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No mês de conscientização contra o câncer cervical, tabela do SUS ainda é impasse, diz Sociedade Brasileira de Patologia

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O primeiro mês do calendário alerta para o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres, o do colo de útero (ou câncer cervical). Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa era de que em 2017 mais de 16 mil novos casos da neoplasia fossem descobertos. O rastreio dessa neoplasia é feito por meio da citologia cérvico-vaginal, popularmente conhecido como exame de Papanicolaou, realizado em mulheres a partir do momento em que se iniciam as práticas sexuais.
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Assim como outros tipos de câncer, a descoberta precoce do tumor resulta em maiores chances de cura. Apesar disso o procedimento de rastreio permanece subvalorizado. Os laboratórios de anatomia-patológica, sejam próprios ou conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), são os responsáveis pela análise de amostras coletadas e pela emissão do diagnóstico citológico que serve como base para a definição dos próximos passos na luta contra o câncer no sistema público.

Esses exames são pagos pelo sistema público aos laboratórios com base na tabela do SUS, que com valores defasados permite ao Estado pagar um preço abaixo da despesa total do procedimento. “O valor pago pelo SUS para o exame Papanicolaou é de apenas R$6,97. É dessa soma que deve sair o custo dos materiais de análise, de higiene, que isoladamente custam cerca de R$14, e ainda há a taxa de serviço do especialista. É por razões como essa que a Tabela do SUS precisa ser encarada como um dos principais obstáculos da saúde no Brasil”, alerta o Dr. Clóvis Klock, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia.

Enquanto os reajustes que deveriam ser anuais não saem do papel, o exame de Papanicolaou teve, em sua última alteração em 2014, um aumento abaixo da inflação da época. Para o presidente da SBP, a remuneração inadequada resulta na diminuição de qualidade de vida das pacientes e chances de cura.

“A defasagem da tabela do SUS indica uma cadeia de procedimentos, instituições e profissionais que, ao serem remunerados inadequadamente, sentem o prejuízo e deixam de servir ao sistema público, o que não é diferente com os médicos patologistas”, finaliza o Dr. Klock.

Além de apontar a existência do câncer, os médicos patologistas são capazes de enxergar todas as informações sobre uma paciente em um exame, abrindo caminho para que o clínico ou cirurgião defina o tratamento. “A precarização dos processos diagnósticos privam o acesso à medicina de precisão, pois com o avanço da tecnologia, que permite aos especialistas enxergarem cada vez mais detalhes da doença, é possível determinar os tipos de tratamento caso a caso, considerando cada fator”, aponta Dr. Clóvis Klock.

O que a subvalorização representa em números?

No efeito dominó criado pela desatualização da tabela do SUS, ao não especificar como cada paciente deve ser tratada, são oferecidos menos tratamentos, contribuindo para que pacientes se amontoem em filas por procedimentos cirúrgicos.

Em dezembro de 2017, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou um estudo realizado em 16 estados do país, apontando que há pelo menos 904 mil nomes na fila de espera por cirurgias eletivas. Mais de 130 mil desses pacientes – homens e mulheres – aguardam até 10 anos por cirurgias no aparelho geniturinário.

Sobre a SBP
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos médicos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação desses profissionais.

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