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Uso de geoprópolis pode prevenir doenças e retardar envelhecimento

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Preservar as abelhas sem ferrão, reduzir os custos de de produção e ainda ter a possibilidade de desenvolver produtos que previnem doenças e retardam o envelhecimento

Por Boletim UESB

Preservar as abelhas sem ferrão, reduzir os custos de produção e ainda ter a possibilidade de desenvolver produtos que previnem doenças e retardam o envelhecimento, com a valorização dos princípios da sustentabilidade e bioeconomia, foram alguns dos resultados de uma pesquisa sobre a caracterização da geoprópolis de abelha sem ferrão da Bahia. O estudo foi realizado no curso de Mestrado em Engenharia e Ciência de Alimentos da Uesb, no campus de Itapetinga.

A geoprópolis é produzida pelas abelhas sem ferrão e consiste em uma mistura de resinas orgânicas, cera, solo ou argila. A abelha coleta material resinoso das plantas e traz para sua colmeia, onde é misturada com cera e barro/terra formando a geoprópolis, que será depositada nas paredes da colmeia a fim de vedar rachaduras, delimitar as cavidades e impedir a entrada excessiva de ar e de invasores.

De acordo com a pesquisadora Thinara Oliveira, o objetivo do estudo foi caracterizar a geoprópolis de diferentes espécies e regiões do estado da Bahia, considerando seu potencial e, assim, contribuir para valorização deste produto natural. “Encontrei um trabalho sobre o desenvolvimento de cosméticos naturais produzidos manualmente e compostos de mel e geopropólis de abelhas sem ferrão, como sabonetes, shampoos e cremes. Assim, optei por pesquisar esse potencial nas espécies da Bahia”, explica.

Sobre o estudo – Foram obtidas 35 amostras de geoprópolis de abelha sem ferrão de diferentes espécies e regiões do estado da Bahia, com suas características climáticas e de vegetação muito particulares. Essas amostras foram adquiridas nas cidades de Araçás, Jussari, Sauipe, Ilhéus, Vitória da Conquista e Mucugê, sendo cada uma coletada de uma colmeia e/ou produtores e em meses de anos diferentes, garantindo a heterogeneidade das amostras. Isso porque a espécie de abelha, o local e a época de coleta, bem como a interação entre esses fatores influenciam na concentração desses compostos.

Os resultados demonstram que a geoprópolis pode ser potencialmente utilizada como fonte natural de compostos bioativos (fenólicos e flavonoides) e antioxidantes. Compostos bioativos são substâncias encontradas em vegetais, animais e medicamentos (sobretudo, em alimentos funcionais), que apresentam várias propriedades benéficas para a saúde. Esses compostos contribuem para a prevenção e o tratamento de doenças, como câncer e diabetes. Dessa forma, podem ser usados na composição de fármacos ou ingeridos por meio da alimentação.

Em geral, eles desempenham diferentes papéis no ser humano, como atividade antioxidante (retardando o envelhecimento, por exemplo), estimulação do sistema imune (prevenindo doenças), equilíbrio do nível hormonal e atividade antibacteriana e antiviral. Pensando ainda no desenvolvimento da planta, esses compostos bioativos (especificamente, os flavonoides) agem na polinização, na proteção contra insetos, fungos, raios ultravioletas e em outras funções importantes.

A pesquisa aponta ainda para a possibilidade de uso das tecnologias para informar a qualidade antioxidante de amostras de geoprópolis de abelha sem ferrão, tornando-se útil pela rapidez, confiabilidade e barateamento da análise.

Potencial para comercialização – Thinara revela que os produtos existentes no mercado, incluindo fármacos e cosméticos, são compostos apenas por própolis. Apesar da presença de mais de 245 espécies de abelhas sem ferrão somente no Brasil e inúmeros apicultores, produtos à base de geoprópolis são raros, apresentando um mercado potencial inexplorado.

Informações sobre a composição química e a atividade biológica desse material são de grande importância para identificar o padrão de qualidade desse produto natural, principalmente, devido suas atividades biológicas, incluindo funções anti-inflamatória, antioxidante, anticâncer, antimicrobiana e antiviral. De acordo com a pesquisadora, estudos avançados sobre geoprópolis são poucos, o que justifica seu baixo valor econômico, evidenciando a importância de mais estudos sobre a qualidade e o potencial de produção de geoprópolis.

Sendo assim, a pesquisa realizada na Uesb contribui para valorização deste produto natural, sensibilizando, ainda, quanto à preservação das abelhas sem ferrão. “Há a valorização dos seus produtos e subprodutos, dos saberes tradicionais e ecológicos na produção artesanal e na bioeconomia, que pode substituir o consumo desenfreado de substâncias sintéticas, como os derivados de petróleo, comumente utilizados na produção de cosméticos”, avalia.

Foto de Capa: Divulgação|Boletim UESB
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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745