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O autista é a “vítima perfeita” para o bullying

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Devido à falta de habilidades sociais, os autistas podem ser alvos fáceis para o bullying, pois muitas vezes não conseguem reconhecer situações de violência simbólica ou não sabem como enfrentá-las

Por Misael Freitas/Comunicação

O bullying é uma prática condenável que ainda persiste em todo o mundo, e infelizmente, os autistas têm sido identificados como “vítimas perfeitas” desse tipo de abuso, revela o advogado Lucelmo Lacerda. O autismo, muitas vezes não sendo uma deficiência visível, especialmente nos níveis mais leves, se manifesta através de nuances que não são facilmente identificáveis, como a dificuldade em interagir socialmente, o que pode levar a interpretações errôneas sobre o comportamento desses indivíduos, os fazendo parecerem soberbos ou arrogantes.

Devido à falta de habilidades sociais, os autistas podem ser alvos fáceis para o bullying, pois muitas vezes não conseguem reconhecer situações de violência simbólica ou não sabem como enfrentá-las. O próprio autor do texto, que é autista, compartilha suas experiências de ter vivido situações terríveis de bullying durante sua infância e adolescência em diferentes escolas. Seu filho, também autista, enfrentou abusos semelhantes de colegas de classe na primeira infância, mas somente depois que suas deficiências se tornaram mais notórias é que passou a ser protegido pela turma. Infelizmente, essa proteção nem sempre é estendida aos casos de autismo leve, onde as dificuldades podem ser menos aparentes.

O bullying não se restringe a meros conflitos entre crianças ou adolescentes, como ressalta o autor, mas sim a ataques coordenados e contínuos, frequentemente realizados em grupo, com o objetivo de humilhar, ofender e magoar a vítima. Aqueles que sofrem o bullying, muitas vezes se encontram sozinhos e impotentes, impossibilitados de revidar na mesma proporção.

Os autistas são especialmente afetados por essa perseguição constante, com dados revelando taxas significativamente maiores de depressão e ansiedade em pessoas com autismo leve em comparação com aquelas de desenvolvimento típico. Além disso, são mais propensos ao suicídio, apresentando até nove vezes mais casos dessa ocorrência.

Para combater o bullying, especialmente direcionado às pessoas com autismo, o caminho sugerido é a conscientização e o treinamento de habilidades sociais para os autistas. A sociedade precisa compreender o que é o autismo e respeitar suas diferenças. Simultaneamente, é essencial capacitar os autistas para que possam reconhecer, enfrentar e denunciar situações de bullying. Essas duas abordagens combinadas têm apresentado os melhores resultados em pesquisas.

É fundamental refletir sobre o impacto devastador do bullying e agir coletivamente para combatê-lo. Somente através da união de esforços e da criação de uma cultura inclusiva e respeitosa, será possível proteger os autistas e garantir que todos possam viver em um ambiente seguro, acolhedor e livre de discriminação. A empatia e a justiça são os pilares que podem transformar a sociedade em um lugar mais amável e justo para todos.

Foto de Capa: Divulgação/FreePik

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