O Censo do Livro Digital no Brasil, divulgado no início de 2017, é um mapeamento feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) que revelou, pela primeira vez, o tamanho do mercado de livros digitais no país, que seria de 2,5 %, em relação ao mercado total. A publicação de e-books pelos próprios autores, nem aqueles publicados pela Amazon, maior plataforma do gênero, que não fornece informações a respeito, não foi considerada. E esses dois nichos podem representar uma diferença na apuração deste “censo”.
A Global E-books, por exemplo, que divulgou uma pesquisa na mesma época, diz que de 2013 para 2016 o indice de venda dos livros eletrônicos em nosso país mais que dobrou: 6,89 %. Mas é necessário que essas pesquisas sejam atualizadas e tenham critérios semelhantes, para que possamos ter um resultado mais fiel.
Menos da metade das editoras brasileiras – cerca de oitocentas, apenas, em todo o Brasil – já aderiram ao livro digital e publicam também nessa plataforma, vendendo os e-books em lojas virtuais próprias ou em lojas tradicionais deste tipo de publicação.
Até porque o Brasil poderia ser um mercado em potencial para o livro digital, uma vez que somos ávidos consumidores de novidades. E se considerarmos que os smartfones e os tablests já são muito populares – a maioria da população tem um ou outro, ou os dois. É fato que a maioria das pessoas que têm um tablet ou um smartfone nem sabe que pode ler um livro neles, tamanha é a quantidade de opções de uso para eles, mas aí já devemos considerar o fator educação, que em nosso país é relevado quase ao esquecimento, o que determina também o não hábito da leitura e a baixa renda que impossibilita a compra do livro.
A verdade é que os e-books brasileiros estão um pouco caros. O livro impresso, tradicional, sempre foi um produto caro. E livro digital, que dispensa a impressão, deveria sair muito mais barato que a versão em papel, já que dispensa todo um custo industrial – mão-de-obra, matéria prima, equipamentos, logística de distribuição, etc. No entanto, não é o que vem acontecendo, aqui no Brasil. O preço de alguns livros digitais se aproxima muito do preço da versão tradicional, impressa em papel.
A desculpa para a aproximação do preço do e-book brasileiro com o preço do livro impresso é que o e-book não traria apena o texto, ele pode agregar sons, imagens, links para complementação da leitura, etc. E a produção disso seria um tanto elevada. Eu, particularmente, prefiro um livro literário com o velho e bom texto. Não quero um monte de entulho e penduricalhos dentro do meu livro. Acho, sim, que o recurso é muito bom para livros infantis, onde os jogos, vídeos e atividades podem tornar os livros mais atraentes. E nos livros didáticos e técnicos, os complementos são bem importantes, também.
Então o livro digital pode crescer, sim, mas por mais que cresça, o certo é que ele vai conviver harmoniosamente com o livro impresso, pois por muito e muito tempo aquele livro tradicional, que a gente pode folhear, manusear, que não exige nada para poder ser lido, recriado, a não ser a luz, continuará soberano. Sem contar que não agride os nossos olhos com o excesso de luz, à qual eles não estão acostumados.