A partir deste mês, cerca de 13 mil medicamentos passam a custar mais caro para o consumidor. O governo federal autorizou um reajuste de até 2,84%. De acordo com a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão integrado por diversos ministérios, o aumento será aplicado em três níveis diferentes.
No primeiro grupo estão agrupados os medicamentos que possuem maior concorrência entre si – como o Losec, indicado para gastrite, por exemplo. Esses poderão ser reajustados pelo percentual máximo.
A segunda categoria, que engloba os antibióticos e anticoncepcionais, entre outros tipos de medicamentos, têm o reajuste limitado a um teto de 2,47%. O terceiro grupo, que reúne os remédios mais caros, como os destinados ao tratamento do câncer de próstata, podem subir no máximo 2,09%. Para aplicar esses acréscimos, as companhias farmacêuticas precisam enviar ao governo dados das vendas referentes ao segundo semestre de 2017, além de informar o percentual que pretendem usar.
Repercussões
Marcos Alberto Marchiori, proprietário da Farmácia Bandeirantes, no Cambuí, que atua no segmento há 65 anos, afirmou que o consumidor deve começar a sentir a diferença nos preços dentro de 15 dias – tempo médio que os fornecedores levam para fixarem os novos valores de venda.
“Farmácia não é como posto de gasolina, onde o aumento é definido a noite e no dia seguinte as pessoas já sofrem o impacto”, brincou. O empresário afirmou que os clientes das grandes redes serão os primeiros a perceber a diferença nos preços por causa da estrutura dessas empresas, que agilizam esse processo.
Para ele, o teto de 2,84% é aceitável, até porque é menor do que o que foi aplicado em anos anteriores. Em 2016, por exemplo, a CMED permitiu um percentual máximo de 12,5%. Marchiori afirmou que a preocupação do setor é sempre pensar em primeiro lugar na população, mas que, do ponto de vista do empresário, os reajustes são necessários para garantir uma margem de lucro satisfatória.
“O mercado não está fácil, porque está estagnado. A reação que chegou para outros setores ainda não foi sentida pelo nosso segmento”.
Morador da região do Ouro Verde, Wagner Ribeiro de Jesus, um operador de máquinas de 41 anos, não aceitou a explicação nem as justificativas de Marchiori. Para ele, qualquer aumento no preço dos remédios é um absurdo.
Indignado, ele lembra que os salários sobem pouquíssimo – quando sobem – e não é possível acompanhar os valores dos remédios. “A saúde já é precária no Brasil. Na rede pública, os remédios sempre estão em falta. Pelo menos onde eu moro é assim, o pessoal só fala que vai melhorar, mas a gente não vê melhora nenhuma”, afirmou.