (1893-1894), votaram após um Estado de Sítio que só acabou na véspera da eleição.

Em terceiro lugar o deputado cita a abstenção. O voto é facultativo. O Brasil conta com 800 mil eleitores, mas só 351 mil votaram. As fraudes frequentes na época,  muitos intuíram que o resultado já estava decidido.

Diante dessas argumentações  em junho de 1894, apresentou uma emenda determinando a anulação  da eleição de março e  propôs que se convocasse  outra para setembro.

Um dos mais exaltados, o deputado Nilo Peçanha (RJ) (mais tarde sétimo presidente do País), aparteia  Flavio dizendo com veemência: – A eleição foi tão livre que oposicionistas lograram triunfar nas eleições para o Senado e a Câmara, simultâneas à eleição presidencial. Os jornais informaram que a sessão  da câmara foi tumultuada  e classificou  a   emenda do deputado de “infelicíssima”.

Araújo, numa última tentativa  de convencer os colegas,  declarou que  preferia a ditadura à democracia sem apoio popular. Sem obter êxito sobre sua pretensão, finalmente se dá por vencido.

Ânimos apaziguados, o parecer  reconhece a eleição de Prudente  de Moraes, é aprovada. Ninguém votou contra. Desde o começo,  Prudente exerceu o mandato,  sob revolta de movimentos populares, demandando esforço do governo para solução dos problemas.

Vindo de Piracicaba (SP) para o Rio de Janeiro, ao desembarcar,  não havia  ninguém para recepcioná-lo,  fato que presumiu como sendo o primeiro motivo para o presidente em exercício,  Floriano Peixoto, demonstrar  desinteresse   para entregar-lhe o poder.

 As hostilidades continuaram. Floriano não quis recebê-lo  para a transição do cargo,  alegando falta de horário na agenda. No dia da posse,  o Presidente não enviou a carruagem oficial ao hotel onde o sucessor estava hospedado. Prudente teve de alugar uma carroça às pressas para chegar ao Palácio Conde dos Arcos, sede do Senado.

Após o juramento, o novo presidente foi para o Itamaraty, o palácio presidencial, mas o local estava deserto, aberto, sujo e sem funcionários,  um despropósito de Floriano,  que se negava transmitir-lhe o cargo. O marechal Floriano não via com bons olhos a chegada dos  civis  ao poder, pois foram os militares,  que em 1889 proclamaram a República.

 Prudente era um intelectual e politicamente ativo,  de um currículo invejável,   exerceu  inúmeros cargos políticos , inclusive, foi governador de São Paulo em 1889,  nomeado pelo presidente  marechal Deodoro da Fonseca, e como senador presidiu a Assembleia Nacional Constituinte. Na primeira eleição presidencial, indireta,  em 1891, ficou em segundo lugar.

Em 1894 no Sul,  surgiu a Revolução Federalista (1893-1895). Em 1896 explodia a Guerra de Canudos na Bahia,  no primeiro episódio  o governo conseguiu um acordo de paz, no segundo houve o massacre dos adeptos da figura messiânica  de Antonio Conselheiro,  derrotados  pelas  forças poderosas da República. O maior feito de Prudente foi a pacificação do país. Foi no seu governo que aconteceu a transição da Monarquia para a República,  e o novo regime se consolidou.

O Presidente tinha um inimigo insuspeito. Era Manoel Victorino, seu vice. Em 1896, Prudente teve de se afastar do cargo para submeter-se a uma cirurgia. O vice, Victorino, assumiu o cargo,  e vaidoso,  idealizou um golpe para  não devolver a presidência ao titular. Trocou ministros e transferiu a Presidência do Itamaraty para o Catete. Ao tomar conhecimento do fato, Prudente que convalescia em Teresópolis (RJ), decidiu voltar de surpresa,  e Victorino , sem tempo  de reagir e sem outra opção,  teve de entregar o cargo presidencial ao titular.

Em 1895 foi publicado em um Jornal, a  charge do  presidente Prudente com os dizeres: “Presidente que nunca cai nas covas abertas pelos inimigos”.

Em 1897,  em uma cerimônia,  Prudente enfrentou um soldado descontrolado,  que encostou uma pistola em seu peito, o Presidente usando a cartola conseguiu desarmá-lo, porém o soldado sacou uma espada, matou o ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt,  e Prudente saiu ileso.

Victorino foi processado como mandante do atentado, ante a falta de provas, o vice foi inocentado.

Deixe um comentário