Um estudo do Instituto Trata Brasil mostra que a oferta de um bom serviço valoriza as construções existentes e permite novas construções com maior valorização
Por Lívia Azevedo
O acesso ao saneamento básico não afeta apenas a saúde, o meio ambiente, e a qualidade de vida das pessoas, mas também impacta no trabalho e interfere significativamente na economia. Mas existe uma outra área que também se beneficia com a qualidade do serviço de coleta de esgoto e tratamento de água: o setor imobiliário. De acordo com o Instituto Trata Brasil, a universalização do saneamento poderia resultar em ganhos imobiliários de até R$ 48 bilhões.
O levantamento mostra que a oferta de um bom serviço valoriza as construções existentes e permite novas construções com maior valorização. Além disso, consegue impulsionar a atividade imobiliária nas cidades e contribui para valorizar os ativos e empreendimentos imobiliários.
O advogado especialista em direito ambiental e agronegócio Evandro Grilli explica que o saneamento interfere diretamente em diferentes setores da economia e, consequentemente, da sociedade.
“Quando resolve o problema do saneamento, você valoriza os imóveis e traz para a economia um movimento financeiro muito maior, porque você vai ter mais gente pagando economizando com questões de saúde e podendo investir mais na sua moradia”, aponta. E acrescenta:
“Se a gente tem saneamento em todos os locais da expansão urbana, você já parte do pressuposto que novos empreendimentos imobiliários nessas áreas urbanas já servidas para o saneamento básico, eles são empreendimentos imobiliários mais valorizados e com um preço melhor de mercado”, conclui.
Saneamento x Moradia
Segundo o estudo “Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento Brasileiro 2022“, do Instituto Trata Brasil, as pessoas que alugam imóvel ou que vivem em moradia própria teriam condições de ganhar cerca de R$ 2,4 bilhões por ano no país, com a universalização do saneamento – um total de R$ 48 bilhões entre 2021 e 2040.
Na opinião da bióloga e engenheira civil Mirella Glajchman, os estudos só mostram que o Brasil ainda não encara a questão do saneamento como prioridade. Para ela, o governo não percebe que o saneamento contribui para resultados positivos nos aspectos social, político e econômico.
Mirella lamenta que não são todas as regiões que conseguiriam se beneficiar desse resultado.
“Alguns municípios esbarram na escassez de profissionais especializados, na burocracia processual e nas questões políticas. O próprio relatório do Sistema Nacional de Informações sobre o saneamento aponta um avanço muito pequeno em relação ao índice de atendimento de esgoto sanitário nas macrorregiões Norte, Sudeste e Sul. Já na região nordeste há inclusive uma redução desse índice”.
Ainda de acordo com a especialista, “enquanto alguns municípios evoluem. Por outro lado, o país não está conseguindo ter grandes avanços em muitos outros”.
No Brasil, o valor médio dos aluguéis em residências com saneamento é de R$ 792,13, enquanto nas moradias sem os serviços básicos é de R$ 577,82 – uma diferença de R$ 214,31, conforme dados do IBGE (2022), do Painel Saneamento Brasil.