O aumento da Selic, promovido pelo Copom na última quarta-feira (29), impacta a Indústria; um dos segmentos mais contribui para PIB do Estado
Por FIEB
A alta da Selic para 13,25% ao ano, anunciada na quarta-feira (29) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), impacta todos os segmentos da economia brasileira, mas principalmente a construção civil e os de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos. Sem falar que, essa quarta alta seguida da taxa básica de juros abala ainda mais o consumidor, que terá que adiar planos que vão desde a casa própria até a aquisição de um ar-condicionado.
A Federação das Indústrias da Bahia (FIEB), que representa um dos segmentos que mais contribuem para o Produto Interno Bruto (PIB) do estado, vê a decisão do Copom como “um aperto monetário excessivo, que dificulta a recuperação econômica e impõe desafios adicionais ao setor produtivo, além de desestimular investimentos, reduzir a competitividade da indústria e ainda impacta negativamente a geração de emprego e renda”.
A análise de Alexandre Landim, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA) —setor que historicamente tem grande participação na geração de emprego do estado— também é negativa. “Essa taxa de juros não é boa para ninguém (…) Toda vez que a taxa de juros aumenta, a gente promove uma trava para a atividade econômica”, começa Landim.
“Temos uma capacidade de compra limitada no nosso país. Para pegar um financiamento de R$ 200 mil a uma taxa de juros de 12%, a parcela fica em torno de R$ 2.500 ao mês e, para isso, é necessária uma renda de R$ 8 mil líquido/ mensal. Apenas cinco milhões de brasileiros têm condição de pegar um financiamento com essa taxa. Se a taxa cair dois pontos, a gente aumenta esse percentual da população para 50% e, se reduzir para 7%, a gente dobra o tamanho do mercado”, exemplifica o presidente do Sinduscon.
Carlos Antônio Borges Cohim Silva, empresário e integrante do Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar (Sindtratar) da Bahia, acredita que a alta de juros pode ter vários impactos no setor “porque tende a desacelerar a demanda e pode levar a uma reavaliação de investimentos”. Entretanto, ele também cita que isso pode incentivar a busca por impulsionar o mercado para tecnologias que oferecem melhores economias de energia e mobilizar as empresas para manter um preço mais competitivo.
Entre os aspectos negativos, Cohim pontua o alto valor do financiamento para o consumidor; a possibilidade de aumentar o custo dos insumos e componentes utilizados na fabricação e montagem de sistemas e equipamentos de refrigeração e ar-condicionado, o que consequentemente seria repassado ao consumidor; além do adiamento ou cancelamento de investimentos em expansão e modernização de infraestruturas, devido ao aumento dos custos de capital, afetando assim a inovação e a eficiência operacional.
Foto: Arquivo/ Sistema FIEB