Diversidade, bullying e educação socioemocional são assuntos que devem ser tratados para evitar a exclusão social; Cláudio Falcão, Diretor Executivo do Sistema Anglo e Sistema de Ensino pH, comenta a importância de praticar ações no cotidiano da escola
Por: Bruna Cezario/Mira comunicação
Tão importante quanto garantir que a escola tenha a melhor metodologia de ensino ou infraestrutura é construir um ambiente seguro para que alunas e alunos se sintam confortáveis com suas identidades. Somente por meio de canais de conversas livres e escuta autêntica por parte das instituições de ensino, é que é possível propor momentos nos quais os alunos possam realmente se expressar, independentemente da temática.
Nesse contexto, questões como a diversidade, o bullying e a educação socioemocional não devem ser tabus nas escolas, mas sim trabalhados dentro e fora de sala de aula para garantir que a violência não cresça entre os estudantes. Inclusive, ao se trabalhar a importância de celebrar as diferenças e combater o preconceito, é possível evitar a exclusão social, fator muito prejudicial no desenvolvimento de crianças e jovens.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, mais de 40% dos estudantes afirmam que já sofreram bullying, de provocação e de intimidação. Além disso, o número de adolescentes na faixa etária de 13 a 17 anos que admitem ter sofrido bullying aumentou de 32% para 35,4% entre os anos de 2009 e 2019.
Em outras palavras, os dados alarmantes apresentados no levantamento indicam que as instituições de ensino não estão preparadas para proporcionar um contexto saudável para uma grande parcela de alunos, que acabam se tornando vítimas de violência verbal, física e até mesmo psicológica.
Preparo contra o bullying e a prevenção da violência
A necessidade de iniciativas de combate ao bullying e de prevenção à violência nunca foi tão urgente quanto no período em que vivemos, principalmente no âmbito escolar brasileiro. Resultado dos acontecimentos recentes de ataques em escolas pelo país, a onda de medo e de insegurança deve servir de combustível para que surjam discussões sobre trabalhos preventivos e sobre cuidado com os alunos.
Cláudio Falcão, Diretor Executivo do Sistema Anglo e Sistema de Ensino pH, comenta sobre esse exercício de prevenção da violência. “Nenhuma medida vai ser tão efetiva quanto o combate ao bullying e quanto ao discurso da diversidade, de respeitar a diferença, e o trabalho socioemocional”, afirma.
Além disso, ele entende que é fundamental que as escolas tenham uma equipe com olhar multidisciplinar envolvendo coordenação, orientação acadêmica, profissionais da área da saúde mental preparada para identificar e atuar em situações delicadas. Esse time, por meio de reuniões, conhecendo os alunos, será capaz de identificar angústias coletivas ou individuais dos alunos.
Em suma, Falcão explica que as instituições devem educar e sensibilizar no primeiro momento, porém ser firmes ao intervir em situações do tipo. “Acho que todas as escolas devem ser muito rigorosas nos casos de bullying. A gente educa, mas o processo tem que ser rigoroso ao identificar bullying ao identificar atitudes”, ressalta.
“A escola deve ser muito dura e dar uma resposta muito clara para que as vítimas se sintam seguras, sabendo que se forem vítimas de bullying, elas serão protegidas, acolhidas, e os ofensores têm que saber que serão punidos por isso ao exercer e fazer bullying”, completa o diretor.
Antídoto
Com a missão de celebrar as diferenças, uma solução importante é organizar atividades especiais no decorrer do ano letivo na escola e que envolvam alunos de turmas e faixas etárias diferentes como, por exemplo, rodas de conversas. Em uma roda de socialização, é possível estabelecer discussões éticas sobre várias temáticas com recortes distintos e, após incentivar a participação, criar espaços de debate e desenvolvimento de saberes.
Outro ponto com potencial de gerar desconforto e que vale a pena ser revisto são as regras muito rígidas quanto aos uniformes e outras vestimentas. Muitas vezes, quando não apresentam certa flexibilidade, essas normas podem, consequentemente, oprimir a identidade e negar a expressão de alunos e alunas.
Também é necessário abrir um espaço na instituição de ensino para palestras recorrentes sobre temas inclusivos com a possibilidade de trazer palestrantes com contextos e bagagens diferentes dos que apresentam os estudantes, propondo um momento de contato com visões diferentes.
Incluir pais e responsáveis nessas conversas é um passo igualmente importante, uma vez que os valores e as ações tomadas pela escola precisam estar totalmente alinhados com o que é ensinado para as crianças.