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Em março, 78,1% das famílias declararam possuir dívidas a vencer, aponta CNC

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O endividamento aumentou em março, principalmente entre as famílias de menor renda

Por Nathália Ramos Guimarães

Em março de 2024, 78,1% das famílias declararam possuir dívidas a vencer (incluindo cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa). Esse número representa um aumento em relação a fevereiro (77,9%), porém ainda fica abaixo do registrado em março de 2023 (78,3%). Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A economista da CNC Izis Ferreira aponta que a alta no endividamento pode ser explicada por fatores como a redução da taxa de juros, que melhorou o custo do crédito. “Mais consumidores estão usando crédito para consumir produtos e serviços, principalmente os que dependem de prazo para pagamento e parcelamento”, explica.

A economista destaca que a alta no endividamento foi provocada principalmente entre as famílias de baixa renda (com 0 a 3 salários mínimos), e também a primeira faixa da renda média (entre três e cinco salários). De acordo com a economista, esses são os consumidores que têm apontado uma maior necessidade de crédito.

“A gente ainda vê aumento nas concessões de crédito, pelos dados do Banco Central. Porém, essas concessões vêm desacelerando, muito em razão de um maior conservadorismo das próprias instituições — uma maior cautela das instituições diante de novos empréstimos, em razão da alta da inadimplência que tivemos no ano passado”, pontua.

Além do aumento no endividamento, houve um ligeiro aumento no percentual de pessoas que se autodeclararam como “muito endividadas”, atingindo 16,8%. Esse aumento interrompe uma tendência de queda que vinha ocorrendo nos últimos quatro meses. Por outro lado, também houve um aumento no número de pessoas que afirmaram estar “pouco endividadas” (32,3%) em março.

Aumento da inadimplência

Após cinco meses consecutivos de queda, o percentual de famílias com dívidas em atraso registrou um aumento de 0,5 ponto percentual. Esse aumento na inadimplência também é refletido pelo crescimento de 0,1 percentual de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas

“O primeiro trimestre do ano é mais difícil em termos de gestão financeira familiar, porque a gente tem vencimento que são características desse momento do ano, alguns tributos, despesas maiores com escolas, entre outros. Então esse é o momento em que o consumidor precisa ter um cuidado maior para fazer a gestão do orçamento”, ressalta.

Segundo Jônatas Bueno, educador e consultor financeiro, o primeiro passo para manter o nome limpo é  entender o que é considerado uma dívida. Ele explica que muitas pessoas associam dívidas apenas a pagamentos em atraso. “Mas qualquer compromisso do passado, qualquer parcela, mesmo de compras ordinárias, mas que foram feitas parcelando — isso constitui dívida. Então, mesmo que esteja conseguindo pagar seus compromissos em dia, essa também é uma pessoa endividada”, explica.

O educador financeiro aponta que é necessário encarar o parcelamento de compras do dia a dia como algo desfavorável. Ele ressalta que esses parcelamentos limitam a flexibilidade financeira diante de imprevistos ou situações não previstas. Isso pode levar a pessoa a ter que escolher entre pagar uma conta essencial do dia a dia, como internet ou água, ou quitar uma dívida considerada mais urgente.

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

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