Dica de leitura
Por Janary Damacena/ Agência Voz
Durante uma caminhada a esmo por entre ruas da cidade de São Petersburgo, um rapaz sonhador reflete sobre sua solidão enquanto admira a paisagem local. Seus pensamentos o levam a perder a hora e, já durante à noite e longe de casa, ele se depara com uma cena que o comove: uma jovem chora tristemente. Após rápidas ocorrências, os dois acabam por se conhecer e trocar histórias de infortúnios. Assim começa a história de Noites Brancas, a primeira novela escrita pelo russo Fiódor Dostoiévski, e publicada em 1847.
É importante destacar que o cenário da história, a capital do Império Russo no século 19, não figura à toa durante as descrições de sua arquitetura e a vida da população por ali. Também não é por acaso o título se chamar “Noites Brancas”, pois nessa região há um fenômeno natural conhecido por esse nome, acontecendo por quatro dias no verão quando a noite não escurece. E é justamente durante essas noites que se desenrola toda a bela narrativa deste livro, bem puxada para o romantismo – um estilo que foge um pouco do que fez de Dostoiévski mundialmente famoso.
Por caminhadas em meio aos prédios de São Petersburgo ou sentados em bancos de praça da cidade, vamos acompanhando os dois jovens revelando sobre si mesmos um pouco mais a cada um desses dias de claridade noturna. À medida em que a melancolia de cada personagem parece se esvair, fica a reflexão para as nossas próprias atitudes frente aos sentimentos. Uma obra pequena, com cerca de cem páginas de uma história ricamente detalhada por um gênio da literatura russa e que certamente vale o tempo de leitura.
Foto: Freepik
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