A manhã desta quinta-feira foi de muito debate sobre a saúde. Em busca de uma solução viável e definitiva para a sucessão de problemas referentes ao funcionamento do Hospital Cristo Redentor, o prefeito Rodrigo Hagge reuniu-se com médicos cirurgiões da Santa Casa e, posteriormente, com os representantes da Fundação José Silveira.
Há mais de 3 anos, a Fundação José Silveira instalou-se em Itapetinga para gerenciar o hospital que encontrava-se com sérios problemas financeiros. Chegando como uma possível resolução para inúmeros quesitos que estavam pendentes na santa casa de misericórdia, a Fundação vem se envolvendo em polêmicas e denúncias, principalmente, referentes a pagamento de pessoal.
Cansados de atrasos salariais, os cirurgiões do Hospital, que paralisaram suas atividades desde dezembro, solicitaram uma reunião com prefeito e secretária de saúde municipal em busca de possíveis resoluções. Cientes de que a prefeitura não é responsável pelos transtornos, os médicos queriam expor a real situação da santa casa, das condições de trabalho e dos sucessivos inadimplementos.
Segundo os cirurgiões, sem material de trabalho, roupas ou lençóis para pacientes, com centro cirúrgico sucateado e sem regulação efetiva de atendimento, os médicos ficam expostos ao julgamento da sociedade que não está devidamente informada sobre as condições de trabalho que lhes são impostas. Os cirurgiões afirmaram que atendem, de forma irregular, pacientes de 14 cidades circunvizinhas, o que prejudica o atendimento à população de Itapetinga. Segundo relatam, de acordo com o atual regime implantado pela Fundação, foi exigido deles um aumento da produtividade, sem que contudo, fosse repassado o valor correspondente aos atendimentos extras.
Na mesa com o prefeito, os médicos relataram que estão sem receber seus honorários desde setembro, o que inviabilizou a continuidade da prestação do serviço, levando à paralização. Como não estão atendendo, eles deixam de receber por não estarem produzindo, sem que seja levado em conta que não estão produzindo porque não recebem.
De forma amigável, deixaram claro que não querem culpabilizar a prefeitura, mas encontrar nela uma parceira para evitar que estes problemas continuem se repetindo. Eles trouxeram a sugestão de refazer um novo contrato que transferira para a prefeitura o controle dos atendimentos eletivos e ambulatoriais. Segundo eles, assim, o governo municipal terá o controle efetivo dos trabalhos realizados para a população e os médicos a confiança de um acordo justo, com valor previamente estabelecido, longe de qualquer tipo de politicagem.
O prefeito Rodrigo Hagge explicou que há um contrato da Fundação José Silveira com a Santa Casa no qual a prefeitura não tem interferência. Por isso, prometeu reavaliar o contrato com a Fundação para viabilizar as reivindicações dos cirurgiões.
Fundação José Silveira
Logo após a reunião com os cirurgiões, o prefeito se reuniu com os representantes da Fundação. Segundo Dr. Reinaldo, coordenador médico da Fundação e provedor da Santa Casa, o hospital é de iniciativa particular e não sobrevive apenas servindo ao SUS. Com a saúde em crise, a situação piorou. Questionado sobre o pagamento de uma tabela que continha serviços não oferecidos pelo hospital, o coordenador afirmou que a prefeitura é uma compradora de serviços de média e alta complexidade, mas que seria preciso, além do pagamento pelo serviço efetivamente prestado, um valor extra para a manutenção da estrutura e possíveis imprevistos. Expôs que a Fundação tem um déficit, para manter o hospital, de cerca de 200 mil reais por mês, embora muitos pensem que há “uma farra de dinheiro”.
Rodrigo Hagge afirmou que buscaria rever o contrato, confrontando as planilhas produzidas pela secretaria de saúde e a elaborada pela Fundação, na tentativa de encontrar, de forma legal – pagar por procedimentos não executados é ilegal – um denominador comum que pudesse contemplar os dois lados.
No final do dia, Secretaria de Saúde e Fundação se reuniram em busca de soluções.