Neurocientista, Dr. Fabiano de Abreu, avalia possíveis prejuízos que o estímulo a um maior consumo de redes sociais pode trazer para a sociedade
Por: Jennifer da Silva
Assim como diversos elementos que fazem parte da vida contemporânea cotidiana, as redes sociais estão passando por atualizações a todo momento. O Instagram, por exemplo, acaba de colocar em teste o recurso de ‘assinaturas’ que visa fornecer ferramentas exclusivas para que os criadores de conteúdo possam se diferenciar dos outros perfis e ter renda financeira através da plataforma.
Entre os benefícios do ‘novo Instagram’ estão a possibilidade de criar stories e lives exclusivos, bem como a obtenção de um selo de verificação, que já é almejado por diversos influenciadores e personalidades no mundo digital. De acordo com o neurocientista, PhD, antropólogo e biólogo, Dr. Fabiano de Abreu, as atualizações das redes sociais podem esconder um perigo preocupante. “Já somos reféns, dependentes dessas redes sociais e isso é perigoso. Com esta nova atualização, mais pessoas vão investir seu capital na esperança de obter o selo e estratégias para chamar a atenção, aumentando ainda mais o narcisismo que já é patológico em nossa sociedade”, explica.
O Dr.Fabiano de Abreu afirma que as redes sociais são, inicialmente, uma ferramenta de alívio rápido para a ansiedade, pois, os likes e compartilhamentos, são uma maneira que o cérebro encontra para liberar o neurotransmissor dopamina e provocar uma sensação de bem-estar já. O problema é que a dopamina é viciante e, o bem-estar provocado por ela, eventualmente não é mais suficiente, gerando uma espécie de ciclo vicioso que acaba por trazer mais ansiedade.
Logo, estimular pessoas a passarem mais tempo se dedicando às redes sociais pode agravar este cenário. “Quanto maior a ansiedade e mais duradoura, maior a procura pela rede social na esperança de ter boas sensações já que a ansiedade leva a uma atmosfera negativa. Sendo que as boas sensações também aumentam a ansiedade para que as tenha mais vezes”, pontua.
O neurocientista acredita que o recurso fará sucesso entre os usuários do Instagram por conta do glamour em torno da vida dos influenciadores, principalmente em países como o Brasil, onde há diversas questões econômicas preocupando a população. “A maioria dos casos não haverá uma melhora financeira e sim gastos que elevam mais ainda a ansiedade e o estresse”, alerta.