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Com 79,5% da população autodeclarada negra, Bahia ainda enfrenta desafios para a igualdade racial

Por Ba.gov.br

O racismo permanece como um dos maiores entraves ao desenvolvimento social e econômico da Bahia e do Brasil. Apesar de avanços em diversos campos, a desigualdade racial ainda se manifesta de forma marcante, impactando a população negra de maneira desproporcional. No Mês da Consciência Negra, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) apresenta um panorama das desigualdades raciais no estado, com base em dados de 2023 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2023, o Brasil contabilizava cerca de 121,7 milhões de negros (pretos e pardos), sendo 11,98 milhões residentes na Bahia, o terceiro maior contingente do país, atrás de São Paulo (16,3%) e Minas Gerais (10,6%). Na Bahia, 79,5% da população se autodeclarava negra, percentual acima da média nacional de 56,5%, superado por Maranhão (81,2%), Amapá (80,4%), Pará (79,7%) e Acre (79,6%). O estado lidera em percentual de pessoas pretas, com 22,8%, seguido por Rio de Janeiro (16,4%), Tocantins (13,4%) e Maranhão (13,1%). Entretanto, esse dado, que reafirma a identidade negra como parte essencial da cultura e história da Bahia, contrasta com os desafios enfrentados por essa população no mercado de trabalho, na educação e no acesso a condições dignas de vida.

Educação: um retrato da desigualdade


A análise da SEI mostra que o acesso à educação ainda é mais limitado para a população negra. Enquanto 17,7% dos brancos baianos com 25 anos ou mais têm 16 anos ou mais de estudo, apenas 9,7% dos negros alcançam esse nível educacional. Essa diferença de 8 pontos percentuais reflete um histórico de desigualdade que começa cedo.

Mercado de trabalho e informalidade
O mercado de trabalho na Bahia também revela disparidades significativas. Em 2023, a taxa de desocupação entre negros foi de 13,8%, enquanto para brancos foi de 10,1%. As mulheres negras enfrentaram os piores cenários, com uma taxa de desocupação de 18,6%, superando a de mulheres brancas (13,2%) e homens negros (10,1%).

Além disso, a informalidade, que afeta 53,7% dos trabalhadores no estado, incide de maneira mais acentuada sobre os negros, especialmente os homens. Entre os ocupados negros, 54,3% estavam em condições de trabalho informal, em comparação com 51,1% entre brancos. As mulheres negras, por sua vez, são a maioria no trabalho doméstico sem carteira assinada, representando 82,2% desse grupo.

Rendimento médio: abismo salarial
A desigualdade racial se reflete também na remuneração. O rendimento médio mensal de negros ocupados foi de R$ 1.662 em 2023, enquanto os brancos receberam, em média, R$ 2.365. Essa diferença de 42,3% se amplia quando se analisa o recorte de gênero. Mulheres negras ganharam, em média, R$ 1.550, enquanto mulheres brancas receberam R$ 2.326, o que significa que as primeiras tiveram um rendimento 50,1% menor.

O desafio do desalento
A vulnerabilidade da população negra é também evidente no desalento — situação de pessoas que, por falta de perspectivas, desistem de procurar emprego. Na Bahia, 12,5% dos negros fora da força de trabalho estavam nessa condição, contra 9% dos brancos. Mais uma vez, os homens negros apresentaram os índices mais altos de desalento, reforçando a necessidade de políticas públicas voltadas para essa população.

Fonte: Ascom/SEI

Foto: Eloi Corrêa/GOVBA

Dia da Consciência Negra: Mulheres negra empreendedoras precisam superar barreiras para se destacar

A dificuldade de empreender se multiplica quando se é uma mulher negra no Brasil, a boa notícia é que você pode superar isso, afirma a médica e empresária Dra. Patrícia Santiago

Por MF Press Global

Dra. Patrícia Santiago – Foto: Divulgação

O Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, é uma data que enfatiza a importância de refletirmos sobre a história e a cultura afro-brasileira. 

A data tem como objetivo combater o racismo, promover a igualdade racial e reconhecer as valiosas contribuições da comunidade negra para a sociedade brasileira. Este ano passará a ser também um feriado nacional.

Mas apesar dos grandes avanços nos últimos tempos em questões de igualdade racial, ainda existem barreiras para as pessoas negras, em especial as mulheres, como explica a médica e empresária, Dra. Patrícia Santiago.

“Ser uma mulher negra e empreendedora significa enfrentar muitas barreiras sociais, como o preconceito, a falta de recursos e de assistência e suporte”.

“Para se destacar, é preciso demonstrar habilidades acima da média, por isso sempre destaco que o estudo e o desenvolvimento pessoal são essenciais. Superar os desafios do racismo fortalece a mulher, a deixa mais resiliente, você vê um desafio e não pode simplesmente desistir, é preciso lutar por ele”, reforça Dra. Patrícia Santiago, atualmente dona de duas clínicas médicas, a STO – Serviço de Tratamento da Obesidade e a Evie by STO.

Foto: Reprodução/FreePik

Maiora, mas com menos rendimento

De acordo com um levantamento do Sebrae com dados da PNAD do terceiro trimestre de 2023, os empreendedores negros representam 52% dos negócios brasileiros.

No entanto, apesar de ser a maioria, segundo dados da PNADC do segundo trimestre de 2022, o rendimento médio dos empreendedores negros é 32% menor que o de empreendedores brancos.

A força da superação

Dra. Patrícia Santiago, natural do interior do Amazonas, enfrentou desafios desde a infância, sendo criada por sua mãe, professora que sustentava sozinha a família. Para ajudar nas despesas, Patrícia trabalhou em diversas áreas, desde alfabetização até vendas em uma funerária.

Com muita determinação, ingressou na faculdade de medicina e se formou em 2013. Após a graduação, dedicou-se ao atendimento médico no interior do Amazonas, e alcançou a posição de diretora de um hospital em Manaus.

Sobre Dra. Patrícia Santiago

Patrícia é graduada em medicina  pela Universidade Estadual do Amazonas desde 2013, com pós graduação em Nutrologia. Atua na área de emagrecimento e performance desde 2015 com ampla experiência no acompanhamento de pacientes bariátricas. No momento desenvolvendo a comunicação digital para pacientes com foco em reeducação alimentar, mudança de estilo de vida e alta performance.

Proerd da PMBA é certificado como o 8º Centro de Treinamento do Brasil

Por Ba.gov.br

Há 21 anos aplicando o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), a Polícia Militar da Bahia (PMBA) foi certificada, nesta quinta-feira (14), pelo Dare, sigla em inglês para Drug Abuse Resistance Education, como o 8º Centro de Treinamento do Brasil, responsável pela formação de policiais militares que ministram a estratégia em escolas públicas municipais e estaduais. Com essa certificação, o estado já pode formar instrutores.

“A importância é imensa, porque nós, para formarmos instrutores, precisávamos mandar policiais para outros estados, que eram centros de treinamento, e hoje tem a opção de formar os policiais, instrutores do Proerd, aqui mesmo, na Bahia”, explicou o coordenador de Direitos Humanos do Departamento de Polícia Comunitária e Direitos Humanos da PMBA (DPCDH), tenente-coronel Sena.

Fotos: Matheus Landim/GOVBA

Durante a solenidade, realizada na Academia de Polícia Militar, em Salvador, foram formados 34 novos instrutores do Proerd. Com a formatura, a PMBA passa a ter 244 multiplicadores capacitados. Durante dez dias, eles passaram por avaliações processuais.

De acordo com a soldado Vanessa Alves, uma das certificadas, os ensinamentos que serão transmitidos aos jovens servirão para mantê-los afastados do caminho das drogas. “A partir do momento que eles conhecem o programa e veem o nosso exemplo, eles possam fazer boas escolhas para a sua vida e também entendem como se organizar em sociedade. Essa é a nossa expectativa”, destacou.

As atividades contam com a parceria da Secretaria da Educação do Estado e atendem escolas públicas municipais e estaduais, além da rede privada. A presença dos policiais para dialogar com a comunidade estudantil deve ser solicitada pela unidade de ensino.

O coordenador do Proerd, major Luiz Cláudio, considera como fundamental a formação dos instrutores para levar informações qualificadas aos jovens. “É uma maneira de exercer e de fazer a prevenção primária e colaborar para que os nossos jovens, as nossas crianças e adolescentes sejam mais conscientes e estejam mais preparados para tomar decisões assertivas e saudáveis, e isso só faz promover a cultura da paz”, pontuou.

Ao longo de dez dias, esteve em Salvador uma delegação composta por três avaliadoras, sendo duas do Brasil e uma dos Estados Unidos da América (EUA), país onde o Dare foi criado e inspirou a adaptação do Proerd. Os outros Centros de Treinamento do país estão sediados no Distrito Federal e nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Proerd

O programa é uma iniciativa baseada na cooperação entre a Polícia Militar, o sistema educacional e a família, utilizando abordagens científicas de prevenção ao uso de substâncias ilícitas e a importância da adoção de comportamentos não-violentos. Considerado uma estratégia essencial para a política de segurança pública do Estado, ao longo de 21 anos, o Proerd já ajudou a afastar das drogas quase um milhão de crianças e adolescentes, alunos de mais de 11.500 escolas no estado.

O Dare América (Drug Abuse Resistance Education) é uma instituição internacional que é responsável pela certificação e está presente em diversos países. O programa foi criado em Los Angeles (Califórnia) nos Estados Unidos da América.

Um Brasil Exótico

Por Pedro Cardoso da Costa

“Isso só acontece no Brasil.” Essa frase, carregada de um tom pejorativo, é frequentemente usada para destacar situações estranhas que, supostamente, só ocorrem por aqui. Contudo, é possível que essa percepção não seja exclusivamente brasileira e se repita em outros países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. Ainda assim, algumas peculiaridades do Brasil realmente se destacam por sua excentricidade ou falta de lógica.

Um exemplo curioso é o hábito de alguns órgãos jurisdicionais de carimbarem uma página em branco — geralmente o verso de um documento — para certificar que ela não está escrita. O paradoxo é evidente: ao carimbar, a página deixa de ser em branco justamente por conter o carimbo que atesta sua ausência de conteúdo. Esse tipo de equívoco lógico parece existir desde que o carimbo foi inventado.

Outro caso emblemático está relacionado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a instância mais alta da Justiça no Brasil. Um dos critérios para ser nomeado ministro do STF é o “notório saber jurídico”. No entanto, há precedentes de ministros nomeados após terem sido reprovados em concursos para juiz de primeira instância, o que suscita dúvidas sobre o preenchimento desse requisito.

No âmbito eleitoral, a situação é igualmente peculiar. O título de eleitor, documento emitido pela Justiça Eleitoral, não é suficiente para que o cidadão vote. É necessário apresentar outro documento com foto, embora o título já tenha contado com esse recurso em edições passadas. Assim, o documento fornecido pela instituição não atende à sua principal finalidade, um paradoxo que exemplifica o caráter contraditório de algumas práticas nacionais.

O cotidiano do brasileiro também revela convivências singulares com situações irregulares. O jogo do bicho, amplamente conhecido e praticado, permanece como uma contravenção penal, mas é tratado com extrema naturalidade. Da mesma forma, é raro encontrar um policial militar que não faça “bico”, apesar de essa prática ser proibida.

Há ainda hábitos curiosos e comportamentos que desafiam normas universais. No transporte público, por exemplo, existem assentos reservados para idosos, pessoas com deficiência e outras condições especiais, e são demarcados por cores. Contudo, quando esses assentos estão ocupados, é comum que passageiros em cadeiras comuns não cedam lugar, mesmo para quem claramente necessita.

No esporte, o Brasil também coleciona histórias incomuns: dois times já foram declarados campeões de um mesmo campeonato. No campo político, a lógica das eleições é igualmente intrigante. Um candidato deve se afastar de seu cargo eletivo para concorrer a outro distinto, mas pode permanecer no cargo caso dispute a reeleição.

Um comportamento que simboliza essa relação peculiar com normas é a forma como motoristas reagem ao sinal amarelo. Internacionalmente, esse sinal indica que a velocidade deve ser reduzida. Aqui, ele frequentemente se torna um incentivo para acelerar.

E o esoterismo brasileira alcança a área governamental. Em 2026, o Brasil alcança 18 anos sob a administração de governos de ideologia social, cujas campanhas frequentemente destacam a luta pelo fim da fome. Contudo, os desafios persistem: 100 milhões de pessoas vivem sem acesso a saneamento básico, 33 milhões carecem de água potável, 6 milhões não têm banheiro, 23 milhões residem em áreas controladas por grupos criminosos, 16 milhões habitam favelas e, de forma alarmante, 20 milhões enfrentam a fome diariamente.

Essas particularidades ajudam a compor o retrato de um país onde a convivência com o inusitado é tão natural quanto suas paisagens e festividades icônicas.

Delegação angolana visita a Bahia para intercâmbio em sistema de combate à fome

Por Ba.gov.br

O auditório da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro, região norte do estado, recebeu, nesta segunda-feira (18), representantes de Angola para um intercâmbio de experiências sobre políticas públicas de convivência com o semiárido e sobre segurança alimentar e nutricional. A agenda tem como foco a troca de conhecimentos entre os dois países, com destaque para iniciativas voltadas à erradicação da fome e à valorização da produção local em regiões semiáridas. Ao longo da semana, a delegação vai explorar um conjunto de experiências no Brasil que já fomentam a segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação. 

No maior estado do Nordeste, as ações desenvolvidas pelo governo, no âmbito do programa Bahia Sem Fome (BSF) e do Sistema Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), chamaram a atenção da delegação angolana, chefiada pelo secretário de Estado Fernando Emanuel, que destaca as semelhanças entre as regiões visitadas e o sul de Angola, onde as províncias de Cunene, Huila e Namibe enfrentam desafios climáticos e socioeconômicos semelhantes aos do semiárido baiano. “A nossa pretensão aqui no estado da Bahia é compreender como o governo tem erradicado a fome, promovido a resiliência para as questões de produção alimentar e valorizado os produtos locais. Estamos representados por três províncias do sul de Angola e queremos levar daqui experiências para replicar em nossos territórios semiáridos”, explicou. 

Foto: Ascom/BSF

Emanuel também mencionou o interesse em estreitar as relações institucionais e desenvolver protocolos de cooperação. “Queremos sair daqui com a possibilidade de que, algum dia, outras delegações de Angola possam vir ao estado da Bahia assinar protocolos ao mais alto nível, promovendo a segurança alimentar e valorizando as culturas locais. Faremos um caminho conjunto no sentido da erradicação da fome”, acrescentou.

Para o coordenador-geral do ‘Bahia Sem Fome’, Tiago Pereira, é recíproco o interesse institucional em consolidar cooperações. “Temos todo o interesse de fortalecer as parcerias com os nossos irmãos de Angola para que possamos avançar no processo de desenvolvimento e emancipação da vida”, afirmou. Além do combate à fome, o programa prioritário do governador Jerônimo Rodrigues busca gerar impactos duradouros por meio da valorização da agricultura familiar, da produção local e da integração de territórios com características climáticas e socioeconômicas semelhantes. 

A programação segue ao longo da semana, com visitas técnicas a comunidades e iniciativas locais de Juazeiro e região. Na próxima sexta-feira (22), Tiago Pereira, que também é secretário executivo do Grupo Governamental de Segurança Alimentar e Nutricional (GGSAN), estará em Maceió, capital de Alagoas, no seminário de encerramento dessa missão no Brasil. 

Fonte: Ascom/BSF