Por: Victor Silva
Muito se fala sobre tudo o que acontece com uma mulher, seu corpo e sua personalidade no momento em que ela se torna mãe. Mas, e os homens? Eles também se transformam com a paternidade? O PhD em Neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, também é pai, e explicou o que acontece no organismo do homem após a paternidade, bem como o cérebro masculino reconhece o novo papel.
Conforme Fabiano, “diferente das mães, os pais não carregam os filhos por meses em suas barrigas, nem tem a oportunidade de amamenta-los. No entanto, quando existe a responsabilidade que deveria ser inerente a todos os homens, o novo pai aprende que tem uma nova posição no mundo: a de cuidar de um outro ser e amá-lo assim que o conhecer”.
A partir do fim da gestação até os primeiros meses de vida da criança, uma substância chamada ocitocina será produzida e liberada em maior quantidade no organismo masculino.
Conforme o professor, o comportamento do pai, com o passar do tempo, passa a ser de maior zelo e cuidado em relação ao filho. Há também o aumento de dois neurotransmissores: a serotonina e a dopamina.
O professor também explicou que os aspectos socioculturais do “aborto paterno” também podem prejudicar essa relação, já que, o índice de crianças com pais ausentes ou que nem conhecem seus pais é altíssimo no Brasil.
O percentual de pais ausentes no Brasil vem crescendo desde 2018. Os quatro primeiros meses de 2022 já conseguiram ultrapassar o índice de recusa à paternidade, se comparados ao mesmo período nos anos anteriores.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Arpen Brasil em seu Portal de Transparência, entre janeiro e abril de 2018, aproximadamente 5,3% dos registros de nascimentos foram feitos apenas com o nome da mãe. Em 2020 e 2021, este índice passou para a casa dos 5,8% e 5,9%. No mesmo período em 2022, o percentual de pais que renegaram a paternidade saltou para 6,6%, o maior até agora.
Em sua experiência pessoal, Fabiano descreveu a paternidade como sendo “um estado diferente, um sentimento intermitente, só se sabe quando se é pai. Ser pai é ser responsável, ter medo de morrer e se preocupar com o futuro do filho. Também é cumprir um ciclo, viver atento e sentir a dor do outro, como sua, porque realmente é, e, sobretudo, ter certeza que sua vida já valeu e que nada foi em vão”, finalizou.
Sobre Fabiano de Abreu Agrela
Dr. Fabiano de Abreu Agrela é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat – La Red de Investigadores Latino-americanos, do comitê científico da Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bolívia, Escuela Europea de Negócios na Espanha, FABIC do Brasil e investigador cientista na Universidad Santander de México. Registros profissionais: FENS PT30079 / SFN C-015737 / SBNEC 6028488 / SPSIG 2515/5476.