A atenção desempenha um papel fundamental na percepção, memória e raciocínio.
Por Ana Lucia Ferreira|Agência Supera
A atenção por si só é um processo cognitivo que envolve a concentração consciente em um estímulo específico ou em um conjunto de estímulos. É a capacidade de direcionar e manter o foco mental em algo específico, enquanto se exclui ou minimiza outras informações ou estímulos irrelevantes. A atenção desempenha um papel fundamental na percepção, memória e raciocínio.
Todos somos capazes de ignorar distratores e direcionar o foco para onde queremos, mas isso pode não ser tão fácil para todas as pessoas por dois motivos: A atenção sobre influência de fatores internos da pessoa e do ambiente em volta. Interesses pessoais e estado emocional, são os fatores internos que mais contam, e, junto com os estímulos visuais ou auditivos chamativos do ambiente, vão gerar o nível de atenção possível no momento. Imagine que estar preocupado com o trabalho durante o almoço vai influenciar para que sua atenção esteja mais nas mensagens do telefone do que na comida, assim como focar em uma leitura chata na beira da praia não será fácil.
A neurocientista parceria do SUPERA – Ginástica para o cérebro, Livia Ciacci, explica que a atenção plena é uma prática que tem suas raízes na tradição budista, e envolve estar consciente e presente no momento presente, sem julgamentos excessivos.
“Na prática, é direcionar a atenção para o que está fazendo ou acontecendo agora, de forma intencional e manter a concentração ali, incluindo sensações físicas, pensamentos, emoções e o ambiente ao redor, sem outros devaneios que estejam no passado ou no futuro”, detalhou.
Como a atenção plena ajuda o cérebro?
Esse exercício nos ajuda a desenvolver uma maior consciência de nossos padrões de pensamento, emoções e sensações corporais. Isso nos permite estar mais presentes em nossas experiências psicológicas, em vez de ficarmos presos em preocupações passadas ou futuras. Ficar menos preso ao passado ou preocupado com o futuro está diretamente relacionado com desenvolver uma maior clareza mental, reduzir o estresse e promover o bem-estar geral. Inclusive, técnicas de atenção ajudam e muito nas dietas para perda de peso, porque temos a tendência de comer mais que o necessário por não estar prestando atenção.
Por que isso hoje é tão difícil?
A neurocientista parceria do SUPERA – Ginástica para o cérebro explica que o primeiro ponto que não podemos deixar de lado, é que vivemos uma era de constante fluxo de informações. “Tem informações boas e ruins por todos os lados, nas mídias, internet e redes sociais, mas o cérebro humano tem um limite de capacidade para processá-las, e a sobrecarga pode levar à dispersão da atenção e à dificuldade de se concentrar em uma coisa de cada vez”, alertou.
Um estilo de vida com múltiplas tarefas, demandas e responsabilidades pode levar a uma sensação de pressa e falta de tempo, o que dificulta a capacidade de estar presente agora sem a ansiedade pelo futuro.
A falta de prática, somos incentivados constantemente a ter uma atenção “saltitante” e não treinamos a atenção plena que, como tudo no cérebro, precisa ser estimulada!
Quais são os principais distratores e como identificá-los?
Identificar qual distrator é mais difícil de ignorar já é uma prática de atenção plena, porque será necessário observar as reações em cada momento. Se eu tenho dificuldade em terminar um livro porque faço muitas pausas para verificar o celular, o aparelho por perto é um problema! A partir daí, posso ter consciência de que isso acontece e então decidir usar o autocontrole para resistir quando o desejo vier antes de eu ter terminado a página ou o capítulo. É importante treinar o controle da atenção na presença do celular (que é o distrator), para que o cérebro realmente aprenda essa habilidade. Lembre-se que o cérebro só é bom naquilo que ele aprende fazendo!!
Como iniciar um caminho para melhorar a atenção plena?
A melhor estratégia é começar com atividades simples e mais fáceis, e com o hábito passar a incorporar técnicas mais elaboradas. A meditação mindfulness pode ser iniciada dedicando um tempo para sentar-se em silêncio e observar a respiração e as sensações presentes. Pode-se selecionar momentos do dia para trazer a atenção plena nas atividades cotidianas, como comer ou tomar banho; e exercícios de atenção plena como pausas curtas para respirar conscientemente ou verificar periodicamente o estado de nossa atenção.
Confira dicas para ter atenção plena:
· Comece a meditar: Reserve alguns minutos todos os dias para se sentar em silêncio. Concentre-se na sua respiração, nas sensações corporais presentes, observando-as sem julgamento.
· Traga a atenção plena para o que está fazendo: Ao realizar tarefas cotidianas, como tomar banho, comer ou escovar os dentes, pratique a atenção plena. Esteja totalmente presente na experiência, observe as sensações, cheiros, sabores e texturas envolvidas nessas atividades. Evite se perder em pensamentos sobre o passado ou o futuro.
· Faça pausas conscientes: Ao longo do dia, tire algumas pausas curtas para respirar profundamente e observar suas sensações físicas, pensamentos e emoções. Isso permite que você se reconecte com o momento e com seu corpo.
· Limite as telas: Defina o tempo gasto em dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets e computadores. Desconectar-se das distrações tecnológicas ajuda a reduzir a dispersão da atenção e permite que você esteja mais presente, principalmente se estiver interagindo com outras pessoas.
· Use ou ouvidos: Pratique a escuta ativa quando estiver em uma conversa com alguém. Esteja completamente presente, ouça atentamente o que a outra pessoa está dizendo, sem interromper ou antecipar sua resposta. Deixe de lado a necessidade de estar sempre pensando no próximo ponto que deseja falar.
· Cultive a gratidão e a aceitação: Reserve um tempo todos os dias para refletir sobre as coisas pelas quais você é grato. Pode ser algo simples, como apreciar o sol ou desfrutar de uma refeição lentamente. Valorize o momento presente, estamos vivos no agora!