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Programa do governo provoca queda de 8,6% no valor médio de carros usados em julho

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Levantamento de concessionárias revela redução no tíquete médio de vendas, com destaque para automóveis com mais de três anos de uso

Por Ana Borges/ Compliance Comunicação

O impacto do programa governamental voltado à redução de impostos para veículos zero-quilômetro reflete diretamente no mercado de carros usados. Conforme dados de um levantamento abrangendo 2.410 concessionárias, realizada pela MegaDealer, o valor médio das vendas de automóveis usados registrou uma queda de 8,6% em julho, atingindo o patamar mais baixo dos últimos 12 meses, com um tíquete médio de R$ 74.706,00.

A análise detalhada revela que a maior redução de preços ocorreu nos veículos com mais de três anos de uso, constituindo uma resposta direta às medidas governamentais. Além disso, os veículos seminovos apresentaram variações significativas conforme o segmento, com uma desvalorização mais acentuada nos veículos premium e nos sedans médios, ao passo que os compactos hatch tiveram um aumento em sua participação nas vendas.

A pesquisa foi conduzida com base nos dados da Auto Avaliar e do Instituto AAV, e contempla um amplo espectro de 2.410 concessionárias de 21 marcas, distribuídas por todo o território brasileiro. Esse grupo representa aproximadamente 65% do volume total de vendas automotivas no país.

Um dos resultados mais evidentes dessa mudança nos preços médios dos carros usados é o efeito direto na rotatividade dos estoques das revendas. No mês de julho, o giro de estoque atingiu 41 dias, o nível mais baixo registrado nos últimos 12 meses. Isso representa uma melhoria considerável em comparação aos 48 dias de giro observados em junho e aos 50 dias de maio. A comparação com dezembro de 2022, que registrou um giro de estoque de 43 dias, também evidencia a notável agilidade de vendas em julho, mesmo em um período sazonalmente mais lento.

Fábio Braga, Country Manager da MegaDealer, aponta que essa redução nos preços médios está impulsionando uma resposta efetiva do mercado, com as concessionárias implementando ações promocionais para acelerar as vendas e compensar a queda nos valores. Esse aumento no giro dos estoques, consequentemente, preserva a rentabilidade das operações.

Os números também refletem uma reversão interessante. Apesar da diminuição do valor médio dos carros usados, as concessionárias conseguiram aumentar a margem bruta de faturamento, alcançando 11% em julho. Esse é o maior percentual registrado desde março do mesmo ano, superando os 10,6% de junho.

Ao observar os segmentos específicos, o estudo mostra que, em decorrência das medidas de redução de preços e impostos para veículos zero-quilômetro, os veículos do segmento compacto hatch tiveram um crescimento em sua representatividade, passando de 31% em junho para 35% em julho. Por outro lado, os modelos Compact Sedan, SUV, Pickup e Midsize Sedan perderam participação.

Analisando a depreciação por idade dos veículos, o levantamento identificou que os automóveis fabricados entre 2012 e 2015 foram os mais afetados, registrando uma redução de preços de 8,7% em relação a junho. Na sequência, estão os carros produzidos entre 2016 e 2019, com um declínio de 7,5%, e, por fim, os seminovos fabricados entre 2020 e 2022, que tiveram uma desvalorização de 4,7%.

Nos seminovos, a análise apontou que os veículos do segmento premium sofreram uma queda de preços em torno de 5,3%. Já os sedans compactos apresentaram uma desvalorização de 2,7%. Além disso, foram observadas quedas em outros segmentos, como sedans médios (-2%), hatches compactos (-1,4%) e SUVs e picapes (-1,2%). Fábio Braga conclui que, embora a queda nos preços seja generalizada, os segmentos de veículos premium e sedans compactos foram os mais impactados, especialmente após a implementação do programa do governo para redução de impostos e preços de veículos zero-quilômetro.

Foto de Capa: Prostooleh/ FreePik

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