Por Antônio Novais Torres
Brumado, antigo Bom Jesus dos Meiras, é protagonista de inúmeras manifestações populares: chulas, danças e ternos de Reis etc. Muitas dessas manifestações como Dança da Preá (Cristalândia, fazenda Piticó), Dança do Facão (Vila Presidente Vargas), Dança do Pilão (Fazenda Jacaré), Ternos de Reis, com premiação dos vencedores pela Secretaria de Educação, programa instituído pela professora Filomena Azevedo (Mena). Infelizmente, por falta de apoio ou de interesse não prosperou.
Oflávio Silveira Torres (Flavinho) foi grande incentivador do carnaval. Em 1950 improvisou um carro alegórico com uma prancha imitando um navio, com as moças vestidas de marinheiros, dançando e cantando as marchas antigas, em especial a “Se a canoa não virar” e o “Vapor de Cachoeira”. O desfile iniciava na sorveteria Iris, na estação ferroviária e finalizando na Exupério Canguçu. Promovia concurso de fantasias, com distribuição de prêmios.
Comemorava-se o São João, Caruru de Cosme e Damião, Carnaval, festas religiosas, essas atrações são relevantes e importantes para a história e memoria cultural de Brumado, portanto, devem ser preservados, pelo seu valor e memória do povo brumadense , que possui artistas de grande talento e criatividade nas diversas artes.
Em tempos idos, comemorava-se com a Marinete (jardineira), ônibus antigo, em sociedade, por iniciativa do padre José Dias e do Sr. Armindo Azevedo. Desfilava nas ruas da cidade, animada pelos músicos – José de Ana Maria e Otacílio Rocha. Os foliões pulavam atrás da Jardineira, dançavam e cantava as modinhas da época. Fazia o percurso da atual Praça Armindo Azevedo até a Rua da Gameleira, era uma espécie de Carnaval improvisado que deu origem em Brumado a festa carnavalesca de maior repercussão do sertão baiano.
Seu Agnelo dos Santos Azevedo construiu o primeiro Clube Social de Brumado no ano de 1951 que funcionou até 1970, era um clube destinado à classe média e média alta. Os operários fundaram o clube União Recreativa de Brumado, fundada em 08 de dezembro de 1954, com a denominação “União Operária Brumadense”. Em 13 de maio de 1972 foi fundado o CSB – Clube Social Recreativo de Brumado (Clube atual).
Blocos carnavalescos: Em 1978 surge o bloco “Germes da Era”, nas cores vermelho e branco, capitaneado por Genival Matos. Em 1979 em concurso de blocos no Clube Social de Brumado, sagra-se campeão, concorrendo com o “Geração 80” e “Nem é Mé”.
A partir de 1980 o Carnaval é uma realidade nas ruas da cidade e à meia-noite os foliões se dirigiam para o Clube Social. Nesse mesmo ano as mulheres resolveram desafiar os preconceitos da época e entram na folia do bloco “Geração 80” e foram taxadas de “galinhas,” pela participação, não se incomodando com os insultos. Em seguida o “Geração 80” transforma-se em o “Poleirão”.
Em 1980, houve competição entre os blocos, e construíram os primeiros “Trios” equipados com baterias, animados com batucadas e cavaquinhos. Em 1981 o desfile dos blocos circulavam na praça Armindo Azevedo e ruas da cidade. O carnaval de Brumado tornou-se reconhecido, como a melhor atração para foliões locais e pessoas de cidades vizinhas e de outros estados, que vinham se esbaldarem na festa momesca. Tornou-se pela tranquilidade da não violência, o melhor carnaval do interior baiano. Em 1989 a festa é animada pelos trios elétricos modernos e mais bem equipados, trazidos de outras cidades.
Na década de 90 o bloco “Poleirão” encerra suas atividades e surge outros como o “Galera 20”, “Explosão”, “Tô Legal”, “Gata Preta”. A banda Lira Ceciliana, fundada em 1961, desfilava tocando as marchinhas da época. Músicos que participavam da LIRA: Ioiô, Asclepiades, Vá, Antoniel, Cochila, Tibúrcio, Lucilio, João Coelho e Zé Lobo.
Os músicos da Lira Ceciliana, também animavam , as noites do Cabaré do Arlindão, onde as pessoas simples e a elite se misturavam sem qualquer preconceito, para usufruírem das danças e curtir o momento. A banda de Ioiô se chamava Grupo Satélite e Grupo Delta. O sindicato dos Mineradores organizou o SINDSHOW, com animação da Banda “Nova Era”.
De Livramento do Brumado, hoje Livramento de Nossa
Senhora, veio Zé Primo, trazendo um órgão elétrico e monta “Os Zorbas”, que foi sucedida pelo “Super Som100”, depois criou a banda “Nova Geração”, o “ZP5”, a “Banda Brisa” até o seu falecimento. Amigo do maestro Lindemberg Cardoso, que esteve aqui com o seu Jazz, para tocar no Carnaval do clube social, sendo presidente da época o senhor Agnelo Santos Azevedo. Ficaram hospedados na pensão de Dona Maria Lisboa. Contaram com o apoio de Zé Primo.
Houve muita frequência e animação de todas as classes sociais, nos chamados “Bregas”, as casas de tolerância, localizadas na Rua da Gameleira e no São Félix, com músicas ao vivo. O músico Chiquinho Gavião, comandava a boate “Anjo Azul, e também atuava no circuito da Boate BBR. Há de se mencionar a boate de Badú, localizada no bairro da Cavalhada, também o festeiro Manuel Bambrão do DERBA.
Na década de 1979 relembremos os barzinhos: Bar Casarão de Ana Revenster e Tonton, Bar e restaurante Casa Branca, e outros. Em 1980 Arlindo Polvinthai, músico instrumentista, e cantor de excelente qualidade, estreou em carreira solo, no mundo musical de Brumado.
Entre outros artistas da música, cantores e compositores de Brumado, citemos Dinho Athaide, Kell Souza, Luciano Pau Ferro, Wilsinho, Joílson, Mazinho, Peninha, Merona, Noério, Silvia Melo, Paula Mello, Carcará, China, Zelino, José Antonio, Nel, Cido do teclado, Jorginho e seus tecados, Ricardo Silésio, Thiago Vandré, Nilzete Dias, Franklin Dias e outros.
Em 1982 a Banda “Os Magnatas” se encarregou de animar o trio “Maguari”. A oposição formou o trio “Aguenta Coração” para rivalizar. O nome “Maguari” foi apelidado pela oposição ao PSD, alegando que o trio parecia com a embalagem do sorvete Maguary Kibom.
Em meados de 1980 Clóvis Coqueiro e Zé Dorote animaram muitas festas, comícios, e se apresentavam nos bares com seu cavaquinho elétrico. Nesse ano surgiu a “Banda Virus”, organizada por Gilson Luz. Em 1990 o surgiu o “Grupo Escala”, “Lamba Samba”, “Discípulos de Edie”, “Urubules” e depois a abanda “Mais Macho Que Mulher.
Em 1996 foi fundado o “Bloco Explosão”. Em 1997 o “Tô Legal”. Em 2002 surge o bloco “Bandeira Branca”, caracterizava-o o resgate das antigas marchinhas cantada pelos foliões que conquistou a população.
Infelizmente tudo é passado.
MONUMENTOS HISTÓRICOS DE BRUMADO E REDFERÊNCIAS DO IPAC/BA.
Matriz de Bom Jesus dos Meiras – em 1815 Antonio Pinheiro Pinto, contribuiu para a construção da Capela do Bom Jesus com pregos, ripas, serviços de escravo e do carpina conhecido como Vitório.
Em 1871 o vigário geral de Caetité, Pe. José Gonçalves Fraga, assina o termo de abertura e encerramento dos primeiros livros de batismo e casamento da Freguesia de Bom Jesus dos Meiras. Em 13 de fevereiro de 1878 foi autorizado a transformação da capela em Igreja Matriz de Brumado. Porém Diocese de Caetité declara a fundação da Igreja Senhor Bom Jesus em 1861 no Campo seco, atual Brumado. A Matriz Bom Jesus dos Meiras, situa-se na Pça da Bandeira, hoje Pça. Francisco de Souza Meira. No final de 1950 recebeu rebaixamento no nível da praça e ganhou uma escadaria de acesso.
Em 1927 o então município de Bom Jesus dos Meiras, representado pelo intendente , Tenente Coronel Amâncio da Silva Leite, doa o prédio, havido por compra do Major Augusto de Castro Meira, à Repartição Geral dos Telégrafos, representada pelo Eng. Durval da Silva Tinoco, através escritura registrada no livro 3-C, sob o nº. 2116 em 16/11. Para funcionar como sede dos correios e telégrafos o imóvel sofreu algumas alterações. A antiga sede dos Correios localizava-se na Rua Dr. Mario Meira, 51 e em 1964 foi construída a nova sede dos correios e telegrafas, ao lado da anterior, onde funciona atualmente.
O Casarão da Rua Exupério Canguçu, conhecido como “Sobradão”, situa-se na esquina da Rua Exupério Pinheiro Canguçu e Ernesto Carneiro, hoje abriga o museu Ápio Cardoso, imóvel pertencente a Nilton Cardoso. Segundo a tradição, Exupério Pinheiro Canguçu, proprietário do solar do Brejo, teria construído esse sobrado para sua estadia de fins de semana em Brumado.
No sec. XX, o sobrado já pertencia ao Dr. Mário Meira e sua primeira mulher, Ester Gondim Meira. Em 1942, Mário Meira, então viúvo e único proprietário do imóvel, vende em 15/5, uma parte a Abias dos Santos Azevedo.
Em 1955 segundo a escritura registrada no livro 3-B, sob o nº. 1181, fls. 07, Mário Meira e sua segunda mulher, Iônia de Azevedo , vendem a parte restante do sobrado a Abias dos Santos Azevedo, passando a ser o único proprietário do imóvel, com informações de Ítala Azevedo e Rosilda Rosa Silva.
1978 morre Abias dos Santos Azevedo, e seus bens foram inventariado.
A Casa da antiga Fazenda Bom Jesus, situa-se no bairro dos prazeres, 640, ocupa uma grande gleba de terra e engloba um conjunto de depósitos e escritórios da Exportadora Algodoeira Ltda., cujo acesso é feito pela rua Exupério Canguçu
Em 1951, nessa época, sendo proprietárias do imóvel , Genésia da Silveira Leite e suas filhas Edelvira da Silveira Leite, Celina da Silveira Leite e Isidora Ramos Leite, venderam a propriedade à Exportadora Algodoeira Limitada, segundo escritura transcrita sob o nº. 626 fls. 163 do livro 3-A do Registro de Imóveis da Comarca de Brumado.
Em 1957 , segundo escritura , transcrita sob o nº. 34 fls. 51 a 53, desse ano, Fidelcino Pereira Santos, compra as partes de seus sócios da Exportadora Algodoeira Ltda., Daldemar Peixoto, Aldemir Peixoto, e Pedro Francisco de Moraes (Escritura públicas em poder de Edmundo Pereira Santos).
Em 1958 falece, no Rio de Janeiro, ao operar de sintomas na garganta, Feliciano Pereira Santos, deixando a firma de exportação para a viúva Belanisa Santos Pereira e filhos, atuais proprietários dos bens da Exportadora Algodoeira Limitada.
Casa da fazenda pau de colher, distrito de Cristalândia: Em 1945, com a morte do Senhor Deolino de Carvalho, a propriedade passa para a viúva, Ana Rizério de Carvalho. Em 1960, segundo escritura pública, desse ano, e registrada no livro 3-C, sob o nº.2249 fls. 35, Cartório do Registro de Imóveis e Hipotecas de Brumado, Ana Rizério de Carvalho, vende o imóvel a Libânio da Silva Milhazes. (informações de Emília Santos, Itaquaraí/Brumado).
Casarão da Praça Juracy Magalhaes em Itaquaraí. Uma residência de relevante interesse arquitetônico, com loja e sobreloja anexas. Composição: depósito, sanitário, cozinha, varanda, quarto, farmácia e sala.
Fontes:
IPAC/BA
Informações de dona Célia Teles, de Maria José (ZEZÉ) e Gildásia Silva (Viúva de Chiquinho Gavião).
Pesquisas diversas na web.