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Plenário da Câmara de Brumado se transforma em ringue após sessão que votou pela unicidade sindical dos servidores municipais

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Cenas típicas de um passado imaginário, imortalizadas em obras de ficção de Holywood e das revistas em quadrinhos que marcaram a juventude da geração dos anos 50 e 60, que tinham como palco cabarés e bares de poeirentas cidadezinhas do Velho Oeste, foram revividas em Brumado na tarde da sexta-feira, 24, após a conclusão da Sessão Extraordinária da Câmara Municipal que aprovou em segunda e última votação o Projeto de Lei que retirou da Aplb/Sindicato [Sindicato dos Trabalhadores em educação do Estado da Bahia] a representatividade dos professores lotados na Secretaria Municipal de Educação.

A Sessão, realizada graças a uma decisão da Desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, cassando os efeitos de liminar concedida pelo juiz da Vara Cível da Comarca de Brumado, Genivaldo Alves Guimarães, que suspendia a votação até julgamento de Ação proposta pelo vereador José Ribeiro Neves, na qual arguiu diversas irregularidades que teriam sido cometidas na tramitação do Projeto, foi tensa e com as galerias lotadas por sindicalistas ligados à Aplb/Sindicato e outras categorias e representantes de movimentos e entidades representativas da sociedade civil, que mesmo já sabendo que o resultado seria desfavorável, pressionou os vereadores do princípio ao fim da reunião.

Nem mesmo a decisão do presidente do Legislativo, vereador Leonardo Quinteiro Vasconcelos (PDT), de antecipar a Sessão e marcar sua realização para o meio da tarde da sexta-feira, dia útil, foi suficiente para desmobilizar os manifestantes e permitir que a matéria fosse votada em um clima de tranquilidade.

O presidente do Legislativo, segundo se apurou, atendendo ao pedido do prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB) fez a convocação para Sessão Extraordinária e estrategicamente escolheu um horário em que se imaginou não atrairia um grande público, por isso mesmo cometeu um grave equivoco ao não solicitar a presença de efetivos da Polícia Militar para garantias da ordem e segurança de todos os atores envolvidos – vereadores, servidores da Casa Legislativa, representantes de veículos de comunicação social, sindicalistas e populares. O resultado, embora não esperado, foi um festival de insanidades que culminou com o Plenário transformado em ringue de luta livre.

A confusão começou com sindicalistas, inconformados com o resultado da votação, invadindo o Plenário e hostilizando os vereadores que votaram favoravelmente à proposta do Governo Municipal. Em meio ás agressões verbais, o secretário municipal de Agricultura, Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Rodrigo Cunha Vasconcelos, que deveria estar dando expediente e cumprindo suas obrigações institucionais na Pasta que preside, segundo testemunhas, teria saído em defesa do irmão, vereador Eduardo Cunha Vasconcelos (PSDB) e no bate boca com uma sindicalista, usado palavras de baixo calão. Ato contínuo, o sindicalista e professor de Educação Física do Colégio Estadual de Brumado, Gilvan Moreira da Silva, em defesa da colega ofendida, retrucou com uma palavra chula e colocou pronto para o confronto. Foi a senha para que o secretário municipal partisse em sua direção e fosse agredido com um soco no rosto. Contido, Rodrigo Cunha Vasconcelos conseguiu desvencilhar-se do servidor da Câmara Municipal que tentava evitar que a briga continuasse e partiu em direção ao sindicalista. Os dois trocaram socos e pontapés no melhor estilo de luta livre eternizada na televisão pelo seriado Os Trapalhões, sendo contidos e separados, embora resistissem, por sindicalistas, professores, servidores da Casa Legislativa e populares.

Como não havia Policiais Militares no recinto para prender os dois “pugilistas”, o desfecho da ópera bufa foi a presença do secretário municipal de Agricultura, Recursos Hídricos e Meio Ambiente Rodrigo Cunha Vasconcelos e do sindicalista e professor Gilvan Moreira da Silva, cercados de advogados e simpatizantes, na sede da Delegacia Territorial de Polícia Civil de Brumado, onde, cada um apresentando uma versão, registraram Boletim de Ocorrência, o que vai exigir que a sobrecarregada Polícia Civil de Brumado seja obrigada a se debruçar em um processo investigatório sobre o destempero emocional e a falta de civilidade de dois cidadãos que ocupam cargos relevantes na estrutura pública, um titular de uma das mais importantes Secretarias Municipais, a de Agricultura, Recursos Hídricos e Meio Ambiente, o outro, educador que tem a responsabilidade de passar para crianças e adolescentes princípios que são essenciais para o convívio social.

As cenas envolvendo os dois agentes públicos envolvidos nas degradantes cenas de pugilato no Plenário da Câmara Municipal foram registrados por sindicalistas, populares e blogueiros e distribuídas nas redes sociais. O secretário municipal e o professor foram submetidos a exame de corpo de delito, mas a reportagem do JS não teve acesso ao teor das declarações que embasaram os Boletins de Ocorrência.

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