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Participação na exposição de Vitória da Conquista agrega valor a cavalos de raça

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Até este domingo, quando a 51ª Exposição Conquista chega ao fim, cerca de 600 cavalos terão passado pelo Parque Teopompo de Almeida. Os animais vêm de várias partes, até de fora do Estado, mas a maior parte é de criadores regionais, especialmente de Vitória da Conquista, dona de um dos planteis mais destacados da Bahia, com ênfase para as raças Mangalarga Marchador, Mangalarga e Quarto de Milha. As duas primeiras participam de julgamentos que escolhem os melhores exemplares. A premiação propicia, além de fama para o animal, melhores oportunidades de negócios para os donos.

A grande maioria, cerca de 90%, dos cavalos trazidos à Exposição Conquista são avaliados pelos juízes especialistas. Alguns chegam à baia valendo uma quantia e depois do julgamento o preço é outro. A depender do título que o animal consegue (reservado campeão ou campeão, da raça ou de marcha, no caso do cavalo Mangalarga Marchador) o seu valor pode aumentar de 30% a 300%, segundos especialistas. A Exposição de Vitória da Conquista é da categoria nacional e é uma das que mais qualificam os animais vencedores do julgamento, daí a grande participação de criadores não só da Bahia, mas também de outras partes do país.

Um dado que ajuda a demonstrar a importância dos julgamentos: os salários dos apresentadores, o profissional que acompanha o cavalo durante o julgamento, marchando ao seu lado, levando-o pela rédea ou montando. Alguns apresentadores que trabalham para criadores de Vitória da Conquista chegam a ganhar entre R$ 5 e 7 mil e a maioria ganha acima da média, considerando os salários pagos para trabalhadores rurais. Este é um só, aliás, que emprega muito. Só as fazendas e haras da raça Mangalarga Marchador empregam mais de 800 mil pessoas em todo o país.

Segundo Jaymilton Gusmão Filho, presidente da Coopmac, os animais que ganham em Vitória da Conquista como campeão ou reservado campeão já ficam habilitados a concorrer no campeonato nacional. Dezenas de cavalos que foram campeões em Conquista acabaram campeões nacionais e se tornam as matrizes e os reprodutores que irão povoar as fazendas para diversas atividades, desde o serviço às cavalgadas. “Ganhar aqui em Conquista é garantia de qualidade do animal, valoriza o que o criador tem. A  criação de cavalos é um negócio que movimenta muito dinheiro. Aqui no parque, hoje, tem animais com valores superiores a R$ 1 milhão”.

Porque um cavalo com título de campeão vale tanto? Porque o dono vende a cobertura, se for uma fêmea vende o embrião. É praticamente uma garantia de bons novos exemplares das raças, os filhos desses animais chamados de top da raça, garanhões e matrizes superiores, campeões em exposições nacionais como a de Vitória da Conquista. Jaymilton, que vem de uma família de criadores e também cria Mangalarga Marchador, explica que atualmente não há grande diferença de qualidade quando se trata de animais superiores, comparando a genética dos animais em Vitória da Conquista e de outros centros criadores.

“Isso já está democratizado. Graças à fecundação in vitro e da inseminação artificial a genética dos animais daqui é muito parecida com a de outros centros. O que vai distinguir no julgamento, por exemplo, é o manejo e o apresentador”, explica o presidente da Coopmac, acrescentando que é possível adquirir o sêmen de qualquer garanhão do Brasil. “E você tem de 12 a 14 horas para inseminar uma égua, então dá tempo de sair de Belo Horizonte ou de São Paulo, por exemplo, e chegar a tempo de ser utilizado”. Essas técnicas mencionadas por Jaymilton permitem que os cavalos criados na região de Conquista despertem o interesse de fazendeiros de todo o país, tornando o negócio da equinocultura um dos mais interessantes na economia local.

O publicitário e criador, presidente do Núcleo do Mangalarga de Conquista, Rafael Ladeia, diz a premiação em Vitória da Conquista agrega muito valor ao cavalo campeão ou reservado campeão. “O cavalo campeão é o animal avaliado pelos juízes especialistas e considerado o melhor naquela categoria. Esse julgamento avaliza a qualidade do cavalo e isso agrega valor – e muito”, diz Ladeia. E ele cita como exemplo o cavalo Havaí JT que é campeão nacional, nascido no Haras NJT, localizado em Itapetinga, e está fazendo “estação de monta” em São Paulo. “Havaí HT saiu daqui assegurado em R$ 600 mil”.

Segundo Rafael Ladeia, um animal da raça Mangalarga, antes de passar por um julgamento em uma exposição como a de Conquista tem um valor 70% a 75% menor do que será valorizado se for campeão. “Cada título que ele vai ganhando vai agregando valor e subindo de preço não apenas o exemplar em si, que muitos nem pensam em vender, mas da cobertura, no caso do macho, ou do embrião/óvulo, no caso da égua. A cobertura de um bom exemplar Mangalarga aqui na região não custa menos de R$ 5 mil”.

Há uma diferença de preço entre as raças Mangalarga e Mangalarga Marchador, mas nenhum é barato. No primeiro caso, depois da Copa de Andamento, que será realizada neste domingo, os vencedores podem ter seu valor estipulado acima de R$ 200 mil. O presidente do núcleo diz que o preço médio dos Mangalarga na Exposição Conquista é de R$ 50 mil. Como passaram pelo parque 60 cavalos Mangalarga e é possível dizer que essa raça totalizou R$ 3 milhões. “É um investimento muito, um comércio muito bom. E está crescendo, inclusive em termos de usuários e criadores. Ninguém fica num negócio desses se não tiver um retorno adequado e isso está acontecendo de forma crescente”, afirma Rafael Ladeia.

Já a estimativa envolvendo o Mangalarga Marchador é mais alta ainda. Os mais de 300 animais expostos valem em torno de R$ 15 milhões. Jaymilton Gusmão ressalta, no entanto, que há muitos bons animais que é possível estabelecer o preço. “Tem muita gente capitalizada aqui que cria bons cavalos e não existe preço para ele vender. Ele tem aquele animal para produzir, para vender cobertura, por exemplo e muitos não querem vender porque os animais passam a ter um valor inestimável, igual a uma obra de arte”.

A presença da raça Campolina ainda é pequena em Conquista, são poucos os criadores, mas o plantel regional vem crescendo e esta é mais uma raça que se destaca na 51ª Exposição. Assim como a Mangalarga e Mangalarga Marchador, a Campolina também passou por julgamentos, que terminaram na noite de sábado, apresentando novos reservados campeões e campeões, que se juntaram aos vários exemplares campeões nacionais que foram trazidos à exposição. O presidente da Associação Baiana de Criadores do Cavalo Campolina, Nilton Oliveira dos Anjos, destacou a importância de participar da exposição conquistense, já que a região ainda não tem muitos usuários dos cavalos da raça.

“A raça Campolina ainda não tem muita expressão aqui na região. Nosso público ainda é pequeno, por isso é muito importante estar aqui, considerando que essa é uma exposição de destaque”, afirmou Nilton dos Anjos, explicando que em termos de negócios, Nilton dos Anjos afirmou que, considerando que ainda não há um público de usuários dos animais da raça, a avaliação é muito boa. “Estamos conquistando aos poucos o público. Estamos satisfeitos. Já realizamos vários negócios e acreditamos que ainda podemos fazer mais, porque os animais estão bem expostos, estamos divulgando e a aceitação foi muito boa”, informou.

Segundo Nilton dos Anjos, a raça Campolina foi representada na 1ª Exposição Conquista por 60 cavalos, a maioria exemplares de nível nacional, incluindo nove campeões nacionais. Segundo o presidente da ABCC, em razão da presença dos campeões nacionais, estimados em mais de R$ 300 mil, a média de preço, estava acima do preço médio de comercialização, que é fica entre R$ 15 e R$ 20 mil. O plantel de Campolina na exposição de Vitória da Conquista, este ano, passava de R$ 3,5 milhões.

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