Com produtividade de 40 a 50 sacas por hectare, híbrido de milheto granífero tem um conjunto de características que, além da produtividade, entrega vários benefícios ao produtor
por Jornal do Sudoeste
A safra de milheto granífero está em processo de conclusão no Brasil, com os agricultores colhendo os frutos dessa cultura que teve uma alta demanda devido ao prolongamento da safra de soja. O milheto apresenta um conjunto de características que otimiza os recursos dos produtores, sendo menos exigente em termos de água do que o milho e o sorgo, e produz grãos de alta qualidade e com boa aceitação no mercado.
Nesta safra, o milheto teve um cenário favorável devido ao seu período de plantio, que vai de início de fevereiro até 10 de março. Como a soja teve um ciclo mais longo, os agricultores ficaram receosos em plantar o milho safrinha após o dia 25 de fevereiro. Dienaro Bastos Spanholi, gerente comercial da ATTO Sementes, líder na produção de sementes de milheto no Brasil, explica: “Costumamos dizer que onde o milho é arriscado, o milheto é lucrativo”.
Plantar milho depois de 25 de fevereiro é arriscado devido à redução da quantidade de chuva. Por outro lado, o milheto é uma cultura que apresenta tolerância ao estresse hídrico, o que o torna uma opção viável para os agricultores. A ATTO Sementes oferece os Híbridos de Milheto Graníferos ADRg 9060 e ADRg 9070.
“Além de deixar uma cobertura de solo de qualidade, controlar nematoides e promover a reciclagem de nutrientes, o milheto tem uma excelente produtividade em grãos. Com os manejos corretos, a produtividade tem alcançado entre 40 e 50 sacas por hectare”, enfatiza Spanholi.
Um exemplo do uso do milheto devido ao alongamento da safra de soja é o agricultor Mauro Gomes Filho, de Primavera do Leste (MT), que está plantando milheto pela primeira vez. “Decidimos utilizar o milheto como cobertura do solo para evitar a exposição ao sol e aproveitar seu potencial produtivo. O investimento é menor e não precisamos adubar”, destaca o produtor.
Embora não haja dados oficiais sobre a produção de grãos de milheto no Brasil, a ATTO Sementes afirma ter comercializado cerca de 300 mil hectares somente dos seus híbridos graníferos, que são os únicos no mercado destinados à produção de grãos. Com uma produtividade média de cerca de 2.100 kg/ha, estima-se que a produção de grãos tenha ultrapassado meio milhão de toneladas, representando um aumento de 226% nos últimos 5 anos. “Toda essa produção de grãos tem sido facilmente absorvida pela indústria de rações e granjas. O mercado de grãos de milheto no Brasil já possui uma alta demanda”, complementa Dienaro.
O milheto é o sexto grão mais consumido no mundo e é a base da alimentação humana em países como Índia e África. No Brasil, o mercado de grãos atualmente é voltado para a produção de ração, mas, desde 2021, com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o milheto é classificado como um ingrediente integral para ser utilizado na produção de alimentos, o que pode abrir um grande mercado para a cultura.
O milheto possui 50% mais proteína em comparação com o milho, maior teor de óleo e aminoácidos, e não contém glúten. Ele pode ser utilizado na fabricação de pães, biscoitos, bolos, farinhas, mingaus, cereais integrais, entre outros produtos.
Devido aos benefícios que essa cultura apresenta, a ONU proclamou o “Ano Internacional do Milheto” em 2023. Entre esses benefícios estão o impulso ao desenvolvimento sustentável, a luta contra a fome, a adaptação às mudanças climáticas, a promoção da biodiversidade e a transformação dos sistemas agroalimentares.