Naquele tempo antigo, os mais civilizados utilizavam a latrina para suas necessidades fisiológicas, que consistia na abertura de um buraco na terra, o qual era coberto com tábuas com orifício central, suficiente para a passagem dos dejetos. Geralmente, era construída no fundo do quintal. A latrina, só os donos da casa e pessoas mais íntimas, tinham o privilégio de usá-la. Não havia a modernidade de hoje, com louças sanitárias, azulejos etc. O chuveiro era um balde de latão, do qual se serviam para a higiene corporal. A maioria das pessoas fazia as suas necessidades fisiológicas “atrás da moita” – para alegria dos porcos que ficavam à espera do término do serviço para se refestelarem.
Naquela época, o atraso era incontestável, até por falta de orientação quanto à higiene, privilégio dos europeus que aqui viviam e desfaziam dos nativos pela ignorância desses conceitos. A civilização, entretanto, chegou a nós com a educação e os costumes profiláticos que os tempos modernos exigem. Imagine-se como se comportavam os cidadãos que vivem em locais de escassez de água, um líquido imprescindível para o consumo doméstico e uso na higiene pessoal. A água e a higiene são absolutamente necessárias para se viver com saúde perfeita.
Há uma piada que reflete o drama e a angústia daqueles que dependem da água para a sua utilização no asseio pessoal. As mulheres indagavam aos maridos:
– Vai-me ocupar hoje?
– Por quê? – Inquiria o marido.
– Se não, lavo apenas os pés.
Essa piada explica a falta e a necessidade de se ter água em quantidade suficiente, que atenda aos hábitos e comportamentos humanos da limpeza em geral.
COM RELAÇÃO À HIGIENE RELATO O SEGUINTE EPISÓDIO:
Meu avô paterno, que era conhecido como Zeca Torres, gostava do doce de leite, tipo ambrosia, acrescido de baunilha, especialidade de sua terra Condeúba. Certa feita, notou que o doce que lhe era reservado, estava sendo consumido por outra pessoa. Desconfiava, mas não tinha a certeza de quem o estava subtraindo. Perguntou, então, à sua mulher se tinha dado ou servido o doce a alguém em visita, e, recebeu uma resposta negativa.
Astuciosamente misturou ao doce um produto diarreico (batata de purga) de cor semelhante ao doce e ficou observando para flagrar o ladrão, o que logo se confirmou. O empregado que era o faz-tudo da casa, nesse dia, corria frequentemente para o mato, denunciando, com seu comportamento, o que havia feito. Investigado ardilosamente, por meu avô sobre a sua saúde, respondeu que estava com dor de barriga que o obrigava constantemente a esvaziar-se. Corria para o mato e utilizava-se da Malva para se limpar.
Inquirido, terminou por confessar o delito. Foi, dessa forma, advertido de que cometera um ato de desobediência ao lançar mão do que não lhe fora dado por livre vontade do patrão. Portanto, passava à condição de inconfiável e que, de ora em diante, seria vigiado e, no próximo flagrante, seria mandado embora por não merecer crédito.
O protagonista procurou o mato para satisfazer as suas necessidades, atrás da moita e, se limpar com a Malva. Envergonhado, foi embora sem nenhuma explicação, consideração ou palavra de despedida.
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