ABÍLIO CÉSAR BORGES
*09/09/1824
†17/01/1891
Abílio César Borges, filho de Miguel Borges de Carvalho e de Mafalda Maria da Paixão, médico, educador e primeiro e único barão de Macaúbas. Nasceu na no povoado de Macaúbas na época pertencente a vila de Minas de Rio de Contas, hoje cidade de Rio de Contas, em 9 de setembro de 1824 e faleceu no Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1891.
Fez os primeiros estudos em sua terra natal. Em 1838 foi para Salvador onde se matriculou no Colégio Conceição para fazer o Curso de Preparatórios, correspondentes ao atual Ensino Médio a fim de completar sua formação. Depois de haver interrompido os estudos por causa da saúde. Em 1841 ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, em Salvador, tendo se transferido em 1846 para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Aí concluiu o curso de medicina, tendo se laureado em 20 de dezembro de 1847 com a tese “Proposições sobre Ciências Médicas”. Curso realizado o curso de forma brilhante.
Em 9 de dezembro de 1847, entrou para o IHGB como sócio correspondente. Em 9 de setembro de 1924, após 100 anos, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, colocou uma placa na casa onde nasceu o venerável compatriota Abílio Cesar Borges, Barão de Macaúbas, situada na antiga Rua do Meio, atual Rua Barão de Macaúbas, em sua homenagem.
A introdução desse médico no campo da instrução foi um grande atrativo para todas as classes das famílias brasileiras pela renovação e aplicação de novos métodos da educação no Brasil, abolindo o sistema antigo de castigos físicos.
Voltando para a Bahia, dedica-se ao magistério, tornando-se o maior pedagogo do Brasil. Foi um dos precursores do livro didático brasileiro. Foi diretor da instrução pública estadual. Em 1845, funda, junto a outros, o Instituto Literário da Bahia, onde são realizados saraus, discutidas ideias e reunia os mais expressivos nomes da literatura baiana da época.
Em 1846, casa-se com Francisca Antônia, Wanderley (irmã do Barão de Cotegipe), oriunda de importante família pernambucana, com quem teve filhos e netos.
Em 1849, chega à vila de São Francisco das Chagas da Barra do Rio Grande do Sul (atual Barra) para trabalhar como médico no Hospital São Pedro, para atender as vítimas da peste (varíola). Em Barra Grande fundou o Colégio Ateneu Barrense.
Em 1853, construiu a primeira escola ginasial na vila e foi presidente do Senado da Câmara da Barra, onde teve a hombridade de expulsar o coronel Militão de França Antunes (de Pilão Arcado), que acabara de ordenar a castração de um vaqueiro chamado Pedro, na ilha do miradouro em Xique-Xique. Abílio afirmou: “A sessão não se realizará, dada a presença do coronel Militão, a quem convido para retirar-se do ambiente, bárbaro não se senta em mesa de cidadão”. Militão levanta-se pega a bengala de ouro, o chapéu de “estadista”, e declara: “venho acabar com a Barra na bala…”. Nisto, Abílio retruca: “Espero… Na sua terra manda o direito da força. Na Barra manda a força do direito”.
Pertenceu à Academia Filomática, em 1856 foi diretor geral do ensino na Bahia, membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, além de muitas outras entidades líterocientíficas no Brasil e na Europa.
Mudou-se da cidade de Barra para Salvador levando filhos barrenses, Joaquim Cesar Borges e Abílio Cesar Borges Filho, este último que viria a se tornar diplomata e em 28 de março de 1856, foi nomeado Diretor Geral dos Estudos da então Província da Bahia. Ficou pouco mais de um ano no cargo, tendo se demitido em 1857 devido a algumas resistências que encontrou no exercício de sua função e, houve também a vitória do PL e em vista da mudança do quadro político nacional, concorreram para a sua demissão.
Fundou o Colégio Doutor Abílio no ano de 1858, ainda em Salvador, Abílio César Borges fundou o Ginásio Baiano, mais que professor e diretor, aplicava as novidades pedagógicas que incorporava em seus estudos, o colégio funcionou até 1910. A instituição, assim como o também famoso e contemporâneo colégio São José de Francisco de Almeida Sebrão, conhecido como “Colégio Sebrão”, foi responsável pelos fundamentos educacionais de futuras genialidades da Bahia, como Rui Barbosa (1849-1871); Aristides Spínola de Caetité/BA (1850-1925); Castro Alves (1847-1871); Plínio de Lima de Caetité (1845-1872); Cezar Zama de Caetité/BA, 1837-1906); dentre outros. Conservou-se à frente da instituição por quase quatorze anos.
Realizou diversas viagens à Europa, 1866, 1870, 1879 a fim de aperfeiçoar seus métodos pedagógicos, de forma a aprimorar os seus conhecimentos a torná-los aplicáveis aos seus trabalhos pedagógicos.
De volta da Europa, em 1871, muda-se para o Rio de Janeiro onde permaneceu até a sua morte. D. Pedro II o indicou para o Conselho de Instrução Pública da Corte, mandato que ele exerceu de 1872 a 1877, fundou ali o Colégio Abílio que funcionou até 1880, com a dissolução da sociedade no final da década, o colégio passou a se chamar Epifânio Reis.
Graças à fama alcançada por sua instituição em 2 de maio de 1882 foi nomeado representante do Brasil na 9° seção do Congresso Pedagógico Internacional de Buenos Aires. As teses defendidas pelo Barão de Macaúbas sobre pedagogia tiveram grande aceitação uma vez que a leitura de sua dissertação “foi interrompida por repetidas manifestações de aprovação”.
Por causa da febre amarela que se alastrava no Rio de Janeiro, mudou-se para Barbacena, Minas Gerais, em 3 de fevereiro 1881 instalou ali a segunda unidade do Colégio Abílio, por onde passaram ilustres personalidades da vida pública mineira. O Colégio de Barbacena funcionou até 1888, quando o Barão de Macaúbas decidiu voltar para o Rio de janeiro.
No Rio de Janeiro em 15 de março de 1883 foi aberto a terceira unidade do Colégio Abílio em Botafogo, por seu filho Joaquim Abílio Borges que o dirigiu juntamente com seu irmão, Abílio César Borges Filho, até sua extinção em 1911.
Suas ideias, na época, eram inovadoras na educação brasileira: abolia completamente qualquer espécie de castigo físico. Ganhou fama por sua luta pela abolição dos castigos físicos nas suas escolas e fazendo-as modelo para instituições similares no restante do país. Em 1844 expôs suas ideias pedagógicas para a “Lei Nova do Ensino Infantil”; realizava torneios literários; culto ao civismo, etc. Imaginou um método de aprendizagem de leitura que denominou de Leitura Universal, para facilitar o estudo das primeiras letras, abriu vários cursos públicos gratuitos de leitura, convencido de que assim prestava o melhor serviço ao país.
A fim de poder ministrar as lições aos seus alunos, sem ofender, entretanto os rígidos costumes da época e mandou publicar, na Bélgica, um volume especial, adaptado para “menores”, de Os Lusíadas. Precursor do livro didático brasileiro.
Ainda na Bahia, por ocasião da Guerra do Paraguai (1864-1870), manifestava-se exaltadamente pela imprensa, conclamando ao povo à luta em defesa da soberania brasileira. Mas, não se restringiu a isto: chegou mesmo a patrocinar, de suas próprias rendas, o batalhão dos “Zuavos Baianos”.
Pioneiro do Abolicionismo fundou a “Sociedade Libertadora 7 de Setembro”, que publicava o jornal “Abolicionista”. Por suas contribuições na área educacional, em 30 de julho de 1881, recebeu o título de Barão de Macaúbas, por decreto imperial, concedido por D. Pedro II (1825-1891). D. Pedro II demonstrava, através do reconhecimento dos méritos do Barão, sua preocupação com a educação no país, o Imperador valorizava o magistério e declarou que, se não fosse imperador, queria ser “mestre-escola”. Em 3 de junho de 1882 foi elevado com a honra de Grande do Império. Além dessa honraria, foi comendador da Imperial Ordem da Rosa, da Ordem de Cristo e da de São Gregório Magno.
O Barão de Macaúbas foi um homem à frente do seu tempo, que amava o seu país. Como educador, manteve-se sempre afeito às novidades quanto aos métodos de ensino, sem nunca perder o aprendizado próprio. O seu Brasil era um Brasil de esperança na civilização, composto de homens instruídos e bem orientados pelos métodos educacionais práticos, de qualidade eficiente. Para ele “a liberdade e a democracia somente seriam possíveis com a verdadeira e geral instrução” e assim sentir as riquezas intelectuais e materiais do Brasil.
No Prólogo de seu livro sobre a vida e a obra do Barão de Macaúbas, Isaías Alves conta que, em um curso de aperfeiçoamento de professores, leu algumas frases de Macaúbas e pediu às educadoras que indicassem o autor de cada pensamento recebendo, em resposta, os nomes de Dewey, Thorndike, Ferriere, Kilpatrick e outros notáveis educadores modernos. Acrescenta que foi grande a surpresa daquelas professoras quando ele apresentou as obras originais de Macaúbas datadas de 1882 e 1883, onde se incluía a Lei nova, publicada em 1884.
Esse testemunho põe em evidência a importância não apenas dos estudos de História da Educação, mas também de sua difusão através do ensino como elemento de grande relevância na formação dos professores e educadores de modo geral.
ALGUMAS OBRAS PUBLICADAS:
1. Epítome da Gramática Portuguesa,1860; 2 Epítome da Gramática Francesa, 1860; 3. Epítome da Geografia Física, 1863; 4. Primeiro Livro de Leitura, 1886; 5. Segundo Livro de Leitura, 1886; 6. Terceiro Livro de Leitura, Bruxelas, 1871; 7. Os Lusíadas (texto com a supressão das estâncias que não devem ser lidas por meninos), 1879; 8. Pequeno Tratado de leitura em voz alta (tradução do texto de Ernesto Legouvé), 1879; 9. Desenho linear ou Geometria Prática Popular, 1876; 10. Novo Primeiro Livro de Leitura – Leitura Universal, 1888; 11. Cantos – Ensino da Música nas Escolas, Colégios e Farntlias, 12. Quarto Livro de Leitura (com a colaboração de Joaquim Abílio Borges), 1890; 13. Quinto Livro de Leitura.