A defesa dos recursos hídricos vai além de apenas garantir o abastecimento dos reservatórios de água das grandes cidades. A água é um recurso natural essencial e valioso para a vida humana. É indispensável para a manutenção dos ecossistemas e para a vida do planeta.
Por isso, adotar e fazer valer medidas responsáveis para o uso da água e de proteção aos mananciais é uma obrigação vital das nações, estados, municípios, populações do campo e das cidades, ou seja, de todos. Essa é a opinião do especialista em Hidrossedimentologia da Universidade de Brasília, Henrique Leite Chaves “O manejo dos recursos hídricos no Brasil, a despeito da nossa legislação hídrica ser bastante avançada, ainda merece muita atenção de todos, dos gestores e da população em geral”, lembra.
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A partir desta semana, o país terá a oportunidade de conhecer ideias e de debater ações que possam ser aplicadas para proteger os recursos hídricos. Isso porque ocorre em Brasília o oitavo Fórum Mundial da Água, que pela primeira vez será realizado em um país do hemisfério sul.
A preocupação do especialista tem sentido. Afinal, a água potável não é um recurso natural infinito e as possíveis consequências do manejo inadequado podem ser sentidas de forma geral, em toda população. “Por que não adianta, apenas, governos ou setores técnicos estarem buscando avançar com essa agenda, mas toda a sociedade deve estar participando também porque ela, em última análise, é que pode sofrer as consequências de uma má gestão da água”, alerta.
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Até o dia 23 de março, o Fórum Mundial da Água terá a participação de especialistas, gestores e organizações, envolvidos com a defesa e o uso responsável da água. Eles vão analisar os avanços registrados em todo planeta e propor iniciativas que possam se transformar em políticas de Estado na gestão dos recursos hídricos.
De acordo com números do governo federal, mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água potável e menos de 45% do esgoto é tratado no país. O Plano Nacional de Saneamento Básico prevê que universalização do esgoto e da água no Brasil seja atingida em 2033.
Para alcançar este objetivo, o governo terá de investir mais de 300 bilhões de reais no tratamento de esgoto e na distribuição de água potável.
Henrique Leite Chaves lembra que o investimento em saneamento básico representa economia na saúde em proporção de um para quatro, ou seja: a cada real investido em saneamento, o governo economiza quatro em saúde. “É necessário que esse investimento se faça. Por que, de outra maneira, nossos rios continuarão a ser degradados pelo esgoto não tratado”, salienta o especialista.
Setor produtivo
A preservação dos recursos hídricos é fundamental também para a fomentação da economia. A água é recurso indispensável para a produção industrial, para a agricultura e pecuária, por exemplo. O especialista em Hidrossedimentologia da UNB Henrique Leite Chaves, ressalta que o país precisa investir mais dinheiro nas boas ações de gestão dos recursos hídricos para reverter o cenário de desperdício de água. “A questão de gestão de recursos hídricos é indispensável para o crescimento do Brasil, inclusive para a solução de uma série de problemas que nós vivemos, por exemplo: a desigualdade social e do baixo crescimento econômico”.
Um levantamento feito pelo IBGE revela números positivos na relação uso de água e faturamento na economia. De acordo com o indicador de eficiência hídrica do instituto, a cada mil litros de água usados, os setores econômicos faturaram quase 170 reais.
A agricultura e a pecuária são os setores que mais consomem água no Brasil, cerca de 24 bilhões de metros cúbicos por ano, segundo dados do IBGE. Em compensação, o setor agropecuário produziu para a economia cerca de 546, 3 bilhões de reais no passado. Essa é a maior receita do setor nos últimos 27 anos. Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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