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“Vivências de Alice”: produtora do Sudoeste Baiano abre inscrições para formações em Cinema e Audiovisual

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Voltadas para estudantes e profissionais do interior, atividades marcam o início da produção de “Alice Lembra”, continuação do premiado “Alice dos Anjos”, de Daniel Leite Almeida

Por Afonso Ribas <afonsoribass@gmail.com>

Promover o fazer cinematográfico como um meio de qualificação de vida e emancipação social. Esse é o objetivo das Vivências de Alice, série de formações voltadas para estudantes e profissionais de Cinema e Audiovisual do interior. Realizadas pela Ato3 Produções, produtora independente do Sudoeste da Bahia, as atividades marcam o início da produção de Alice Lembra, continuação do premiado Alice dos Anjos (2021), filme de Daniel Leite Almeida vencedor de seis candangos no 54º Festival de Brasília e finalista do 22º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

Com inscrições abertas até o dia 16 de outubro, as Vivências de Alice surgem como uma extensão natural do processo criativo de Alice Lembra. O projeto se inspira na experiência iniciada com o primeiro filme a fazer parte do que será uma trilogia escrita por Daniel. Em Alice dos Anjos, profissionais experientes atuaram como verdadeiros mentores de novos talentos durante o desenvolvimento da produção, no município de Vitória da Conquista (BA).

Impacto social e inclusão

Desta vez, esse processo formativo se amplia para alcançar não só quem está envolvido na realização do novo filme, mas também pessoas de todo o interior da Bahia e do país que querem expandir seus conhecimentos com especialistas em temas como direção, produção executiva, pesquisa, comunicação e marketing. Além de qualificá-las tecnicamente, permitindo que ocupem espaços de protagonismo no audiovisual, as Vivências de Alice buscam aprofundar o olhar horizontalizado e coletivo já presente no cinema de interior e no DNA da Ato3.

O projeto tem direção de formação de Daniel Leite Almeida e Claudia Gonçalves e coordenação de Fran Cardoso. As formações abertas ao público acontecerão entre os dias 21 e 25 de outubro, de forma totalmente on-line. A seleção dos participantes levará em conta a ordem de inscrição, além de critérios interseccionais. Assim, candidaturas de mulheres, pessoas negras, indígenas e LGBT’s serão priorizadas, fortalecendo a diversidade étnica, social e regional como uma das premissas fundamentais da produtora e de todo o universo de Alice dos Anjos em si. Inscreva-se neste link.

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Foto: Acervo Ato3 Produções

A formação como eixo central do fazer cinematográfico

O cronograma de formações vinculadas a Alice Lembra terá continuidade com capacitações exclusivas para profissionais atuantes no longa-metragem. Elas irão ocorrer em paralelo ao período de produção e pré-produção, de modo a oferecer a todos a oportunidade de aprendizado e prática no próprio ambiente de realização do filme. “A gente transforma o set em uma grande escola formativa de cinema”, diz o diretor Daniel Leite Almeida, que é cofundador e diretor executivo da Ato3, além de escritor, roteirista e produtor executivo.

“Em Alice dos Anjos, de alguma forma, a gente começou a fazer esse exercício, oferecendo momentos de aprendizado durante o processo de produção e trazendo profissionais experientes para formar a equipe local. E aí essa equipe local formada passa a ter condições de trabalhar, de se profissionalizar e de viver de cinema dentro de sua localidade. Nestes próximos filmes, a gente quer radicalizar ainda mais esse lugar de cinema formativo ou cinema-formação, de um set escola”, acrescenta o cineasta formado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

O planejamento e construção das formações foi precedido pela escuta ativa de realizadores audiovisuais que participaram da produção de Alice dos Anjos. Além de compartilharem experiências vivenciadas no primeiro filme da trilogia, eles contaram suas expectativas para as novas atividades que serão oferecidas com as Vivências de Alice. “Desde o primeiro diálogo que o diretor Daniel Leite Almeida e eu tivemos, ainda em 2022, ele já me trazia a motivação que tinha em expandir a experiência vivida no Alice dos Anjos relacionada a esse processo”, conta a diretora de formação Claudia Gonçalves, que desde 2015 trabalha nas áreas de cultura e entretenimento como produtora executiva e consultora.

“Para nós é fundamental que haja uma troca entre os profissionais mais experientes e quem ainda está dando os primeiros passos na profissão, e que isso seja feito de forma coletiva e com o olhar para o afeto. Nosso intuito é que esse processo seja algo contínuo desde a preparação até a pós-produção, passando pela comunicação e distribuição. E por ser um espaço realmente de troca, acreditamos que o nome da formação, Vivências de Alice, representa bem o que a gente gostaria de levar para dentro e fora das telas”, afirma Gonçalves.

Daniel complementa que toda a essência do projeto está nessa base de formação, que irá profissionalizar um grupo diverso de artistas e agentes culturais talentosos do interior. “Muitas pessoas que estão nesse processo formativo sonham em fazer cinema, sonham em alcançar novas realidades, ter novas oportunidades. Então, espero que os filmes consigam ser um combustível para a realização de sonhos”, finaliza. 

Uma dessas pessoas é a coordenadora de formação e produtora executiva de Alice Lembra, Fran Cardoso. Ao tempo em que atua numa função de liderança no filme, ela também vivencia e já aplica na prática os aprendizados obtidos durante a execução do projeto. “Estar em Alice Lembra atesta de fato que a realização de um filme precisa e deve ser coletiva, pensando as diferenças, as especificidades e as dificuldades para que seja um trabalho em que os aprendizados extrapolem a realização da obra. E é por isso que a formação é o que inicia a produção do longa. Ela vai aproximar e sensibilizar a equipe para que se possa ter uma realização técnica, profissional, prazerosa, acolhedora, humana e inesquecível”, relata.

Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.

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