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IGREJA BATISTA

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HISTÓRIA

Por Antônio Novais Torres

Jesus que veio da Galileia, para ser  batizado  no  Rio Jordão, por um pregador itinerante chamado   João Batista,  precursor de Cristo. Para realizar os batizados dos seus seguidores, os  mergulhavam na água como símbolo de conversão. Nessa época Jesus contava com 30 anos de idade e após o batismo iniciou o seu ministério público.

No século 16, em meio à chamada Reforma Protestante, efetuada pelo monge alemão Martinho Lutero,  durante a qual surgiram  questionamentos quanto ao monopólio da fé que a Igreja Católica representava para o Ocidente e uma certa abertura às diversidades de pensamentos, floresceu uma denominação religiosa que, ao contrário da grande maioria, não tinha um poder central.

A  Igreja Batista  tem essa  denominação graças a João Batista, que batizou Jesus Cristo.  Remonta ao século 17,  fundada em Londres, Reino Unido, por Thomas Relwys, protestante e divergente da Igreja Católica. Reconheciam as Sagradas Escrituras como livros inspirados por Deus e obedecia ao modelo cristão  registrado nos evangelhos do Novo Testamento.

A Primeira Igreja Batista em solo americano foi fundada pelo pastor Roger Williams (1603-1683), em 1638, na colônia que ele fundou com o nome de Rhode Island, hoje um dos estados americanos.

Os batistas creem que toda pessoa deve reconciliar-se com Deus mediante o arrependimento de seus pecados e a fé pessoal no Senhor Jesus Cristo.  Creem que o batismo segue a profissão de fé em Cristo, e introduz o crente na igreja.  Os homens são dotados de liberdade e não  predestinados.

Os fiéis batistas  foram severamente perseguidos durante o reinado dos Stuarts [Dinastia de origem escocesa que governou a Inglaterra por 101 anos,  até 1603], e também por  católicos e protestantes.

“Acontece que muitos desses religiosos acabaram sendo perseguidos no ambiente inglês, […] o que fez com que muita gente fosse pra os Estados Unidos, no caso as 13 colônias britânicas na América”.

A Igreja Batista é  uma das mais difundidas  e principais Igrejas protestantes, está disseminada em vários países. As Igrejas locais são autônomas, mas podem unir-se em congregações. Os fieis gozam de liberdade de consciência, sem nenhuma imposição doutrinal.

 O culto é centrado na exposição da Escrituras Sagradas, através do sermão do pastor,   cujas palavras desempenham   um papel fundamental  desenvolvendo  intensa atividade  no seu ministério. Seus ensinamentos religiosos são baseados pela  apresentação da experiência e do saber que detêm. Frequentam seminários,   debates, e reunião com  os seus superiores.

Como outros  grupos protestantes, os batistas acreditam que somente os fiéis  adultos devem ser batizados por imersão. Recusa batizar crianças. Para os batistas, só pode receber o batismo aquele que já tem a consciência formada. A imagem de adultos sendo batizados não soa estranha ao brasileiro contemporâneo — o chamado credobatismo é prática na maioria das igrejas neopentecostais em um país cujo avanço dos evangélicos é constante.

A sua expansão internacional foi a partir do século 19. A Aliança Mundial Batista (BWA) coordena as igrejas afiliadas, promove congressos e mantém um secretariado em Washington nos Estados Unidos e desenvolveram uma grande obra missionária.

 Missionários batistas começaram a ser enviados para outras partes do mundo a partir do século 18, principalmente após o fim da Guerra de Secessão, em 1865.

Muitos atribuem a fundação da Igreja Batista aos ingleses John Smyth (1570-1612) e Thomas Helwys (1550-1616), duas figuras ilustres da história.

“Na Igreja Batista, os filhos dos crentes são apresentados quando vão à igreja pela primeira vez, mas só se tornam membros da igreja no dia em que passam pelas águas. Isso é um traço típico”.  Esse é um ponto muito comum nas igrejas evangélicas brasileiras de hoje.

 A Igreja Batista, ou uma dissidência dela, está por trás do pontapé inicial para esse crescimento pentecostal no Brasil, a partir dos anos 1960.

“Hoje, o movimento batista é muito fragmentado no Brasil, com diversas denominações”. “Mas talvez a mais significativa seja uma cisão ocorrida em 1964, influenciada pelas questões carismáticas.”

 Há  uma história ocorrida em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ali já existia, desde 1957, uma igreja batista chamada Lagoinha, no bairro homônimo, que havia sido fundada por um pastor chamado José Rego Nascimento.

A igreja era membro da chamada Convenção Batista Brasileira. Mas o pastor decidiu fazer  uma  “renovação espiritual” da mesma, incorporando elementos fundamentalistas  que acabaria conhecido como pentecostalismo ou neopentecostalíssimo.

Era uma tendência cristã que já fazia muito sucesso em outros países, como nos Estados Unidos. A adesão ao modelo, contudo, acarretou divergências com a Convenção Batista que terminaria expulsando a Lagoinha do grupo. Esse  movimento foi  influenciado por questões carismáticas.

Para resolver o imbróglio, Nascimento resolveu criar uma nova denominação. Assim nasceu a Igreja Batista da Lagoinha, ou simplesmente IBL.  De certa forma, a onda pentecostal contemporânea que se espalhou pelo Brasil nasceu ali, em Lagoinha.

Esse processo do batismo dos adultos  foi facilitado por uma característica histórica dos batistas — que também seria incorporado por boa parte das igrejas pentecostais da atualidade.

“Os batistas são congregacionais, o que significa que cada Igreja Batista é uma congregação própria, com vida própria”.

“Seus membros elegem seu pastor e eles não estão vinculados a um sistema episcopal, comandado por um bispo, como nas igrejas Católica ou Anglicana, ou conciliar, em que igrejas locais são ligadas a um presbitério, a uma determinada região, como a Presbiteriana.”

Os dois ingleses:

Para entender a raiz de todas essas ideias é preciso voltar aos dois ingleses que nasceram no século 16, o Smyth e o Helwys.

O primeiro [Smyth]  era sacerdote da Igreja Anglicana. O segundo, [Helwys]  advogado, foi quem o defendeu quando ele acabou rompendo com o anglicanismo, em 1606.

No ano seguinte ao desligamento da Igreja Anglicana, os dois amigos acabaram se mudando para Amsterdã. Ali estabeleceram um pequeno grupo de crentes dedicados a estudar a Bíblia.

“Smyth estava em um momento de discórdia de alguns pontos da Igreja Anglicana e teria se aproximado dos menonitas [Anabatistas que significa rebatizados] um movimento evangélico que já defendia o credobatismo” e discordava em  numerosos pontos.

” Examinando  a Bíblia ele acaba chegando à  conclusão, de que as pessoas que deveriam fazer parte da igreja seriam aquelas que tomassem a decisão de se batizar com consciência.”

“Assim, batizar crianças seria um erro. A pessoa deveria se batizar quando ela tivesse consciência do ato,  e isso seria o sinal de entrada na igreja”.

Essa ideia é fundamentada, do ponto de vista dos textos sagrados. Porque etimologicamente, a palavra batismo tem origem grega e significa “imergir”, “banhar”, “lavar” — e também “purificar”.

Em 1609, Smyth batizou todos do grupo em Amsterdã, incluindo Helwys e si próprio. Por conta disso, ele passou a ser conhecido como “o auto Batista”.

Para a maior parte dos historiadores da religião, este episódio é considerado a fundação da primeira Igreja Batista, de forma organizada.

Logo depois, contudo, Smyth manifestaria o desejo de se tornar um menonita e acabaria excomungado da igreja que havia criado. O bastão seguiu com Helwys, que em 1611 escreveu “Uma Declaração de Fé do Povo Inglês remanescente em Amsterdã na Holanda”, cujos 27 artigos são considerados a primeira confissão batista de fé. “É uma espécie de documento basilar da igreja”.

Thomas Helwys  retornou à Inglaterra em 1611 e, no ano seguinte, fundou nos arredores de Londres a primeira Igreja Batista do país. Apesar da Igreja batista adotar  algumas crenças religiosas dos anabatistas, nunca houve uma conexão entre esses grupos.

No ano seguinte publicou um folheto criticando a monarquia inglesa, o papa e os puritanos. Por conta disso, foi levado para a prisão, onde morreria em 1616.

O desenvolvimento da nova denominação religiosa foi paulatino e gradual.

“Houve uma construção histórica. A adoção do batismo por imersão, por exemplo, hoje é uma marca de muitas igrejas no Brasil, acabou ocorrendo apenas em 1642”.

“É a prática de se levar a pessoa para o batismo em piscina ou água corrente. Nas igrejas calvinistas e na católica, por exemplo, o que se faz é o batismo por aspersão, ou seja, goteja-se um pouco de água na cabeça da pessoa”.

O importante para os batistas,  é que os batizados sejam conscientes porque a lógica dessa igreja é que ela “é formada por membros que são regenerados”.

Com o batismo a pessoa renasce para Cristo,  é a sua confirmação de aceitar Jesus como o seu Salvador.

Os  batistas têm a  ideia de que a Bíblia é a regra de fé e de prática — fundamento comum a outros protestantes — e a defesa da liberdade de consciência.

“Para um batista, não se deve coagir a consciência das pessoas obrigando ninguém a acreditar no que se acha que é o certo”.

Outra peculiaridade está na eucaristia, ou seja, na maneira como se celebra a ceia cristã. Para os católicos, ali ocorre a transubstanciação, ou seja, o sacramento ensina que o pão e o vinho se transformam em corpo e o sangue de Cristo.

Para os luteranos, a consubstanciação — o corpo e o sangue de Cristo se juntam aos elementos da eucaristia.

“Os batistas vêm com a ideia memorialística, [fazendo da eucaristia] um memorial para lembrar do que Cristo fez. Não é um sacramento”.

A forma de organização também é diferente da maioria das outras igrejas. Cada unidade é   independente. “Eles têm apenas dois cargos: o pastor e o diácono”.

 Assim como as outras igrejas de base protestante, os batistas também defendem a salvação pela graça mediante a fé, e não por obras. “E o sacerdócio universal de todos os crentes, ou seja, de que não há a necessidade de um mediador para ter acesso a Deus”.

Expansão e chegada ao Brasil

“Com o fim da guerra civil, muitos sulistas americanos, que perderam o conflito, os confederados, acabaram fugindo. Um grupo estabeleceu uma colônia no interior de São Paulo, onde hoje são Americana e Santa Bárbara do Oeste”.

Ali foi fundada a primeira Igreja Batista do Brasil, em 10 de setembro de 1871, com cerca de 30 membros. Mas ainda era  uma igreja em que os membros  eram todos americanos. Com autorização do imperador do Brasil à época, Dom Pedro II, a igreja edificou o primeiro templo protestante no País, que servia aos batistas, aos presbiterianos e aos metodistas.

Paralelamente a isso,  passaram a chegar ao país diversos missionários geralmente batistas ou metodistas vindo dos Estados Unidos.

“Eles vinham como vendedores de Bíblia, mas acabavam aproveitando para evangelizar também. Acabaram sendo chamados de protestantes de missão”.

Em 1878, os batistas ganharam um integrante local: o padre Antônio Teixeira de Albuquerque (1840-1887) rompeu com a Igreja Católica e se tornou não só o primeiro batista brasileiro como também o primeiro pastor batista brasileiro. Foi batizado e ordenado na Igreja em Santa Bárbara.

A Igreja Batista no Brasil tem ainda duas Juntas Missionárias, que enviam missionários para várias nações. Conta também com instituições sociais que atuam em todo o território nacional e no mundo. Os batistas ainda possuem instituições de ensino que levam educação de qualidade a várias partes do mundo.

Fontes:

https://www.bbc.com.br; (português)

Enciclopédia Microsoft Encarta;]

Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações Ltda.;

Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos de Antonio Carlos do Amaral Azevedo;

Significados.cpm.br/igreja-batista;

Homenagem da ALMG pelo aniversário dos 150 anos de Evangelização da Igreja Batista no Brasil,  conforme solicitação do Deputado João Leite,  membro da Igreja Batista em Belo Horizonte.

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