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Como lidar com quem tem a Doença de Alzheimer?

Publicado em

Por: Ana Lucia Ferreira

 

Lidar com uma pessoa que possui a Doença de Alzheimer não é tarefa fácil e precisa de muito cuidado. Muitos cuidadores iniciam o processo de cuidar sem nenhum conhecimento sobre como lidar adequadamente com os desafios e tarefas desta função.

Além de saber mais sobre a doença, de aceitá-la, e de realmente compreender que a pessoa não é a demência, existem estratégias que podem ser usadas para gerenciar os sintomas para reduzir o sofrimento que quem vive com demência e seus familiares cuidadores podem vir a sentir.

O cuidador precisa estar preparado para lidar com vários desafios que a doença pode ocasionar na vida dos familiares, do indivíduo e do próprio cuidador, como o cansaço físico e mental. É importante que o cuidador esteja treinado para estimular a autonomia e independência da pessoa com demência e que seja qual for o ambiente em que ela está inserida, é preciso acompanhar o seu desenvolvimento e auxiliar para que não haja acidentes, auxiliando nesses processos, mas sempre estimulando o indivíduo ao menos tentar realizar as tarefas, para que sua independência possa ser mantida ou prolongada.

A perda da memória, confusões e dificuldades para fazer as tarefas do dia a dia exigem paciência e criatividade da pessoa que cuida em lidar com tudo isso. De acordo com a professora – doutora e assessora científica do Método SUPERA – Ginástica para o cérebro, Thaís Bento Lima, é muito importante evitar confrontar a pessoa que está passando por essas dificuldades, já que para ela isso pode ser tão frustrante e aterrorizante quanto para a pessoa que cuida. “É necessário que a pessoa que vive com demência tenha uma rotina com a qual ela se sente confortável, e que ela possa ter mais autocontrole possível do seu ambiente, fazendo as coisas que lhe dá prazer e que ajudam a manter a sua autoestima, podendo evitar o sofrimento da pessoa”, ressalta.

Thaís Bento Lima, assessora científica do Método SUPERA – Ginástica para o cérebro alerta ainda para a importância de buscar conhecimento e informações de qualidade que possam dar suporte aos cuidados. “Isso oferece melhores condições da pessoa que cuida de lidar com a doença, a apoiar o seu familiar, e a gerenciar a própria vida de maneira mais equilibrada”, afirma.

Confira algumas dicas básicas na rotina de cuidadores e de pessoas com o diagnóstico de demência:

– A pessoa idosa com diagnóstico de demência não é uma criança que perdeu a sua capacidade. Não deve ser tratada de forma infantilizada, ainda que necessite de cuidados supervisionados. A pessoa pode estar doente, mas a doença é apenas uma parte da vida dela. Não podemos reduzir a pessoa ao diagnóstico;

– Mantenha a sua rotina o mais normal possível, mantendo hábitos que ela goste, como passear, ir ao cinema, estimulando ao máximo a sua participação;

– Colocar a pessoa com diagnóstico de demência em contato com animais e crianças, para estimular a interação social;

– Ter paciência. Se você acha difícil cuidar, pense se não seria mais difícil ser cuidado. Trate o outro como gostaria de ser tratado;

– Mostre gravuras, revistas e fotos que o agradem;

– Caso ele goste, coloque músicas para ouvir;

– Realize atividades físicas leves ou moderadas, desde que não haja nenhuma contraindicação por problemas de saúde física;

– Tente introduzir em seu dia a dia atividades manuais e exercícios mentais, como ler, jogar e pintar;

– Encoraje atividades domésticas simples como varrer ou tirar o pó, pois irão gerar no indivíduo um sentimento agradável de participação e utilidade;

– Facilite e adapte o ambiente: seja no local do banho – com barras de apoio –, salas e quartos – com tapetes antiderrapantes – e uma boa iluminação.

– Busque aconselhamento com profissionais capacitados que poderão avaliar e indicar quais atividades poderão ser executadas pela pessoa segundo as limitações físicas ou mentais apresentadas.

Todas essas dicas, ajudam a melhorar a qualidade de vida da pessoa com a Doença de Alzheimer, pois o tratamento de doenças neurológicas, para ter melhores respostas, envolve tanto o tratamento farmacológico quanto o não farmacológico.

Para a gerontóloga, conhecer a história de vida da pessoa com a Doença de Alzheimer e suas potencialidades é essencial. “Ao saber de suas preferências, é interessante propor atividades prazerosas que irão repercutir em uma melhora de sua qualidade de vida. Momentos e trocas com os amigos, familiares e o engajamento podem ajudar a acalmar e proporcionar o bem-estar psicológico da pessoa, assim como receber carinho, afeto e gestos de amor, em momentos em que o indivíduo apresentar alterações de comportamento, como agitação, irritabilidade e confusão mental, que são as alterações comportamentais mais frequentes no processo”, frisa Thaís Bento, assessora científica do Método SUPERA – Ginástica para o cérebro.

Para ela, colocar-se no lugar da pessoa é fundamental para que o cuidador possa ter mais paciência e empatia com o que ela está passando, ajudando a promover uma relação de mais carinho e compaixão.

No decorrer do tempo, pode ficar cada vez mais difícil para as outras pessoas identificarem a personalidade e identidade de quem vive com demência por traz da doença. Segundo a gerontóloga, a pessoa que vive com a Doença de Alzheimer ainda tem a sua identidade, seus desejos, sentimos e preferências apesar da sua doença. “O que muda é a sua capacidade de comunicar e a nossa de compreender tudo isso. E ela, vai dependendo cada vez mais de nós para mantermos o seu valor e identidade vivos perante o mundo”, completa.

 

 

Foto de capa: Shurkin_son/Freepik

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