No Império o Hino Nacional Brasileiro teve duas letras, em 1831 e 1841, uma atacando os portugueses e a outra enaltecendo dom Pedro II, ambas foram acompanhadas pela mesma melodia que é tocada hoje em dia, porém, as letras foram abandonadas. A primeira letra composta em 1831 foi autoria do poeta e Juiz Ovídio Saraiva de Carvalho em comemoração à abdicação de dom Pedro I em favor do filho de apenas 5 anos. A outra de 1841 foi feita por um autor desconhecido, o compositor manteve o refrão da primeira versão. A letra celebrava a coroação de dom Pedro II ao trono, após uma década de regência.
Versão de 1831:
Os bronzes da tirania/Já no Brasil não rouquejam./Os monstros que o escravizam/Já entre nós não vicejam.//Da Pátria o grito/Eis se desata/Desde o Amazonas/Até ao Prata.// Ingratos à bizarria,/Invejosos do talento./Nossas virtudes, nosso ouro/Foi seu diário alimento.//Da Pátria o grito/Eis se desata/Desde o Amazonas/Até ao Prata.
Versão 1841:
Quando vens, faustoso dia,/Entre nós raiar feliz,/Vemos em Pedro Segundo/A ventura do Brasil.//Da Pátria o grito/Eis se desata/Desde o Amazonas/Até ao Prata.//Negar de Pedro as virtudes,/Seu talento escurecer/É negar como é sublime/Da bela aurora o romper./ Da Pátria o grito/Eis se desata/Desde o Amazonas/Até ao Prata.
Segundo Derly Halfeld Alves, inspirado na nossa Independência, o Hino da Independência do Brasil foi conhecido pelos brasileiros em 1831 com o nome de Hino Sete de Abril, letra de Evaristo da Veiga e Barros com música de D. Pedro I.
Na verdade, a letra do Hino Nacional tal qual conhecemos hoje foi escrita em 1909 pelo poeta Joaquim Osório Duque Estrada. A partir de então, o Senado e a Câmara dos Deputados receberam diversos projetos que buscavam a oficialização, mas por divergência entre os parlamentares, as propostas não vingaram, e só foi oficializado em 6 de setembro de 1922, pelo presidente Epitácio Pessoa. A música foi composta em 1822 de por Francisco Manuel da Silva, para comemorar a Independência do Brasil. Para alguns foi em 1831 na época da abdicação.
Certas palavras são pouco comuns à compreensão de parte da população, vem de um estilo poético do começo do século passado. São versos construídos na ordem invertida, uma linguagem poética mais trabalhada do que a comum.
Com o golpe que derrubou o Império , em 1889, o novo governo se empenhou em eliminar os legados monárquicos e substituí-los por símbolos nacionais republicanos. Com essa finalidade, organizou um concurso público para escolher um novo Hino Nacional. Por influência de militares e jornalistas, o presidente Deodoro da Fonseca decidiu que o velho Hino Nacional seria mantido, mas somente a melodia, sem a letra. Dessa forma o Hino durante três décadas da República foi apenas tocado.
Na República ocorrida em 15 de novembro de 1889, era desejo de alguns republicanos substituir o Hino Nacional por outro, o Governo Provisório do Marechal Deodoro da Fonseca , organizou uma competição com músicos de todo Brasil, para propor um novo Hino Nacional. O Concurso era apenas para a melodia, venceu Leopoldo Miguez. A letra já havia sido criada pelo poeta Medeiros de Albuquerque .
Encerradas as inscrições com o registro de 29 composições, que seria escolhida a vencedora no dia 20 de janeiro de 1890 no Teatro Lírico no Rio de Janeiro. Entretanto, houve resistência quanto à tradição do velho Hino, que os intelectuais adeptos do positivismo, achavam importante se conservar para definir o presente e o futuro, portanto não deveria ser eliminado.
Guanabarino defendeu a manutenção do velho Hino Nacional, pois para ele, sua melodia representava o Brasil, e não dom Pedro II ou o Império. Benjamin Constant, atuou como porta-voz dos positivistas e apresentou a Deodoro os argumentos pela conservação do Hino Nacional. Sem resistência o marechal Deodoro desistiu de trocar a melodia antiga do Hino Nacional, mas continuou sem letra.
O concurso foi mantido, contudo a solução foi transformar a letra de Medeiros e Albuquerque e a melodia vencedora de Leopoldo Miguez, para o Hino da Proclamação da República.
Os Republicanos buscaram eliminar todos os símbolos que lembrasse o regime monárquico. A bandeira foi trocada, escolas e até mesmo navios de guerra da Marinha, a estrada de ferro Dom Pedro II passou a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil.
Na posse do presidente Afonso Pena, o maestro Alberto Nepomuceno, ao ouvir a execução do Hino Nacional pelas diversas bandas militares, cada uma de forma diferente, as variações o incomodaram. Decidiu pesquisar nos arquivos públicos do Rio, em busca da partitura original, composta no Império pelo maestro Francisco Manoel da Silva. Após encontra-la, como diretor do Instituto Nacional de Música, propôs a norma que deveria guiar a execução instrumental. Ele entendeu também que o Hino Nacional deveria ter uma letra, pois desde a Proclamação da República era apenas uma melodia instrumental. Alguns Estados tinham até letras próprias.
Ele convenceu o presidente Afonso Pena a pedir ao Congresso Nacional que elaborasse e aprovasse um projeto de lei abrindo concurso público para escolha dos novos versos, com prêmio de 2 contos de réis para o vencedor. Aos compositores concorrentes foi enviado um modelo para que a letra fosse coerente com melodia. O vencedor foi o poeta Joaquim Osório Duque Estrada, fiel ao modelo métrico elaborado por Nepomuceno e remetido ao Congresso pelo governo.
O poeta Coelho Neto argumentou: “Esse hino tem sido companheiro das nossas glória e vicissitudes e precisa ser cantado por todos os filhos deste grande país. É um hino que canta, mas não fala. É preciso que fale, que saiba traduzir a beleza de nossas mulheres, a pureza do céu, o ruído das nossas cascatas e a impetuosidade do nosso amor”.
O deputado relator do projeto, Germano Hasslocher (RS), rejeitou a emenda, fez severas críticas, e a emenda foi rejeitada. Então, Nepomuceno mandou cópias da letra para escolas e quartéis de todo o país, para que mesmo sem ser oficial, começasse a ser aprendida por todos.
Em 1910, o Deputado Coelho Neto apresentou uma nova emenda, dessa vez determinando que os versos de Duque Estrada fossem os oficiais, uma vez que já vinham sendo cantados Brasil a fora, e que, por isso, o poeta seria recompensado com 5 contos de réis. Houve discussão na Câmara. Os Deputados rejeitaram a oficialização da letra , mas aprovaram o prêmio. Vários projetos passaram pela Câmara e pelo Senado, sempre engavetados. A situação só mudaria em 1922.
O presidente Epitácio Pessoa (1919-1922) tinha urgência, porque ele havia escolhido a festa da Independência para inaugurar o rádio no Brasil e desejava que o Hino Nacional fosse cantado na primeira transmissão, mas não havia tempo suficiente para abrir concurso para essa finalidade. Por isso, a Câmara e o Senado, imediatamente aprovaram a letra de Duque Estrada, mediante o pagamento de 5 contos de réis.
O presidente Sancionou o decreto nº 15671 de 6 de dezembro de 1922, considerando oficial a letra do Hino Nacional Brasileiro escrita por Joaquim Ozorio Duque Estrada, porquanto a música de Francisco Manuel da Silva já tinha sido oficializada anteriormente.
A constituição de 1988, em seu artigo 13, estabelece que, junto com a bandeira, as armas e o selo nacionais, o Hino Nacional Brasileiro é um dos símbolos da República Federativa do Brasil. Por lei, o Hino Nacional Brasileiro deve ser executado nos colégios do país ao menos uma vez por semana.
Os republicanos históricos que lutaram pela extinção da Monarquia, entre outros, estavam: Ruy Barbosa; Quintino Bocaiuva; Silva Jardim, Saldanha Marinho.
O primeiro governo da República ficou assim constituído: Presidente da República, Marechal Deodoro; Ministro do Interior, Aristides Lobo; Ministro da Fazenda, Ruy Barbosa; Ministro da Justiça, Campos Sales; Ministro do Exterior, Quintino Bocaiuva; Ministro da Agricultura Comércio e Obras Pública, Demétrio Ribeiro; Ministro da Marinha, Almirante Wandenkolk e Ministro da Guerra, General Benjamin Constant (todos Maçons).
Fontes:
Arquivo S do Senado Federal, baseado no texto de Ricardo Westin;
Bandeiras Nacional, Históricas e Estadual de Derly Halfeld Alves, Edição do Senado Federal;
Enciclopédia Encarta e Barsa;
Wikipédia enciclopédia livre.
Publicação de Antonio Novais Torres
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