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Ações culturais da Uesb promovem formação em diferentes linguagens

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Por: Joana Rocha/Revista Eletrônica da Uesb

 

Ações de extensão na área cultural também fazem parte da formação acadêmica da Uesb. Educação e arte andam juntas e são capazes de desenvolver o senso crítico e reverberar as complexidades de emoções nos seres humanos. Promover e formar culturalmente as pessoas que adentram e frequentam os variados espaços da Universidade é fundamental para que as atividades também transformem pessoas fora dela.

Em uma dessas ações, o professor Elton Quadros assistiu a primeira sessão de cinema do Programa Janela Indiscreta, em 1992. Apaixonado por livros, o então estudante de nível médio, morador da zona leste de Vitória da Conquista, frequentava a biblioteca da Uesb para ter acesso a livros e conhecimento. Uma dessas visitas coincidiu com a exibição, que ele fez questão de acompanhar.

“Aquilo me encantou profundamente. Eu tinha interesse em cultura, mas como uma pessoa nascida num bairro periférico, eu não tinha esse lugar de conversa, diálogo. Ali era um lugar que os professores comentavam, eu não parei de vim. Vinha a todas as sessões e, coincidentemente, era o dia de devolver os livros que pegava na Biblioteca. Então eu devolvia, pegava livro e assistia filme, sempre assim, devolvia, pegava livro e assistia filme”.

Segundo Quadros, o Programa deu a um jovem de família pobre uma grande oportunidade de aprendizado, ao dar a chance de ouvir e conversar com professores que comentavam sobre os filmes ao final de cada exibição. “Para muita gente, o Janela é um cineclube, mas, para mim, o Janela foi uma abertura para o mundo da cultura. O Janela me fez virar gente. Gente no sentido que participa de uma vida cultural”, explica o professor, que integra, atualmente, o quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade da Uesb.

Janela Indiscreta: o cinema em diálogo com o mundo

Instituído como programa de extensão da Uesb, no campus de Vitória da Conquista, o Janela Indiscreta realiza, desde 1992, a exibição e a leitura coletiva de filmes em diversos espaços sociais, formação de público para o cinema e encontros para reflexão, discussão e formação.

Esse espaço de acolhimento e partilha fazem parte da criação do Programa, como conta a professora Milene Gusmão, coordenadora em exercício da iniciativa. “O Janela surge a partir do encontro de vários amigos, entre eles Jorge Melquisedeque e Pedro Gusmão, que gostavam de ver filmes e que se reuniam para discutir cinema no Clube de Cinema. O Janela começa com as sessões, nesse âmbito da difusão, exibição e da formação de público para o cinema brasileiro”.

A formação de pessoas e plateia evidenciam o poder que a arte tem de influenciar positivamente e educar criticamente. A Universidade também é responsável quando se abre para a comunidade e incentiva a formação acadêmica em Cinema e facilita o acesso aos espetáculos. “O Janela foi o projeto que mais avançou na Universidade nessa dimensão de interlocução com a cultura e, também, foi o que mais avançou no nível de formação do seu quadro. Foi ele que possibilitou uma ampliação dessa ação institucional da Uesb, que conseguiu a partir de uma ação de extensão, articular pesquisa ao ensino de graduação e pós-graduação”, reforça Gusmão.

Prestes a completar 30 anos de existência, o Programa é o principal responsável pela implantação do curso de Cinema e Audiovisual da Uesb, em 2010. Através do “Cinema Itinerante”, da “Mostra Cinema Conquista” e “Mostrinha de Cinema”, do “Cinema: Eis a Questão”, seminários e de outros eventos, o Janela Indiscreta possibilitou que crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos conhecessem a sétima arte.

Encontro e partilha

É, também, nessa perspectiva de levar o conhecimento por meio da arte que o curso de Teatro da Uesb, campus de Jequié, chegou para mudar a vida de Lincoln Aguiar, graduado em 2018. Atuando na cidade como professor efetivo de Teatro em escolas públicas e privadas, ele mantém sua relação com o curso, por meio do Laboratório Universitário de Práticas de Atuação (Lupa).

Aguiar compõe o Núcleo Artístico Permanente de Extensão que integra o Programa de Educação Tutorial Institucional (Peti) em Teatro. “Tem sido uma experiência primorosa para mim. O Peti-Teatro é um espaço incrível para que eu me mantenha sempre em processo, tanto como intérprete quanto como professor, e experimente, cada vez mais, possibilidades cênicas e interpretativas”, relata.

O Programa de Educação Tutorial Institucional, vinculado ao curso de licenciatura em Teatro, foca na democratização do acesso à formação e aperfeiçoamento profissional de agentes culturais da região. “A existência e a resistência do curso no contexto interiorano de Jequié têm modificado, ao longo dos anos, as perspectivas de jovens e adultos. Assim como, têm ressignificado os olhares da comunidade externa para a Universidade e para o teatro”, avalia o professor.

Para Diego Vieira, estudante do 4º semestre de Teatro, essas ações são fundamentais para aprimorar as capacidades artísticas, ampliar o conhecimento e ter contato com o público. “O desenvolvimento coletivo que o Peti proporciona, a troca de experiências com artistas locais, com a comunidade acadêmica e externa geram um ambiente de aprendizado muito satisfatório”.

Professor do curso de Teatro da Uesb, Uendel de Oliveira reforça, ainda, o papel educacional do teatro, inclusive enquanto campo de estudo científico. “O curso é fundamental para evidenciar que conhecimento acadêmico e científico pode ser – e é – produzido no campo das artes, considerando não só as dimensões racional e lógica da experiência humana, mas, também, as dimensões afetiva, sociopolítica e estética no mundo, na vida em sociedade”, finaliza.

 

 

Foto de capa: Divulgação

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