Com o tempo, você descobre que a beleza está em toda parte.
Lá longe, existem sim belezas mil.
Aliás, o mundo inteiro está aí, cheio de lugares extraordinários, completamente encantadores, lindos!
Mas, por mais incrível que possa parecer, é possível sim achar o belo bem perto da gente.
Lugares pelos quais passamos todos os dias e já se tornaram tão comuns que fomos perdendo, aos poucos, a capacidade de nos admirar com a beleza que neles há.
Já reparou como isso acontece?
Quando você se mudou para essa cidade, onde hoje mora, achava tudo encantador.
Cada esquina uma surpresa, cada monumento, cada beleza natural, um verdadeiro espetáculo.
Mas depois, com o tempo…
Tudo foi perdendo a graça…
Não!
Não foi isso, criatura!
O que aconteceu, na verdade, foi que aquilo que era admirável tornou-se comum com o seu ir e vir.
Você se acostumou tanto que, agora, não se admira mais.
Na verdade, até estranha quando vê alguém parado, admirando, tirando foto.
A graça, para você, já não existe.
Estou falando de lugares.
E as pessoas?
A gente se acostuma com elas também.
E que triste é se acostumar com as pessoas.
Essa semana, um amigo querido segurou nos braços sua filhinha pela primeira vez.
Ainda no hospital, lá do outro lado do mundo, onde mora, nos telefonou e contou, completamente encantado, como são lindos os dedinhos de sua pequenininha.
Que ela nasceu com as unhas grandes, lindas.
Ele está absurdamente encantando, admirado com a filhinha e cada detalhe do seu frágil corpinho, cada movimento desse serzinho que acaba de nascer.
Admirar as pessoas, encantar-se com elas, talvez seja a maior e melhor de todas as proezas que realizamos ao longo da vida.
“Mas Ela não faz nada mais que me encante.”
No começo, serzinho de luz, você se encantava até com o jeito que ela coçava a cabeça.
Quando tudo era novidade, até as “unhas grandes” eram lindas.
O problema não é Ela que mudou o jeito de se comportar, o problema é você que mudou o jeito de olhar.
Lembre as coisas que você admirava na cidade nova?
Continuam as mesmas, no mesmo lugar, da mesma cor e posição.
Você, que se encantou com “aquele” ângulo, acostumou-se com ele e nunca tentou olhar por uma nova perspectiva.
Simplesmente, parou de procurar com o que se encantar e parou de olhar.
Com as coisas da cidade, você não devia, mas até pode fazer isso.
Agora, com as pessoas…
Com as pessoas não, anjinho.
Aquela por quem um dia você se encantou continua sendo a mesma pessoa.
Seus olhinhos que se acostumaram com isso ou aquilo.
Então olhe hoje de cima para baixo, de trás para frente e procure novas nuances, novas perspectivas de encantamento.
Pois encantar-se faz bem.
Sempre!
Vivi Antunes é ajuntadora de letrinhas e assim o faz às segunda, quartas e sextas no www.viviantunes.com.br