Os karipuna de Rondônia têm população de 62 pessoas
Por: Letycia Bond/Agência Brasil
Após deflagração de operação na Terra Indígena (TI) Karipuna, em Rondônia, resultado de articulação interministerial, os indígenas que vivem no local temem sofrer retaliação por parte dos invasores, tão logo os agentes se retirem do local.
A ação teve início na última quinta-feira (11), e conta com a atuação da Polícia Federal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Adriano Karipuna, um dos líderes que fazem a defesa do território, disse que o que pode garantir sua segurança é a vigilância constante, tanto terrestre como fluvial, e a reativação do posto que a Funai mantinha na TI, que deixou de funcionar em 2017, por reação dos invasores, que o incendiaram. Conforme apurou a Agência Brasil, os karipuna de Rondônia – que não têm relação com os do Amapá – têm, atualmente, uma população de 62 pessoas apenas. O número reduzido evidencia a agressividade que a presença de não indígenas em sua terra, homologada em 1998, representa para os indígenas desta etnia.
Em entrevista, o líder karipuna informou que os intrusos também já destruíram uma ponte que dava acesso ao território indígena, através do distrito de União Bandeirantes, município de Porto Velho. “Por essa razão é que temos receio. Como é que vai ficar depois?”, questionou, com preocupação.
“Não adianta cumprir aquela fase e os karipuna ficarem sozinhos, de novo, como diz o senso comum, apagando fogo. Para continuar a proteção, eles têm que continuar fazendo a fiscalização e vigilância”, acrescentou.
Para Adriano, é igualmente fundamental a convocação de um efetivo que saiba lidar com problemas típicos de fronteira. Isso porque a TI Karipuna fica próxima à divisa do Brasil com a Bolívia.
Outro aspecto abordado pela liderança karipuna é a necessidade de reconstrução de 12 casas de sua única aldeia, a Panorama, que tiveram a estrutura abalada após enchentes, sendo a última delas em março deste ano. Segundo Adriano, com a destruição das casas na primeira enchente, em 2014, muitas famílias deixaram a aldeia e não voltaram.