Método adotado devido a pandemia será adaptado após retorno de aulas presenciais
Por: Jennifer da Silva
A internet alterou toda a dinâmica de serviços, trabalhos, vendas e agora transformou definitivamente o ensino nas escolas brasileiras. Devido ao isolamento social, as instituições adaptaram o conteúdo lecionado aos alunos para o método virtual. Agora, com a retomada gradual das atividades presenciais, especialistas defendem que o ensino online continuará e será aperfeiçoado para melhorar o aprendizado dos estudantes.
Adotar ferramentas de aprendizado online nas escolas já era uma necessidade imposta pela tecnologia, argumenta Lucas de Briquez, CEO da Asas Educação e Diretor Administrativo da Escola Teia Multicultural: “vejo a pandemia como aceleradora de um processo que já estava acontecendo progressivamente há anos e que não existe mais volta. Muita coisa no mundo mudou e é um fato que a escola se manteve muito semelhante ao formato estabelecido desde a revolução industrial”, afirma.
Principais desafios
O ensino à distância (EAD) foi incorporado no Brasil em 1996, pela Lei n.º 9.394, que regulamentou e tornou válida a educação a distância para todos os níveis de escolarização. Embora seja um método educacional novo, Georgya Corrêa, Diretora Pedagógica da Teia Multicultural, conta que muitos problemas continuam sendo os mesmos do ensino presencial:
“Os principais desafios do ensino online são os mesmos da educação como um todo: gerar interação entre os estudantes, desenvolver os conhecimentos de forma que o aluno identifique a necessidade desses saberes e trabalhar para que os estudantes se desenvolvam integralmente como seres humanos e não somente em aspectos cognitivos”, pontua a pedagoga Georgya Corrêa.
Entretanto, o ensino online impõe um novo desafio: a distância entre pessoas, que dificulta (ou até mesmo anula) a interação social, essencial para a formação individual, explica Lucas de Briquez: “o maior benefício que o cenário educacional viveu nessa pandemia não foi o de perceber que deve-se usar tecnologia dentro da sala de aula, mas sim evidenciar a importância das relações humanas para o desenvolvimento integral dos indivíduos”, elucida o Diretor.
Em aulas ao vivo, a interação social entre estudantes e professores é maior. Embora as aulas assíncronas tenham o benefício de poderem ser pausadas ou voltadas, as chances do estudante perder a atenção ou se desmotivar são maiores.
“O grande apelo da escola é o “estar junto”, é a interação social. Mesmo que as escolas tradicionais tentem barrar a interação entre os alunos, isso continua acontecendo porque o ser humano é um ser social, essa troca motiva os estudantes a estarem ali. Porém em um ambiente online onde essa troca praticamente não acontece, o aluno se vê mais desmotivado”, afirma Lucas de Briquez.
Georgya Corrêa pontua a necessidade de que os jovens sejam instruídos para usar as ferramentas digitais nas tarefas escolares: “temos a impressão errônea de que as gerações nativas digitais sabem utilizar a internet para resolver problemas. Porém, a realidade é que a grande maioria dessas crianças e adolescentes não sabem, ou pelo menos não sabiam, utilizar a internet e os softwares básicos de maneira produtiva”, explica especialista em pedagogia.
Caso prático do ensino virtual nas escolas
A escola Teia Multicultural, localizada em São Paulo, iniciou uma parceria com a Microsoft através da Big Brain para incorporar as ferramentas do pacote Office na rotina escolar dos alunos. Outra prática adotada pela instituição em prol do ensino online foi a gamificação, que consiste em adotar estratégias com jogos nas atividades do dia a dia para aumentar o engajamento dos alunos.
“A gamificação pode tornar a aprendizagem mais atrativa. Outro passo importante é incluir atividades de programação, assim os alunos irão ter uma base técnica e até mesmo ferramentas colaborativas para entenderem que podem utilizar seus computadores para obter mais organização e comodidade em seus afazeres”, explica Lucas de Briquez.