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32 motivos de felicidade

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Faltavam 15 grupos de 24h para o Sim.

Largado no sofá o Moço pensava em tudo que já estava pronto.

Em tudo que ainda tinha que ser feito antes do grande dia.

Ao contrário da maioria, o Moço era participativo.

Ele tinha acompanhado sua Noiva em cada uma das etapas que precedem um casamento.

Degustações, visita a decoradores, fotógrafos, orçamentos e mais orçamentos e tudo o mais que eu nem sei contar.

Eu não sei.

Ele sabe.

Àquela hora da noite, largado no sofá ele se instalou confortavelmente na caixinha do nada.

Aquela caixinha, onde só os homens sabem se colocar.

E enquanto lá estava mordia distraidamente o cantinho da unha.

Agora já estava bem mais perto do que longe.

Era só torcer para que nenhum imprevisto acontecesse.

Tudo caminhando conforme o planejado seria perfeito.

Até que nessa hora ouviu um barulho que parecia vir de um lugar muito perto.

Parecia até mesmo vir de dentro dele.

Não era possível.

O barulho era como se fosse de um osso se quebrando.

Não era possível.

Com um pulo estava em frente ao espelho para constatar que fora sim possível.

O que havia quebrado era algo muito precioso: seu dente da frente!

O Moço se viu, tarde da noite, noivo, sozinho e banguela.

“Eu não posso casar banguela.”

Banguela quando agora, faltavam apenas 14 grupos de 24h.

Ele precisava falar com alguém.

Quem àquela hora?

A Noiva?

Não!

Melhor ficar quieto.

Melhor deixa-la o máximo de tempo possível sem saber do fato.

“Eu não posso casar banguela!”

Voltou ao espelho e analisou cuidadosamente o janelão que se instalara em sua boca.

Analisou o dente que agora tinha nas mãos e baseado nos conhecimentos que havia adquirido nos cursos do Instituto Universal constatou:

“Aqui, só um implante.”

E enquanto tentava se acostumar com aquele espaço extra para a língua correu para a Internet para procurar um profissional da área.

“Eu não posso casar banguela.”

As opções eram inúmeras.

Listou 30 lugares onde poderia realizar o implante.

Precisava dormir.

Ficar acordado não iria fechar a nova janela.

Deitou e capotou.

“Cheguei a pensar que não iria conseguir.”

Quem ouviu não entendeu de imediato.

O Moço olhou para sua Noiva, lindamente à sua frente.

“Você não sabe, Linda, mas a viagem a trabalho nunca existiu.”

A Noiva que passara alguns períodos de 24h achando o Moço o mais estranho de todos, fez aquela cara de quem espera há muito entender algo.

 “Aquele dia que você chegou lá em casa e eu me escondi no banheiro, lembra?”

“Claro!”

“Eu estava sem dente. Sem esse aqui ó.” – Disse apontando o dente da frente.

Todos começaram a rir, sem entender nada.

“Meu dente tinha se quebrado naquela noite e eu não queria que você se preocupasse, por isso passei três dias fugindo de você. O tempo que aquele cara ali, falou apontando para o dentista, consertava meu dente.”

A Noiva que já estava pronta para chorar, pois imaginava que ia ouvir os votos do Moço, começou a gargalhar.

“Mas eu não podia me casar tendo segredos com você, minha Linda.”

Ela se controlou, e ele continuou:

“O dente quebrou enquanto eu tirava uma pelinha da unha. Foi horrível!”

A moça que havia se controlado disparou a rir novamente. O riso de alívio.

“Agora sim, posso fazer os meus votos.”

E ele prometeu e ouviu promessas.

O casamento foi emocionante, a festa encantadora e o ex banguela e sua Linda tiveram uma vida magnífica, como um sorriso cheio de belos dentes! 

 

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744