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HISTÓRIAS EXPORTADORAS: hidromel da Amazônia faz sucesso no mercado alemão

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CEO da Hidromel Uruçun da Amazônia já almejava entrar no mercado alemão após participar de qualificação da ApexBrasil, quando recebeu proposta de investidor-anjo da Alemanha

Por Paloma Custódio

Engana-se quem pensa que o hidromel é uma bebida produzida apenas nos países nórdicos. No Brasil, uma empresa de Belém, no Pará, se especializou em produzir a bebida dos vikings a partir do mel das abelhas nativas sem ferrão. A Hidromel Uruçun da Amazônia foi fundada em 2019 pela engenheira de produção Ana Lídia Zoni Ribeiro, que identificou uma oportunidade de negócio por meio da meliponicultura de pequenos produtores paraenses.

Em busca de expandir o mercado, Ana Lídia participou do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o que foi fundamental para a internacionalização da empresa.

A empreendedora explica que a ideia do negócio surgiu quando ela identificou que o mel das abelhas sem ferrão, apesar de ter uma excelente qualidade, possui 40% mais de água e um teor de acidez mais alto que o mel tradicional, o que o descaracteriza no padrão da legislação brasileira. 

“Eu vi os órgãos fomentando, dando capacitação. E no final da colheita, eles colhiam o mel e não tinham para quem vender. Primeiramente pela questão da nossa logística, da nossa localização geográfica. São várias comunidades bem distantes da capital Belém do Pará, onde não tem acesso a telefone, internet, nada. E quando se vendia esse mel, era nas porteiras das propriedades. Então, eu pensei: por que não pegar o produto mel e transformar em hidromel?”

Em 2019, a produção começou com apenas 19 litros de hidromel, quando a empresa pôde analisar o gosto dos clientes pela bebida e fazer as alterações necessárias. “Até 2021, a gente conseguiu chegar na formulação que hoje é entregue ao mercado”, explica Ana Lídia.

Hoje o Hidromel Uruçun da Amazônia pode ser encontrado nos principais pontos turísticos de Belém, além de ter atingido o público A em restaurantes finos, nas delicatessen, empórios e vinícolas. “Então, a gente vê que realmente é um produto premium, é um produto diferenciado. Os apreciadores da alta gastronomia, o pessoal que é acostumado a tomar vinho, apreciadores, eu ganhei o gosto deles e vi que era possível”, conta.

Sintonia com a Alemanha

Quando a empresa se estruturou em 2021, Ana Lídia começou a fazer parcerias, “porque as empresas pequenas não crescem sozinhas”. Uma dessas parcerias foi com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), ao participar do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex).

“A partir de cada aula, cada capacitação, os exercícios, as pesquisas, os estudos, fui vendo que realmente é possível, a exportação não é só para as grandes empresas, hoje a exportação também é para as pequenas empresas, para quem está começando.”

A CEO do Hidromel Uruçun conta que durante as aulas do Peiex chegou à conclusão, juntamente com a equipe da Apex, que a Alemanha seria o mercado alvo das exportações. 

Na mesma época, por coincidência, um turista alemão experimentou o Hidromel Uruçun em um dos pontos de venda em Belém e ficou apaixonado pela bebida.

“No outro dia ele ficou louco atrás de mim, me ligando e nós marcamos uma conversa no consulado da Alemanha, aqui em Belém, com a doutora Patrícia, e lá a gente foi conversando. Então procurei realmente alguém que pudesse nos ajudar, para que a gente tivesse uma conversa de confiança. E foi quando realmente tudo cresceu, porque no meu plano de negócio estruturado pela ApexBrasil, o mercado que eu realmente queria entrar era na Alemanha. Então, foi uma sintonia e uma sinergia muito grande, que no mesmo momento que eu estava me preparando para entrar no mercado da Alemanha, apareceu um investidor-anjo alemão para mim.”

Segundo Ana Lídia, por ter participado do Peiex ela já estava preparada para exportar para a Alemanha. “A gente já tinha preço, já sabia sobre a questão dos pallets, quantidade de garrafas. A gente já sabia também da questão cultural deles. Como eu deveria ir para lá para fazer negócio com as pessoas, porque cada país tem algumas restrições quanto ao comportamento, quanto à roupa, como faz para que tudo isso seja um sucesso. E realmente deu match”.

Da Alemanha, o parceiro exporta o Hidromel Uruçun da Amazônia para toda a Europa. Mas a internacionalização da bebida não parou por aí. Em 2023, a empresa conseguiu conquistar o mercado da África do Sul e, em 2024, fechou contrato com distribuidores do Panamá, Índia e Portugal.

Peiex

O Peiex é um programa de qualificação oferecido pela ApexBrasil para empresas que queiram iniciar o processo de exportação de produtos e serviços de forma segura e planejada. A iniciativa é implementada em todas as regiões do país por meio de parcerias com instituições de ensino, como universidades, parques tecnológicos ou Federações da Indústria. 

Durante a capacitação, os empreendedores contam com a orientação de profissionais especialistas em comércio exterior para tirar dúvidas como: a empresa está pronta para exportar? Qual é a melhor forma de fazer o produto chegar a determinado mercado? Como deve ser a negociação com o comprador internacional? Como definir o preço do produto para outro país? 

Para mais informações sobre o Peiex, clique aqui. Se quiser saber mais sobre outros programas da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, acesse www.apexbrasil.com.br.

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Foto: hidromelurucun.com.br

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