Pesquisadores da Bahia anunciaram a descoberta de que o óleo de canela possui substâncias com potenciais atividades analgésicas, sendo uma alternativa viável na substituição a morfina, droga que causa dependência e exige a ingestão de doses cada vez maiores para causar o mesmo efeito analgésico anterior.
A descoberta foi apresentada à comunidade científica internacional num evento no México, onde, de 30 de maio a 3 de junho, ocorreu, na cidade de Mazatlán, o “Movimiento Internacional para el Recreo Científico y Técnico América Latina” cujo tema foi “Donde el Talento y la Creatividad Convergen”.
A equipe de trabalho do professor doutor Saulo Capim, do IF Baianao (Instituto Federal Baiano), Campus de Catu, apresentou o projeto “Utilização do óleo de canela (Cinnamomum zeylanicum) na obtenção de substâncias com potenciais atividades analgésicas”.
Compõe a equipe do professor Saulo estudantes do ensino médio do curso técnico em química e pesquisadores da UFBa (Universidade Federal da Bahia) e da Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz).
O trabalho científico teve iniciou em junho de 2014, quando Saulo iniciou o desafio de realizar a síntese de três substâncias com potenciais atividades analgésicas e anti-inflamatórias, utilizando o óleo da canela como etapa chave.
A pesquisa foi feita através de transformações de grupos funcionais por meio de reações de redução e oxidação, tendo a química orgânica como base e que serão utilizados em processos para inibir a dor e as inflamações no geral.
O óleo de canela tem efeito analgésico similar a da morfina e não apresenta toxicidade nem efeitos colaterais.
“Hoje, [a morfina] é o analgésico mais utilizado em estágios terminais de tratamento da dor contra causadas pelo câncer. O problema é que a morfina é uma droga que atua no sistema nervoso central, ou seja, causa dependência e aí o paciente necessita ingerir doses cada vez maiores para causar o mesmo efeito analgésico anterior”, explica o professor.
“Os estudos demonstram que temos um protótipo a uma droga analgésica com potencial biológico e que, com posteriores estudos em humanos, venha a se tornar um medicamento e que venha a auxiliar a população no tratamento da dor”.
A descoberta também tem efeito positivo porque, segundo o professor Saulo, estudos mundiais mostram que 30% da população sofrem com alguma dor aguda ou crônica.
“Muitos analgésicos que estão no mercado (ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, indometacin, ácido acetil salicílico, conhecidos como anti-inflamatórios não esteroidais), causam úlceras gástricas, como efeitos colaterais”, destaca.
O próximo passo, agora, é entrar com o pedido de invenção junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). O período para emissão de Carta patente no Brasil é em média de cinco a sete anos.
O evento no México foi destinado à promoção da Ciência entre jovens de 115 países, traz a interação entre pesquisadores e a difusão de projetos e conhecimentos.
O grupo brasileiro recebeu premiações de destaque internacional e credenciais para participação no XI Foro Internacional de Ciencia e Ingeniería na cidade de Santiago no Chile, em 2017, e na ESI Mundial 2017, Milset Internacional, na cidade de Fortaleza também ano que vem.
Houve ainda convites para parcerias, criação de grupos de pesquisa e intercâmbio dos estudantes do IF Baiano na Universidade de Cartagena (Colômbia).
“Os pesquisadores não acreditaram que os nossos estudantes estavam desenvolvendo uma pesquisa com este nível de conhecimento, visto que, a maioria dos procedimentos metodológicos do projeto está em nível de mestrado e doutorado”, afirma Saulo Capim.