Os ministros do nosso Supremo são os trabalhadores-modelo de qualquer reforma da Previdência.
Por: Percival Puggina
Os ministros do nosso Supremo são os trabalhadores-modelo de qualquer reforma da Previdência. Podendo aposentar-se antes, só saem do cargo quando, por terem completado 75 anos, a lei os expele para os chinelos e para o aconchego do lar. Nelson Jobim (2005) e Joaquim Barbosa (2014) são as exceções mais recentes que me ocorrem. Jobim saiu para tentar disputar a sucessão presidencial de 2006. Barbosa, pouco adepto da tal colegialidade (nome simpático para o velho e astuto “espírito de corpo”), se retirou aborrecido e alegando problemas de saúde após o julgamento do Mensalão. A saída foi festejada por seus pares.
Misteriosa atração pelo trabalho árduo e pelas tribulações inerentes ao exercício do poder! Dessa prisão dos autos, os titãs da juristocracia invertem a norma e só se libertam, mesmo, em última instância.
No próximo dia 11 de maio, Ricardo Lewandowski soprará um fogaréu de velinhas e deixará o STF. Essas labaredas eu conheço bem porque meu mais recente bolo tinha 78 delas e um vizinho diligente chegou a chamar os bombeiros. A aposentadoria de Lewandowski poderia ser um momento nacional relevante, não houvesse a certeza de que Lula designará ao Senado o seu substituto.
A escolha de ministros do STF e das cortes superiores tem evidenciado ser uma dessas ocasiões em que PT faz o de sempre: pensa em si mesmo. Quer alguém integrado à esquerda-raiz e evidências de fidelidade. Para afastar quaisquer riscos, o partido aprendeu a escolher gente nova, disposta a entregar no mínimo um quarto de século às fainas e vigílias do poder.
A disputa pela cadeira vaga já deve estar em curso nos bastidores jurídicos e judiciais do país.
O novo ministro pode sair da USP, que produz esquerdistas como forno de padaria faz cacetinhos de 50 gramas; pode sair dos sempre agradecidos e festeiros juristas do grupo Prerrogativas (Prerrô para os íntimos); pode sair da turma sempre ouriçada da AJD – Associação Juízes para a Democracia; e, menos provavelmente, pode sair dos tribunais superiores, cujos ocupantes são menos jovens e, com isso, não se enquadram num dos requisitos estratégicos.
Vindo da caneta de onde vem, é inevitável que o futuro ministro seja esquerdista e marxista. Só rogo a Deus que não seja stalinista.