Em Março passado, o número de empregos formais atingiu o ponto mais alto registrado na série histórica, totalizando 46,2 milhões de postos com carteira assinada
Por Nathália Ramos Guimarães
Em março, 61% das cidades (um total de 3.413 municípios de 5.570) apresentaram um aumento líquido no número de empregos com carteira assinada. Durante os últimos 12 meses, o saldo de empregos atingiu 1,65 milhão, contrastando com o saldo de 1,93 milhão registrado no mesmo período do ano anterior, representando uma queda de 15%. Os dados são da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Para o primeiro trimestre de 2024, o saldo registrou 719.001 empregos, marcando um crescimento de 35% em comparação com o mesmo período de 2023.
Marlon Bento, diretor administrativo da Line Bank BR, afirma que um dos fatores que contribuíram para esse resultado foi a baixa sucessiva da Selic, taxa básica de juros da economia, que está possibilitando que empresas tenham acesso ao crédito.
“Quem tomou crédito pode fazer novas contratações e quem estava pensando em demitir não demitiu, manteve os funcionários na empresa para que pudessem continuar avançando nos trabalhos. E também o cenário positivo da construção civil no Brasil. A construção civil aumenta, a industrial aumenta e por aí vai. É uma cadeia sucessiva de desenvolvimento e de formação de emprego”, explica.
Para o economista Cesar Bergo, os dados apresentados foram compatíveis com a própria dinâmica observada no segundo semestre de 2023 e primeiro trimestre de 2024, quando houve uma melhora generalizada das atividades econômicas.
“Esse aumento generalizado nessa oferta de emprego aconteceu em função de vários fatores. Teve o crescimento econômico; o investimento em infraestrutura, sobretudo pelo programa de aceleração do crescimento, teve a expansão de setores específicos das indústrias e de serviços”, explica.
Em março, o número de empregos formais atingiu o ponto mais alto registrado na série histórica, totalizando 46,2 milhões de postos com carteira assinada. Neste mesmo mês, houve um aumento de 0,5% em relação ao mês anterior, um crescimento de 2,7% em comparação com março de 2023 e uma elevação de 3,5% nos últimos doze meses.
Emprego por regiões
Em todas as regiões do país, houve um aumento no estoque de empregos. Bergo destaca que o maior crescimento mensal foi observado na região Centro-Oeste (+0,7%), sobretudo em razão do agronegócio. A maior expansão em comparação com março de 2023 e nos últimos doze meses ocorreu na região Norte (+4,3% e +4,7%, respectivamente).
Por outro lado, o menor aumento mensal foi registrado na região Nordeste (+0,2%), e os menores incrementos em relação a março de 2023 e ao acumulado dos últimos doze meses ocorreram na Região Sul (+1,8% e +2,6%, respectivamente).
Expectativas
Para Cesar Bergo, a tendência para os próximos meses é de preocupação. “Nós estamos vendo uma queda nas atividades econômicas. Saiu uma estatística com relação ao setor de serviço, houve uma queda na atividade. A indústria também, vem de alguma forma, declinando. Isso vai ter reflexo no mercado de trabalho, que já apresenta uma certa fraqueza”, aponta.
Ele ressalta que o estado de calamidade do Rio Grande do Sul também tem reflexo direto na oferta de empregos.
Para Marlon Bento, as projeções para os próximos meses devem ser mais positivas, com expectativa de que continuem acontecendo cortes na Selic, fazendo com que os empresários continuem tomando crédito. Ele também aponta para um avanço na construção civil brasileira.
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