Olavo de Carvalho me disse, hoje de manhã, que …
“Oi?” exclamará o leitor, intrigado sobre esse diálogo com o mestre ausente. No entanto, os sábios falam abundantemente aos leitores nas páginas de suas obras. É uma forma de imortalidade apenas percebida pelos que abrem seus livros e sentam-se para ouvi-los.
Então, retomo: Olavo de Carvalho me disse hoje de manhã que “a censura, a supressão dos fatos indesejáveis, tornou-se a rotina da grande mídia internacional democrática como outrora o foi na URSS e ainda é no comunismo chinês. Dificilmente a KGB terá algum dia empreendido uma operação-abafa tão vasta e tão bem sucedida quanto a ocultação dos documentos falsos de Barack Hussein Obama pela mídia americana ou o completo sumiço do Foro de São Paulo, por dezesseis anos, nos jornais e canais de TV do Brasil.” (Diário do Comércio, 05 de janeiro de 2014)
Quando as relações de Lula com as ditaduras ibero-americanas e africanas entraram na lista das referências proibidas na campanha eleitoral presidencial, veio-me à lembrança a prolongada ocultação da existência Foro de São Paulo pelo jornalismo nacional. Olavo denunciou bravamente o fenômeno ao longo de muitos anos, sendo esse empenho usado para desqualificá-lo como propagador de “teorias da conspiração”.
Longe das páginas do jornalismo brasileiro, o Foro tinha intensa vida ativa. Promovia concorridas reuniões internacionais, agrupava crescente número de organizações de esquerda, estabelecia estratégias e objetivos e foi consolidando hegemonia comunista em diversos países, seja pelo domínio dos meios culturais, seja pelo uso revolucionário da força bruta.
Criar o Foro de São Paulo foi uma ideia de Lula e Fidel Castro. O primeiro encontro foi realizado em São Paulo (daí o nome do organismo) em 1990, um ano após a queda do Muro de Berlim, para recuperar aqui o que fora perdido no leste europeu. Para todos os efeitos, não obstante, toda menção a sua existência era rotulada como delírio psicótico de quem o referisse.
Passados 32 anos, os laços de fraternidade ideológica, os objetivos comuns, os jantares festivos, os conluios de mesa de bar e o uso dos recursos do trabalhador brasileiro para financiar tiranias recebem interdições e voltam a ser tratados como se teoria da conspiração fossem.
Muitas vezes, o abismo moral não está no que um líder faz ou diz, mas no que não faz ou não diz. Líderes de esquerda, sempre – sempre! – que questionados sobre abusos perpetrados por governantes membros do Foro de São Paulo, mudam de assunto e passam a falar sobre autodeterminação e sobre imperialismo norte-americano.
Eu desafio Lula a reprovar, com palavras que facilmente sairiam da boca de qualquer amante da liberdade e da democracia, o que Daniel Ortega está fazendo na Nicarágua. É aí que está boa parte do perigo.
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