GABRIELA OLIVEIRA/GABRIELA MATIAS
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No dia 21 de janeiro é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa no Brasil. A data foi escolhida em homenagem à Mãe de Santo Gildásia dos Santos e Santos, Mãe Gilda de Ogum, vítima de intolerância religiosa em 1999.
Após publicação de sua foto em um jornal da Igreja Universal do Reino de Deus com o título “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”, seu Terreiro passou a ser alvo de ataques e perseguições. Com problemas de saúde agravados, Mãe de Santo Gildásia dos Santos e Santos, Mãe Gilda de Ogum, faleceu no dia 21 de janeiro de 2000.
Vinte e três anos depois, a intolerância religiosa – o ato de discriminar ou ofender religiões, liturgias, cultos ou agredir pessoas por conta de suas práticas religiosas e crenças – é uma realidade dos praticantes de religiões, especialmente as de Matriz Africana, muitas vezes desconhecidas ou vítimas de preconceito pela maioria dos brasileiros, mostrando a dificuldade que o país miscigenado e multicultural tem com as diferenças. O que deveria trazer uma sensação de leveza e conexão espiritual se torna motivo de constrangimento e repressão. O desconhecimento sobre as culturas religiosas e o uso da religião como ferramenta de controle da população e exercício do poder político, que remonta do império Romano, como pontuou Maquiavel na perspectiva da sucessão Rômulo – fundador de Roma, segundo a mitologia romana, no ano 717 a.C. Segundo Maquiavel, o que confere valor a uma religião não é a importância de seu fundador, o conteúdo dos ensinamentos, a verdade dos dogmas ou a significação dos mistérios e ritos. Importa não a essência da religião e sim sua função e importância para a vida coletiva. A religião ensina a reconhecer e a respeitar as regras políticas a partir do mandamento religioso. Essa norma coletiva pode assumir tanto o aspecto coercivo exterior da disciplina militar ou da autoridade política quanto o caráter persuasivo interior da Educação Moral e Cívica para a produção do consenso coletivo. O entendimento de Maquiavel explica o espaço e a importância conferida a “religião” na política brasileira e o aumento, em termos estatísticos, por conta da conscientização das vítimas que a prática é tipificada no Código Penal (Artigo 208 do Código Penal Brasileiro) e dos canais oficiais de denúncia (Disque 100), notadamente a partir de 2018.
Fotos (intolerância religiosa2 + intolerância religiosa5 + intolerância religiosa8 + intolerância religiosa11): Na madrugada do primeiro dia de 2023, o Terreiro Nzo Reino de Nzazi – Casa de Candomblé Axé de Xangô, localizado no bairro Vila Elisa, em Vitória da Conquista, foi invadido, vandalizado e depredado. (Fotos: Gabriela Oliveira).
Está triste realidade está presente em nossa região. 2023 já começou com mais um episódio de intolerância, desrespeito e racismo religioso em Vitória da Conquista. Na madrugada do domingo, 1º de janeiro, a Comunidade Tradicional de Terreiro Nzo Reino de Nzazi, conhecida como Casa de Candomblé Axé de Xangô, localizado no Bairro Vila Elisa, foi alvo de vandalismo e depredação do patrimônio, entre objetos religiosos e a estrutura física do local. O sacerdote que lidera o Terreiro, Pai Lucas de Xangô (Lucas Sousa), declara que havia saído por volta das 21h do dia 31 de dezembro e ao retornar, quase às 02h da manhã do dia 1º de janeiro, deparou-se com a destruição do seu lugar sagrado.
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