Por Ana Lúcia Caldas – da Rádio Nacional
Milena é universitária e não tem rede social. “Não sinto falta de postar fotos minhas, não sinto falta de ver as postagens dos outros. É um mundo separado da realidade. Sabe, é diferente da vida real, é um mundo de estereótipos e mais do que isso é de muita exposição.
Maria Eduarda também é universitária e escolheu ter rede social.
“Eu tenho o WhatsApp, eu tenho Instagram, eu tenho Tik Tok. Mas eu sou bem criteriosa com os conteúdos que eu assisto”.
Muitos estudos associam a dependência da internet, em alguns casos, a transtornos mentais como depressão e ansiedade.
As redes sociais podem ser prejudiciais dependendo do uso, como alerta a psicóloga Karen Scavacini do Instituto Vita Alere de prevenção ao suicídio.
“Então, elas podem ter o uso tanto que pode ser positivo em alguns lados, como ser mais delicado ou até prejudicial para outras pessoas. É difícil a gente estabelecer o que começa antes, é um uso excessivo da tecnologia que leva a questões de saúde mental ou como influencia as questões de saúde mental, ou as pessoas já estão lidando com questões de saúde mental e acabam fazendo o uso excessivo das redes por conta disso”.
Diversos estudos identificam efeitos positivos na prevenção ao suicídio: fóruns de discussão, tratamentos online e busca de informações na internet. As terapias virtuais também permitem que os pacientes tenham acesso a profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, sem sair de casa. Novas terapias online também têm sido desenvolvidas, como explica Karen Scavacini.
“Hoje tem muitas terapeutas virtuais começando a serem desenvolvidas para alguns tipos de atendimento específicos, como pessoas com transtorno de estresse pós-traumático, o uso de games para ajudar crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Então, a tecnologia é promissora no sentido de oferecer novos tratamentos e formas alternativas ou complementares de tratamento à saúde mental.”
O Vita Alere oferece, na internet, materiais como um baralho para ser usado em sala de aula e cartilhas sobre prevenção ao suicídio. Tudo de graça.
Tem ainda o Mapa da Saúde Mental, mapasaudemental.com.br, que mostra onde a pessoa pode encontrar ajuda perto dela. Dentro dele, o mapa da tecnologia, para quem passou ou está passando por violência online.
Para Irena Duprat, que fez o estudo sobre internet e ideação suicida de universitários, é preciso uma conscientização sobre o uso das redes. Afinal, a tecnologia veio para ficar.
“É inevitável que a internet faz parte da vida de todo mundo. Ela traz benefício, a gente não pode pensar só no lado negativo. Ela é uma das maiores revoluções tecnológicas dos últimos 20 anos, mas como tudo em excesso pode trazer algo prejudicial, ela também pode Então, a gente precisa é trabalhar essa conscientização do uso com moderação. É saber até onde esse uso pode realmente trazer benefícios ou malefícios”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, de 2000 a 2019, o suicídio foi a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo.
E se você está passando por um momento difícil, procure ajude especializada, nos Centros de Atenção Psicossocial e Unidades Básicas de Saúde ou no Centro de Valorização da Vida, o CVV, no 188 ou pela internet.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil