Conflitos familiares afetam profundamente diversos aspectos da vida cotidiana das pessoas
Por Katia Marchena
Conflitos familiares afetam profundamente diversos aspectos da vida cotidiana das pessoas, causando um impacto significativo em sua saúde, tanto física quanto emocional. O desempenho profissional também é prejudicado por essa situação dolorosa, e os mais afetados costumam ser as crianças e adolescentes.
Uma pesquisa do psicólogo Nicholas Walsh, professor da Universidade de East Anglia na Inglaterra, revelou que a exposição a problemas familiares durante a infância e início da adolescência afeta o desenvolvimento do cérebro. O estudo mostrou que crianças e jovens que vivenciaram situações hostis no âmbito familiar entre o nascimento e os 11 anos de idade tinham desenvolvido um cerebelo menor. Esta região do cérebro está associada ao aprendizado de habilidades, regulação do estresse e controle sensorial e motor; esta área também desempenha um papel importante em outras funções cognitivas e emocionais, incluindo o processamento emocional e a regulação do estresse.
A psicóloga Shana Wajntraub, especialista em neurociência e comunicação, afirma que pouco se fala em como a comunicação, que é a raiz de todo o conflito, pode transformar a vida familiar.
Ela argumenta que é importante identificar e corrigir vícios de linguagem, como o uso inadequado de verbos, adjetivos, tom, intensidade e quantidade de discurso em nossas conversas familiares. “Temos sempre muito cuidado ao falar na empresa, com o chefe e com os colegas. Por que não desenvolvemos esse mesmo cuidado com os filhos, com os pais e com os parceiros?”, questiona a psicóloga. Shana explica que a intimidade é a resposta a essa indagação, mas afirma que, muitas vezes, por estarmos mais à vontade com nossos familiares e parceiros, acabamos relaxando em nossa comunicação e esquecendo a importância de manter um diálogo respeitoso e cuidadoso, como fazemos no ambiente de trabalho.
Shana indica 7 passos que precisamos seguir para sermos mais assertivos ao falar com quem amamos:
1) Escute atentamente: Esteja genuinamente presente quando os membros da família estão conversando. Faça contato visual, evite interrupções e demonstre interesse pelo que está divulgando. A escuta ativa é a base de uma comunicação eficaz.
2) Seja claro e direto: comunique-se de maneira clara e direta, evitando linguagem ambígua ou confusa para não gerar mal-entendidos e transmitir suas mensagens de forma eficaz.
3) Comunique suas necessidades: Não espere que os outros adivinhem o que você precisa ou deseja. Comunique suas necessidades, desejos e preocupações de maneira aberta e honesta, evitando assim ressentimentos e conflitos não resolvidos.
4) Use o “eu” em vez de “você”: Em vez de acusar ou culpar os outros, expresse seus sentimentos e pensamentos usando a primeira pessoa. Por exemplo, ao dizer: “Você sempre me faz sentir mal”, você pode dizer: “Eu me sinto mal quando isso acontece”.
5) Evite julgamentos e críticas: Procure não fazer julgamentos precipitados ou críticas negativas aos membros da família. Em vez disso, tente entender suas perspectivas e preocupações. O julgamento e a crítica podem gerar conflitos e ressentimentos.
6) Resolver conflitos de forma construtiva: Conflitos são inevitáveis em qualquer família. No entanto, é importante abordá-los de maneira construtiva. Isso inclui ouvir todas as partes envolvidas, procurar soluções de compromisso e manter o respeito mútuo.
7) Demonstre empatia e compreensão: Tente se colocar no lugar dos outros membros da família e entender suas emoções e perspectivas. A empatia contribui para fortalecer os laços familiares e a criar um ambiente de apoio.
“Lembre-se de que a comunicação eficaz é um processo contínuo e requer prática. Às vezes, pode ser útil buscar a ajuda de um terapeuta familiar ou conselheiro para lidar com problemas de comunicação mais complexos. No entanto, seguir essas dicas básicas com certeza auxiliará nos relacionamentos familiares”, garante a psicóloga.