É vital abordar as pessoas com deficiência intelectual e, em particular, como nossa educação lida com essa população no Brasil, lembrando que a civilidade de uma sociedade se reflete em sua atitude para com os mais vulneráveis
Por Ana Paula Gonçalves/ LC agência de Comunicação
A deficiência intelectual, agora chamada Transtorno do Desenvolvimento Intelectual (TDI), afeta cerca de 1% da população, tornando-se, portanto, uma condição amplamente disseminada em todos os estratos sociais. Nas escolas, esse é um cenário em que devemos focar. As causas dessa condição são variadas, englobando fatores genéticos, traumas, influências gestacionais e desnutrição. Seu diagnóstico é clínico, envolvendo a avaliação sistemática de aspectos cognitivos e comportamentais.
Uma criança com TDI frequentemente exibe um Quociente de Inteligência (QI) consideravelmente reduzido, o que afeta suas habilidades adaptativas – aspectos sociais, práticos e conceituais. Isso requer atenção e suporte especiais para o desenvolvimento das habilidades escolares, em um sistema de educação inclusiva que adapte os processos pedagógicos às necessidades individuais. A falta de tal apoio pode resultar em fracasso, pessoal para o indivíduo, mas institucional em termos de responsabilidade, devido a orientações inadequadas ou ausentes.
Esses processos personalizados devem derivar de avaliações pedagógicas minuciosas que considerem tanto as habilidades acadêmicas quanto as pré-acadêmicas, sendo consolidados em um Plano Educacional Individualizado (PEI). Este é um instrumento coletivo, com a colaboração essencial dos professores de Educação Especial e dos professores das turmas onde as crianças estão matriculadas.
Entretanto, para além da existência do PEI (cujo desenvolvimento e obrigatoriedade na Educação Especial devem ser regulados por normas municipais específicas), dois aspectos cruciais devem ser atendidos: a) os métodos de ensino descritos no PEI devem se embasar em evidências científicas, não em modismos pedagógicos ou interesses financeiros; b) estratégias de monitoramento, medição e tomada de decisões, baseadas em dados sobre a implementação desses métodos, pois a falta disso pode transformar qualquer esforço de inclusão em uma mera decoração vazia nas escolas.
Nesta Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, é o momento de conscientização, de desafiar preconceitos e contribuir para um mundo mais inclusivo, onde todos possam viver com dignidade e participar plenamente da sociedade. Agora é a oportunidade de buscar e implementar as melhores soluções nesse sentido.
É hora de celebrar as habilidades e contribuições das pessoas com deficiência, demonstrando como elas podem enriquecer nossa sociedade e desempenhar papéis ativos em várias esferas. Ao reconhecer suas conquistas, estamos construindo um ambiente acolhedor e verdadeiramente inclusivo para todos.