O Dia da Lingua Portuguesa ocorreu recentemente, junto com o Dia de Portugal. Eu já havia falado, numa crônica anterior, da beleza desta nossa lingua, detentora da palavra saudade, que nenhuma outra consegue traduzir com a toda a exatidão de sentido que ela traduz para nós, que falamos português. Pois eu sei falar quase que só o português. Aprendi um pouco de inglês para me virar por aí, mas tenho dificuldade em ouvir e compreender outrem falando fluentemente. Até tenho algum vocabulário, consigo me expressar, mas ainda estou naquela fase de traduzir o que ouço em inglês. Então fico feliz quando chego num país como a Suíça, por exemplo, onde encontrei, em todos os lugares, gente falando o português: portugueses, brasileiros moçambicanos, caboverdianos, angolanos, etc. E também a Itália, onde fui muito bem tratado, tanto em Veneza, como em Roma, como em Milão. E na Espanha, que o idioma é um pouco parecido com o português. Nós, brasileiros, somos dos poucos países que falam uma só língua. A escola brasileira ensina inglês desde o primeiro grau, mas ninguém sai falando aquela língua da escola regular: para isso é preciso lazer-se um curso específico. Em outros tantos pises por este mundo afora, além da lingua oficial, são ensinados outros idiomas e as pessoas saem da escola – regular, é bom frisar – falando mais duas, três linguas. Numa viagem de Milão até a Suiça – de trem, e que percurso belíssimo aquele com os Alpes ao lado da estrada de ferro, com lagos e pequenas cidades se sucedendo – conhecemos uma moça croata, que saíra de seu país falando quatro linguas, aprendera o italano e estava aprendendo o português, por isso fizera questão de conversar conosco, para praticar. Entao nossa Língua Portuguesa é uma língua sonora, prenhe de significados, melodiosa e cheia de cedência. E seus escritores estão entre os melhores do mundo. Então tenho o privilégio de ler os nossos escritores contemporâneos, brasileiros e portugueses, moçambicanos, caboverdianos. Já li Saramago, Walter Hugo Mãe, Miguel Torga, José Luís Peixoto e outros e agora estou lendo Mia Couto e Agualusa. Grandes escritores, como muitos dos nossos.