Os cuidados com a pele e com o corpo existem desde a antiguidade. De lá pra cá, a indústria da beleza se modernizou e virou um mercado muito rentável.
Por Boletim UESB
Com o crescimento de produtos desse tipo, houve também um aumento na preocupação com a química presente nesses cosméticos.
Diante disso, Juciane Cunha decidiu investigar e desenvolver uma sequência de atividades articuladas para possibilitar a compreensão dos alunos sobre a produção dos cosméticos associando o assunto ao universo da Química. A pesquisa foi desenvolvida no Mestrado Profissional em Química da Uesb, campus de Jequié, e resultou na dissertação “A química além da beleza: uma proposta para abordagem das funções orgânicas fundamentada nos cosméticos a partir do ensino por investigação”.
Aplicada no Colégio Interativo de Maracás, especificamente na disciplina de Química, o estudo explora o potencial educacional dos cosméticos para ensinar conceitos químicos de maneira contextualizada e relevante. “A pesquisa não apenas torna o aprendizado mais envolvente e prático, mas também conecta os conceitos químicos com algo do cotidiano, como os produtos de beleza. Isso desperta o interesse dos alunos e os incentiva a compreenderem como a Química está presente em suas vidas diárias”, aponta a professora Sulene Alves, orientadora da pesquisa.
Como aconteceu a pesquisa – Juciane utilizou uma metodologia que permitia que os estudantes elaborassem questionamentos e se propusessem a buscar suas respostas. “Eles participaram, de forma ativa e direta, na construção e compreensão de teorias. Além do estudo teórico, os discentes realizaram etapas de observação, experimentação, interpretação de dados e elaboração de conclusões para os questionamentos”, conta.
A pesquisadora identificou a pouca compreensão por parte dos estudantes sobre os cosméticos e de alguns conceitos químicos presentes nesses produtos. “A leitura do rótulo dos produtos era realizada de maneira superficial, atentando-se apenas ao que está descrito em destaque, sem analisar todos os componentes que vêm, geralmente, no verso. Eles não sabiam a diferença entre xampu com ou sem sal ou mesmo a proibição do composto químico formol e o risco que pode causar à saúde”, ressalta.
Após a observação, foi realizada uma oficina de produção de xampu e perfume, colocando em prática o que os estudantes discutiram em sala de aula. “Ao produzirem os cosméticos, os estudantes conheceram e observaram a função das substâncias e a diferença que fazem no aspecto do produto final, como, por exemplo, o uso do lauril sulfato de sódio que deixava o xampu mais espumoso”, ressalta a pesquisadora.
Contribuições – Atuando como professora de Química, Juciane destaca que a pesquisa contribuiu, significativamente, para sua profissão, possibilitando uma nova perspectiva de estratégias de planejamento das aulas. “O projeto mudou a forma como enxergava meus alunos, me ensinou a contextualizar os conteúdos de Química e a usar a disciplina para contribuir com o desenvolvimento crítico do discente acerca de situações problemas envolvidas na sua vida cotidiana”, avalia.
Outra contribuição importante é no campo da alfabetização científica, uma aliada na formação cidadã estudantil. Por meio dela, é possível que os alunos compreendam sobre diversos conhecimentos do mundo da ciência, promovendo mudanças que possibilitam melhorias para as pessoas do seu convívio, para a sociedade e para o meio ambiente. O ensino por meio da investigação possibilitou que estudantes tivessem essa alfabetização científica e permitiu uma prática educacional que promovesse um estudo mais dinâmico e contextualizado com a vida dos alunos, potencializando a aprendizagem.