redacao@jornaldosudoeste.com

Ensino da Uesb transforma a Educação Básica da região

Publicado em

Por: Joana Rocha/Revista Eletrônica Uesb

 

A Educação Básica é o pontapé na formação dos cidadãos. É nos primeiros anos de educação escolar que as pessoas aprendem a fazer os primeiros rabiscos até chegar à escrita de palavras e frases, além de estabelecer contato com a leitura. O acesso ao estudo de arte, ciências, história, matemática, geografia e ao esporte também fazem parte dessa trajetória formativa.

Mesmo sendo um período tão importante e um direito garantido pela Constituição Federal, no Brasil, ainda existem cidadãos que não têm ou não tiveram acesso ao ensino básico. Mais da metade da população brasileira acima dos 25 anos não concluiu esta etapa, chegando a marca de 51,2% (ou 69,5 milhões de pessoas), segundo levantamento realizado em 2019, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

Para mudar a realidade desse cenário, o professor José Jackson Reis dos Santos, do Programa de Pós-Graduação em Ensino da Uesb, vem atuando há 18 anos com a disciplina “Educação de Pessoas Jovens e Adultas I e II”, no curso de Pedagogia, campus de Vitória da Conquista. “Em nosso contexto específico, buscamos aliar ensino, pesquisa e extensão. Os livros que produzimos na disciplina e no âmbito de nosso Grupo Colaboração(Ação): Estudos e Pesquisas em Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas narram histórias de estudantes da EJA, tendo a fotografia como linguagem-arte principal da obra”, esclarece o docente ao se referir ao projeto Foto(Grafias).

Egressa do curso e hoje atuando como professora no Ensino Fundamental I da Rede Municipal, Ana Carolina Brito diz que o projeto desenvolveu um olhar diferenciado para a modalidade de ensino e a compreensão de como é a atuação dos professores nas turmas. “A temática trabalhada na edição da qual fizemos parte foi a ético-racial. Esse tema provocou profundas reflexões para a nossa formação e para compreendermos o racismo estrutural, revelando ainda, o papel de mudança que a educação tem na vida dos estudantes da EJA”, conta.

O livro “Mulher negra e sonhadora” mostrou a história de vida e a maternidade, ainda na adolescência, de uma estudante que morava na zona rural de Conquista. “A força de vontade dela em continuar estudando, de mostrar suas raízes, de ver que mulheres negras podem e devem ocupar papel de destaque nos serviu de inspiração. Sem dúvidas, os ganhos depois do projeto foram vários”, revela.

Fazendo a diferença

Oriunda das antigas Faculdades de Formação de Professores, a Uesb tem papel fundamental na preparação de profissionais que atuam na educação das cidades de Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista. Com a graduação em Pedagogia nos três campi, a Universidade contribui com a formação e qualificação para o exercício do magistério e, ainda, coopera com a melhoria do processo de ensino-aprendizagem em outros municípios da Bahia.

Do campus de Itapetinga, vêm as experiências positivas do Centro de Pesquisa e Estudos Pedagógicos, criado em 2002, pela professora Rita de Cássia Souza Ferraz, do Departamento de Ciências Humanas, Educação e Linguagem (Dchel). Integrado a ele, existe o Observatório de Docência e Diversidade, implementado pela professora Lúcia Gracia Trindade, também do Dchel, em março de 2020.

Segundo Trindade, “o Observatório tem a finalidade de desenvolver ações de ensino, pesquisa e extensão que contribuam para o desenvolvimento do conhecimento necessário para promoção da formação e equidade na educação”. Ambas iniciativas auxiliam os professores iniciantes da Educação Básica, e as ações desenvolvidas chegam aos professores proporcionando vantagens, ganhos e possibilidades de crescimento profissional.

A docente fala, por exemplo, sobre os impactos da atividade de extensão mais atual, que é o Programa de Mentoria On-line, voltado, exclusivamente, aos professores da Educação Básica de qualquer região do Brasil. “O começo da docência é muito complexo, é onde os professores fazem a transição de estudantes para docentes. Assim, o Programa de Mentoria visa oferecer apoio a esses professores iniciantes e conta, especificamente, com docentes experientes (formados) para atuar como mentores, favorecendo a permanência e atenuando dificuldades”, explica.

Pós-graduação profissional

Aprimorar a formação de professores que estão nas salas de aula, e possibilitar a aproximação entre a Educação Básica e a pós-graduação são as premissas que nortearam os Programas de Mestrado Profissionais. É o caso do Mestrado Profissional em Química (ProfQui), campus de Jequié, que funciona em rede e já conta com duas turmas formadas e outras duas turmas em andamento na Uesb. “Por meio do mestrado profissional, os professores da Educação Básica podem aumentar o seu nível de capacitação e desenvolver resultados de pesquisas úteis para sociedade, modificando o cenário social”, explica a professora Sulene Alves de Araújo, coordenadora do ProfQui.

O Programa já conta com 12 dissertações publicadas. Entre elas, a de Alba Consuelo Lima, que integrou a primeira turma do Mestrado, em 2017. Para a professora, o Programa significou aprimoramento profissional e um olhar mais crítico em relação ao ensino-aprendizagem. “O mestrado, sem dúvida, trouxe bastante impacto na minha vida profissional e pessoal. Através do projeto de pesquisa sobre a interdisciplinaridade, pude experimentar um outro olhar aos meus estudantes, uma aproximação maior e, consequentemente, um melhor comprometimento com eles, o que possibilitou um olhar mais amplo sobre a educação”, avalia.

Além da área de Química, a Uesb conta, atualmente, com Mestrados Profissionais em mais cinco áreas em sua grade: Física, História, Letras, Matemática e Educação Física. Todos os cursos são destinados ao aprimoramento formativo de profissionais da Educação Básica e funcionam em rede com outras Instituições de Ensino Superior do Brasil.

 

Foto de capa: Programa de Educação Matemática de Jovens e Adultos/Divulgação

Deixe um comentário