Medida da Secretaria de Educação do estado gera discussões sobre os impactos da substituição de materiais físicos por digitais nas escolas paulistas
Por Comunicação/ MF Press Global
A recente decisão da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que determinou a adoção de materiais 100% digitais nas redes estaduais de ensino fundamental e médio a partir de 2024, tem suscitado debates sobre os possíveis efeitos dessa mudança no cenário educacional. Segundo a nova política, os anos iniciais (1º ao 5º ano) utilizarão materiais digitais com suporte físico, enquanto do 6º ano ao ensino médio, o material será completamente digital.
O plano de implementação inclui medidas como a instalação de acesso à internet nas escolas, a doação de computadores para estudantes carentes e a aquisição de dispositivos adicionais para as instituições. Entretanto, essa medida está gerando opiniões divergentes entre especialistas da área.
O valor dos materiais físicos na educação
Lucas Briquez, diretor da Teia Multicultural, uma escola voltada para uma educação humanista e inovadora, ressalta a importância dos materiais físicos, principalmente nos anos iniciais do ensino. Ele argumenta que esses materiais contribuem para o desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas dos alunos, destacando que, por exemplo, a coordenação motora fina é beneficiada pelo manuseio de materiais concretos.
Briquez salienta ainda que a absorção de conteúdo em formatos físicos difere da experiência digital, já que o papel oferece estímulos que podem impactar a atenção dos alunos de maneira distinta. Ele enfatiza que o aprendizado é o objetivo central dos materiais físicos e que atividades como a organização manual dos materiais e o cuidado com a escrita também desempenham um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo dos estudantes.
Equilíbrio na transição para o digital
Questionado sobre a viabilidade dos materiais 100% digitais, Briquez adota uma perspectiva equilibrada. Ele enfatiza que toda mudança traz consigo tanto aspectos positivos quanto desafios, e que a equipagem das escolas com tecnologias é um avanço notável para os estudantes que antes não tinham acesso a esses recursos.
Entretanto, o diretor destaca a necessidade de um investimento sólido e a introdução gradual das ferramentas digitais no processo educacional. Ele alerta que a transição brusca para o digital pode transformar as ferramentas tecnológicas em distrações prejudiciais ao aprendizado, e enfatiza que a digitalização não deve ser uma mera troca de formatos, mas sim uma mudança cuidadosamente planejada que priorize o aprimoramento da educação.
A medida da Secretaria de Educação de São Paulo continua a gerar debates e reflexões, à medida que especialistas, educadores e pais avaliam os possíveis impactos dessa transição para o ambiente educacional paulista.