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Biblioteca Nacional terá polo na Estação Antártica Comandante Ferraz

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Base vai receber coleções especiais, ensaios críticos e catálogos

Por Alana Gandra|Agência Brasil

A Biblioteca Nacional vai ter um “braço avançado no Polo Sul”, disse à Agência Brasil o presidente da instituição, Marco Lucchesi. No próximo dia 8 de outubro, “caso as condições meteorológicas sejam favoráveis”, serão enviados 700 livros da Biblioteca Nacional para a Estação Antártica Comandante Ferraz.

O transporte será feito pelo navio de apoio oceanográfico Ary Rongel, da Marinha. O lote enviado ficará na biblioteca da base brasileira, onde duas estantes estão sendo especialmente preparadas para abrigar os livros. “É uma ação muito importante para tratar da geopolítica da paz”, destacou Lucchesi.

Os 700 livros foram selecionados pela curadoria interna da Biblioteca Nacional e incluem coleções especiais, ensaios críticos e catálogos bilíngues de exposições. Segundo Lucchesi, a ideia é aprofundar e aprimorar o acervo. Entre os livros doados estão, por exemplo, O cemitério dos vivos: memórias/ Lima Barreto” (Diogo de Hollanda e Fábio Lucas), Ensaios insólitos (Darcy Ribeiro) e Escorço bibliográfico de Dom Pedro I (Maria Graham).

Casa do Brasil

Responsável pelo projeto, na Marinha, Marco Antônio Linhares Soares, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), ressalta que a implantação de uma área com livros da Biblioteca Nacional na Casa do Brasil na Antártica constitui um “ato sublime, de extensão dos hábitos e cultura de nosso país em local tão longínquo”.

Soares ressaltou  que a doação da Biblioteca se reveste de fundamental importância para aqueles que ali desenvolvem suas atividades laborais e de pesquisa “ao incrementar a ligação com a pátria distante através dessa relevante instituição nacional, que conserva a cultura do país nas páginas impressas.”

A ideia do projeto foi concebida por Marco Lucchesi, após visita à Biblioteca Nacional argentina que, em abril, inaugurou um espaço na Base Carlini de la Antártida Argentina. Os pesquisadores brasileiros receberam com alegria a ideia de ter livros e disponibilizaram um espaço exclusivo com essa finalidade. Marco Lucchesi reiterou que a iniciativa representa a presença geopolítica do Brasil através da memória e da cultura da paz.

Na avaliação do chefe da Estação Antártica Comandante Ferraz, Fábio Araújo, a leitura torna-se fundamental para os 17 pesquisadores brasileiros que trabalham lá durante o inverno, quando as temperaturas podem despencar para menos de 70º C. Para ele, viver na estação na Antártica pode ser desafiador e estressante. “Por isso, a leitura desempenha um papel crucial, fornecendo entretenimento, conhecimento, estímulo mental e contribuindo para o alívio do estresse”, afirmou.

Parceria

Neste mês de agosto, a Biblioteca Nacional e a Marinha do Brasil iniciam parceria para envio de obras para bibliotecas, universidades, embaixadas e ministérios, entre outros órgãos, de diversos países, no âmbito do Serviço Nacional de Intercâmbio Bibliográfico.

O transporte será feito entre os dias 12 de agosto e 17 de dezembro pelo Navio Escola Brasil, integrando a 37ª Viagem de Instrução de Guardas Marinha (VIGM), e terá como destino Colômbia, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Portugal, Itália e Espanha. Cabo Verde deverá entrar nessa relação proximamente.

“Trata-se da diplomacia do livro, feita por instituições brasileiras que são responsáveis pela política de intercâmbio e soft power (poder amigo), porque envolve o diálogo, que é consequência da cultura”, disse o presidente da Fundação Biblioteca Nacional. Marco Lucchesi acaba de retornar da China, onde pretende estender um intercâmbio com Macau. A ideia, conforme afirmou, é estender um compromisso geopolítico mais amplo, da China à Antártica.

Na Amazônia, Lucchesi participou, no dia 19 deste mês, do lançamento da primeira Constituição Brasileira traduzida em Nheengatu, língua indígena, chamada tupi moderno, pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. Ele pretende inserir essa tradução no acervo da biblioteca, junto com fotos de aldeias indígenas, visando ampliar a iconografia da instituição em termos antropológicos. “Queremos ter uma Biblioteca Nacional que se transforme em um grande mundo de fraternidade.”

Foto de Capa: Ana Nascimento|Agência Brasil
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