A já tradicional data do varejo é oportuna para comprar aquele sonhado produto com um bom desconto, mas também pode trazer dor de cabeça para os consumidores. Confira as dicas para não cair em golpes e não se endividar
Por: Felipe Moura/Brasil61
“Black Fraude” ou “Tudo pela metade do dobro”. Essas expressões misturam pitadas de humor e ironia dos consumidores brasileiros em referência a já tradicional Black Friday que, neste ano, será no dia 25 de novembro. Mas apesar das frustrações com esse evento importado dos Estados Unidos, é possível encontrar bons descontos para comprar aquele sonhado bem de consumo. E o mais importante: sem cair em golpes ou se endividar.
Por isso, o Brasil 61 entrevistou especialistas que vão te ajudar a fazer compras seguras e a evitar aquela dor de cabeça. Marcelo de Souza Nascimento, diretor-geral do Procon-DF, alerta os consumidores para tomarem cuidado com as fraudes.
“É um momento que já está consolidado entre os brasileiros. Pegou, vamos dizer assim, esse período de promoção que veio importado dos EUA. Ficou bastante conhecido, mas também se tornou um momento muito propício para os golpistas se aproveitarem para ludibriar e enganar os brasileiros”, diz. Ele comenta que os golpes são mais frequentes no comércio eletrônico, sobretudo em sites e nas redes sociais.
Confira algumas dicas dos especialistas para comprar na Black Friday.
Fique atento aos sites e perfis falsos
A mentora financeira Sílvia Machado recomenda: nada de clicar em links recebidos de terceiros. “Não compre em links recebidos por e-mail ou WhatsApp. Mesmo que sejam iguais àquela loja que você está acostumado, saia do link que você recebeu, entre no site oficial daquela loja e verifique se aquela promoção realmente é daquela loja. Tem muito golpe que você compra, paga e não vai receber nada. Aí com certeza vai sair caro demais”, pontua.
Se ainda sim tiver dúvida sobre a veracidade do site, há algumas dicas extras que podem te ajudar. Antes de efetuar a compra, verifique se o endereço do site é acompanhado de um cadeado. Marcelo também recomenda que o consumidor fique atento se a suposta loja tem CNPJ, endereço físico, canais de atendimento e, até mesmo, a pequenos detalhes: “Se você prestar atenção, você consegue reparar algumas falhas, às vezes no nome da empresa, erros comuns de português, concordância. Isso também chama a atenção”, destaca.
Pesquise e acompanhe o preço dos produtos com antecedência
Ter certeza de que está acessando um site seguro é apenas o primeiro passo para evitar problemas na Black Friday. Afinal, mesmo as empresas consolidadas no mercado podem tentar enganar o consumidor. E uma das armadilhas mais comuns é a manipulação dos preços.
Assim, um produto que custava R$ 1.000 nos meses anteriores à Black Friday, por exemplo, tem seu preço reajustado para R$ 2.000 à medida que a data se aproxima. No dia da promoção, a empresa anuncia um “desconto” de R$ 1.000, voltando o produto ao seu preço de costume, o que nada mais é do que uma tentativa de ludibriar o cidadão. É daí que vem expressões criativas como “tudo pela metade do dobro”.
É evidente que, às vezes, a manipulação dos preços não é tão perceptível, o que deve fazer o consumidor redobrar os cuidados. “Que ele venha pesquisando para saber se aquele produto que está sendo anunciado realmente está em promoção, porque a gente percebe que alguns estabelecimentos elevam o preço do produto e dão um desconto para maquiar uma suposta promoção. Então, é muito importante que o consumidor já tenha no radar aquilo que ele vai comprar nesse período promocional, que ele já venha monitorando o preço”, orienta Marcelo.
Há sites de pesquisa e comparação de preço entre as lojas que podem ajudar o consumidor a conferir o histórico de preço daquele produto que ele deseja comprar. Marcelo diz também que é preciso desconfiar sempre que algum anúncio promete um produto ou serviço por um preço muito abaixo dos concorrentes.
Mas fazer compras seguras na Black Friday não passa apenas por tomar cuidado com sites e perfis falsos ou com promoções mentirosas. É, também, saber se o que você vai comprar cabe no seu bolso.
Analise se o seu orçamento permite ir às compras na Black Friday
Sílvia Machado diz que os consumidores devem aproveitar a Black Friday de forma consciente. Ela orienta os compradores a checar as finanças antes de gastar. “Cheque quanto você já tem comprometido de parcelas de outras compras anteriores nas faturas de cartão deste mês e dos próximos dois, ou seja, veja quanto já está comprometido. Depois, estipule o quanto você pode gastar.”
Além de entender o quanto pode gastar, Sílvia também pede aos consumidores para não comprar um produto por impulso. “O mais importante de tudo é não cair na tentação do ‘ah, mas tá tudo tão barato’, porque mesmo que caiba no seu bolso, algo barato, ruim e inútil não serve para nada”, assegura.
Antes de comprar pela internet, simule o preço do produto com o frete, recomenda a mentora. “Às vezes o vendedor, só para chamar tua atenção, anuncia por um preço muito abaixo, mas na hora em que você concluir a compra com o frete, você acaba se dando um pouco mal.”
Cuidado para não se endividar
A dica anterior é fundamental para evitar que a compra traga consigo o arrependimento no futuro. Nada de cair na “armadilha do 13º salário”, diz a mentora financeira. Isso porque o fim de ano costuma trazer não só mais dinheiro, mas também mais gastos, como os presentes de Natal, a viagem nas férias e, mais para frente, material escolar dos filhos, IPTU, IPVA.
“É realmente muito importante fazer uma autoanálise financeira antes de ir às compras. Caso você não tenha o hábito de se programar e se planejar, essa é uma ótima oportunidade. Evite gastar todo o seu orçamento na Black Friday, porque logo em seguida você vai se defrontar com essas despesas e pode, sem querer, chegar em janeiro e fevereiro e ver que se enrolou e o que é pior, se você não conseguir pagar a fatura, vai acabar se endividando”, avisa.
Denuncie as irregularidades
Se mesmo seguindo todas essas dicas, você acabar caindo em um golpe ou perceber alguma irregularidade, o caminho recomendado é entrar em contato com a empresa, primeiro, para tentar resolver o problema. Sem solução, o próximo passo é acessar a plataforma Consumidor.gov.br ou procurar o Procon mais próximo de sua residência.
Foto da Capa: Agência Brasil
Fonte: Brasil 61