OZÓRIO DA SILVA PORTO
*06/09/1929†19/04/2021
EMÍLIA LIMA PORTO
*1934†17/10/2017
Ozório da Silva Porto nasceu na fazenda Pacheco, município de Bom Jesus dos Meiras, atual Brumado em 06/09/1929, mourejou também na fazenda Ariri. É um dos nove filhos do casal Tertulino da Silva Porto e Maria Rosa Sena.
Casou-se na igreja matriz de Brumado em 05/06/1952 com Emília Lima Porto de 18 anos de idade, nascida em Brumado, filha de Joaquim Ferreira Porto e Maria Alves de Lima. Evento celebrado pelo padre Antonio da Silveira Fagundes perante as testemunhas Zacarias Porto e Manoel Hermelino. Dessa união nasceram onze filhos: Juarez (1954), José (1955), Gildásio (1960), Gilmar (1961), Maria Estela, Geodete (in memoriam) 1963, Claudenor 1964, Claudeir 1966, Kátia 1968, Luciana 1971 e Alexandre (1974).
Enquanto Ozório desenvolvia as suas atividades laborais, a esposa se colocava como esteio da casa para a criação dos filhos. Exemplar e leal dona de casa, sempre deu o suporte necessário ao marido, cuidando do lar e da família, preparando os filhos para um futuro promissor.
Com objetivos definidos de amealhar recursos para futuros investimentos, aos 15 anos já trabalhava na lavoura, em fazendas da Serra das Éguas, laborando em plantações diversas. Visando a melhores ganhos, foi ser tropeiro, trabalhando com o tio, Sr. Manoel Porto, que possuía uma tropa de 27 animais de carga, com os quais fazia transporte de frete na região.
Almejando sempre a uma melhor situação financeira, passou a comprar caprinos, ovinos e suínos que eram revendidos para açougueiros. Comprou também um carro de bois que ele utilizava para vender rapaduras em diversos lugares.
As rapaduras, muito apreciadas pela qualidade, pesavam quatro libras, ou seja, dois quilos. Elas eram vendidas também a retalho, ao gosto do freguês. Meu Pai ia comprar rapadura em Ibiassucê é Paramirim para ser comercializada na sua barraca, e mais buscava em lombo de animais como mula é burro (Declaração do filho Gildásio Porto).
Em 1952, após se casar, mudou-se para Brumado com o fito de dar à família uma melhor qualidade de vida, educar os filhos e abrir comércio próprio, como era a sua intenção. Movido pelo interesse comercial, comprou um ponto situado na feira do Mercado Municipal (antigo), onde vendia variedades, comestíveis, atendendo, inclusive, os viajantes que demandavam à RFFSA – Rede Férrea Federal S/A.
Com o crescimento do comércio, resolveu comprar um local mais amplo e adquiriu ponto comercial, conforme o seu desejo, por 100 contos de réis e mercadorias que custaram 30 contos de réis. A empresa foi fundada em 1954 com o nome fantasia de CASA PORTO. Inicialmente, comercializava gêneros alimentícios e produtos diversificados; porém, com o advento dos supermercados, enveredou-se pelo ramo de materiais agrícolas e afins, tornando-se uma referência no setor nas décadas de 1960 a 1990. Para o sucesso comercial, contou com a colaboração dos filhos que envidaram esforços nesse sentido, trabalhando arduamente com dedicação e presteza.
Com a mudança da feira do local onde estava estabelecido, acompanhando o progresso e visando à expansão do negócio, em 1987, construiu um prédio na Av. Antônio Mourão Guimarães, nas imediações da feira nova, constituindo-se a primeira filial da CASA PORTO.
Foi revendedor dos produtos da CBC, com registro na 6ª RM para vender munição, sendo exclusivo em Brumado, para essa finalidade. Entretanto vendia, por outras vias, armas de fogo.
Em 1972, uma empresa paulista fabricante de charretes e carroças de tração animal procurou-o, levada por informação sobre sua conduta comercial séria e honrada, para ser vendedor de seus produtos, tornando-se o primeiro revendedor da marca PIGARI em toda a região.
Diversificando os negócios, adquiriu uma cerâmica em sociedade com os filhos, a qual funcionou por dez anos, de 1994/2004, tendo à frente seu filho Geodete que tomava as iniciativas de compra e venda. Hoje, a empresa está desativada pelas dificuldades encontradas junto ao IBAMA e ao CREA, enfim, as questões ambientais exigidas, inclusive a instalação de filtros, tornaram o custo muito alto, inviabilizando a comercialização.
Pioneiro, seu Ozório, ciente de que a palma era uma cultura imprescindível ao pecuarista por ser resistente à seca, fez plantação em grande escala para alimentação do seu rebanho vacum nessa época. Trata-se de uma cultura de grande poder econômico e volumoso de muita valia para os animais. Deu à cultura da palma a dedicação de importância que representava para a alimentação do seu gado. Afirmou que sempre preferiu a pecuária à lavoura. A única que cuida é a produção de palma.
Esteve aqui em Brumado, no Clube Social e Recreativo de Brumado, o Secretário da Agricultura do Governo Waldir Pires para uma palestra sobre o assunto. Falou que na Europa se fazia frenagem durante vários meses para alimentar o gado que ficava confinado por causa do frio implacável. Perguntou, então, aos pecuaristas presentes quantas pessoas plantavam palma suficiente para a alimentação de seus animais no período de seca. Apenas duas se declararam estar preparadas, uma delas foi Ozório Porto. O Secretário alertou os fazendeiros: o pecuarista precisa produzir alimentos e prover água para seus animais na época da seca. Não há de se soltar o animal no pasto a procurar alimento, isso é uma impropriedade. É preciso ter ciência e sensatez e não se embarcar nesse absurdo do comodismo, para se obter um retorno econômico plausível.
Por meio do comércio, Ozorio tornou-se um homem bastante conhecido tanto na cidade quanto na zona rural, local da sua origem. Conhece seus fregueses, quer do campo quer da urbe, por nome e sobrenome, uma memória privilegiada. Ninguém nunca deixou de comprar em seu estabelecimento por falta de dinheiro. Ele sempre foi reconhecido por essa generosidade. Fez inúmeros amigos e a todos dispensa amizade e cordialidade, como é do seu feitio.
Politicamente ingressou no MDB, como um dos fundadores, a convite e incentivo de amigos. Atualmente é membro do diretório do PMDB. Segundo suas declarações, a política é o único vício que possui, embora seja apreciador do seu cigarro de fumo de rolo, picado com canivete e confeccionado por ele mesmo. A sua vontade de votar era tanta que aumentou a idade para esse exercício, tendo em vista que, naquele tempo, só votavam as pessoas com idade a partir dos 18 anos.
Foi um dos fundadores da Cooperativa Agropecuária e sócio fundador do Clube Social. Diz-se socialmente não participante – rústico não é homem de sociedade –, pois é uma pessoa não afeita a esse convívio, entretanto incentivou os filhos a frequentarem os ambientes sadios e adequados para eles.
Através de informações dadas pelo filho Alexandre Lima Porto, soube que o seu pai é proprietário de mais ou menos 1.300ha de terras nas fazendas João Dias e Tabuleiro, ambas no município de Brumado. Kátia, uma das filhas, afirmou ser o pai proprietário, também, de alguns imóveis na cidade.
É um pecuarista e produtor de leite de muita importância pelo trabalho desenvolvido, embora diga que financeiramente não teve o retorno esperado. Os melhores resultados econômicos foram adquiridos no comércio, origem de todo o seu patrimônio, por conta das economias efetuadas, expectativas de bons resultados. Os bens granjeados foram o resultado de muito esforço e trabalho árduo, honrado e sério, comportamentos que lhe garantiram a credibilidade no comércio e a confiança de seus fornecedores e clientes.
Aposentou-se como comerciante em 1986, com mais de 31 anos de contribuição com 10 SMR, e hoje o benefício da sua aposentadoria está reduzido à importância injusta, uma aberração improcedente do descaso governamental para com os aposentados.
Ozório é católico praticante. Na juventude, era tocador de sanfona, habilidade que muita gente desconhece. Gosta de contar piadas com linguajar característico e se diverte com as que ouve, repassando-as com a contumaz argúcia que lhe é peculiar.
Certa feita, ao se encontrar com um casal conhecido, conversou amistosamente e ao ser interpelado pela senhora sobre a sua saúde, ele respondeu:
– A velhice é um tormento, pois velho não serve mais para nada.
– Por que, Seu Ozório? – Indagou à interlocutora.
– Velho carrega um pinto morto e dois ovos goros.
Esta é uma das piadas de seu Ozório, entretanto, há de se afirmar que nessa época ele estava depressivo.
As declarações da família falam da simplicidade e da humildade que abriram o caminho para a prosperidade, conceitos da personalidade que o caracteriza. Ozório da Silva Porto é um homem sério, honrado, bom pai de família, monogâmico, respeitador e respeitado pelas suas qualidades morais, caráter digno e índole ordeira e pacífica, virtudes da essência dessa figura humana digna que merece a nossa homenagem.
FALECIMENTO EM 17/10/2017: faleceu nessa data, aos 82 anos de idade, a senhora Emília Lima Porto, no Hospital Professor Magalhães Neto, esposa de Ozório da Silva Porto. Óbito atestado pelo médico Carlos Alves de Jesus Junior e registro feito em cartório pela filha Katia Lorena Porto. O Velório foi realizado na residência do casal e o corpo encontra-se inumado no cemitério municipal Senhor do Bonfim.
FALECIMENTO: Ozorio da Silva Porto faleceu aos 91 anos de idade em 19/04/2021 no Hospital Professor Magalhães Neto onde estava internado desde o dia 10 de abril.